- Emissão pós-halving é de apenas 450 BTC por dia, criando um teto natural de venda.
- Mineradores detêm cerca de 50 mil BTC em tesouraria, segundo a Glassnode.
- Mesmo em estresse severo, vendas estimadas ficam entre 500 e 650 BTC/dia.
O Bitcoin negocia abaixo de US$ 90 mil, nível próximo ao custo médio total de produção dos mineradores.
Apesar disso, o risco de uma “espiral da morte” enfrenta limites claros impostos pela matemática do setor.
Custos de mineração e o real significado do AISC
O custo total de sustentação, conhecido como AISC, vai além da eletricidade. Ele inclui manutenção, atualização de máquinas, contratos de energia e despesas financeiras.
Além disso, a dificuldade de mineração ajusta a rentabilidade. Quando o hashrate cai, a dificuldade tende a aliviar, compensando parte da pressão. Por isso, um preço abaixo do AISC médio não significa colapso imediato. Significa apenas desconforto operacional para parte da rede.
Segundo a Glassnode, os mineradores mantêm cerca de 50.000 BTC em caixa, um volume relevante, porém finito.
“O AISC é um alvo móvel, não um número fixo”, destacou a Glassnode em relatório recente sobre mineração de Bitcoin.
Quanto os mineradores realmente conseguem vender
Após o halving, a emissão diária é de 450 BTC, ou 13.500 BTC por mês. Esse é o limite máximo de venda sem tocar estoques.
Em cenários de estresse moderado, muitos mineradores vendem apenas parte da produção. Além disso, recorrem a desligamento de máquinas menos eficientes ou renegociação de contratos.
Em um cenário severo, com venda total da emissão e uso de tesouraria, a pressão diária estimada varia entre 500 e 650 BTC. Mesmo assim, o número segue abaixo do impacto diário de grandes fluxos de ETFs. Um único dia de saída de US$ 100 milhões equivale a mais de 1.100 BTC a US$ 90 mil.
Portanto, o mercado já absorve volumes superiores com frequência.
Impactos para o preço e para o mercado
A forma de execução importa tanto quanto o volume. Parte relevante das vendas ocorre via OTC, contratos futuros ou hedge estruturado.
Isso reduz impacto direto no livro de ordens. Além disso, muitos mineradores diversificaram receitas com data centers e IA, suavizando períodos ruins risco aumenta apenas quando dívidas, garantias ou vencimentos forçam liquidez imediata. Nesse ponto, a venda deixa de ser opcional.
Ainda assim, o mito de pressão infinita não se sustenta. A emissão é limitada. A tesouraria também.
Limites reais da pressão dos mineradores
A narrativa de que mineradores podem “afundar” o Bitcoin ignora limites operacionais claros. A matemática impõe um teto à pressão vendedora.
Mesmo em cenários adversos, o impacto tende a ser gradual. O mercado reage mais ao ritmo e à liquidez do que ao rótulo do vendedor.
