Alerta vermelho: gigantes do Bitcoin podem enfrentar uma crise histórica

Ele perdeu US$ 700 milhões em Bitcoin — e agora alerta: ‘o mercado cripto está errando feio’
  • Tesourarias de Bitcoin enfrentam pressão intensa com volatilidade crescente.
  • Dívida cara e diluição colocam MSTR em situação delicada.
  • Empresas dependem de forte alta do BTC para sobreviver.

As empresas que mantêm grandes quantidades de Bitcoin em tesouraria atravessam um período difícil em 2025, marcado por forte volatilidade e desafios financeiros crescentes. A MSTR (Melbourne Strategic Trust) e diversas companhias que seguem modelos semelhantes enfrentam pressão intensa, pois o comportamento irregular do BTC deixou os retornos do ano praticamente estáveis ou até levemente negativos.

Esse cenário desfavorável derrubou as ações da MSTR em mais de 60% desde o pico anual, enquanto empresas que captaram recursos por meio de PIPEs também viram seus papéis retornarem para níveis próximos aos de emissão.

A Strategy, antiga MicroStrategy e ainda a maior detentora corporativa de Bitcoin do mundo, sofre os impactos de forma ainda mais evidente. A companhia acumula hoje 671.268 BTC, avaliados em mais de US$ 60 bilhões, o que representa 3,19% de toda a oferta disponível.

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A empresa, comandada por Michael Saylor, usa o Bitcoin como ativo central de suas reservas desde 2020, ampliando posições mesmo em momentos de queda. No entanto, a forte queda das ações expõe fragilidades no modelo de alavancagem que sustenta essa estratégia.

Nas últimas semanas, a Strategy reforçou sua estrutura financeira com a criação de uma grande reserva em dólares, separada da reserva em Bitcoin. Essa iniciativa, financiada por novas emissões de ações, cobre dividendos, juros e necessidades de caixa.

A reserva já supera US$ 2,19 bilhões, um valor suficiente para manter os pagamentos das ações preferenciais por mais de três anos. A medida demonstra a tentativa da empresa de proteger seu caixa em um ambiente adverso, mas também revela preocupação com a estabilidade do modelo.

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Tesouraria de Bitcoin

O desempenho das ações mostra o tamanho do problema. O papel caiu de US$ 457 para cerca de US$ 160, permanecendo abaixo da média de longo prazo e indicando perda de confiança do mercado. A oscilação do Bitcoin ao longo do ano intensificou esse movimento. O BTC atingiu US$ 126.199 em outubro, mas depois caiu abaixo de níveis essenciais, reduzindo o impacto positivo das reservas da Strategy. Como a empresa opera com dívida conversível e ações preferenciais, sua exposição alavancada amplia cada movimento negativo.

Além disso, os custos de financiamento ficaram mais altos. Novas emissões de dívida e preferenciais exigem juros muito maiores que os acordos antigos, pressionando o caixa. Ao mesmo tempo, a emissão contínua de ações provoca diluição e reduz o valor relativo de cada participação, um problema que se torna mais grave quando o Bitcoin perde força.

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Outro risco considerado urgente envolve uma possível exclusão de índices como os da MSCI. Caso a Strategy seja retirada, fundos passivos seriam obrigados a vender ações, criando saídas bilionárias e ampliando a pressão sobre o preço. Esse cenário atrai atenção especial porque já existe debate técnico sobre reclassificar empresas cujo balanço é dominado por Bitcoin como veículos de investimento.

O prêmio de NAV reforça o pessimismo. Hoje, a Strategy opera com desconto de 18%, o que indica que o mercado não quer pagar por sua exposição alavancada ao Bitcoin. Em ciclos positivos, esse prêmio chegava a dobrar o valor de suas reservas, alimentando captação barata. Agora, o mercado sinaliza desconfiança e maior aversão ao risco.

Quedas prejudicam as empresas

Outras empresas que seguiram modelo semelhante também enfrentam dificuldades. Mineradoras como Marathon Digital e empresas como Metaplanet acumulam quedas entre 50% e 80% desde as máximas. Segundo análise da CryptoQuant, muitas companhias financiadas por PIPEs viram seus preços convergirem rapidamente para o valor de emissão, destacando a deterioração do sentimento do mercado.

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O relatório aponta ainda que a Strategy mudou de postura. Embora continue comprometida com o Bitcoin no longo prazo, a empresa adota agora uma abordagem mais defensiva. O modelo deixa de tratar a reserva de BTC como intocável e passa a considerar hedge, liquidez e eventuais vendas táticas. Essa virada coincide com a maior queda do Bitcoin no ano e com indicadores on-chain que já apontam um mercado de baixa consolidado.

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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