EUA de olho em Bitcoin ‘sujo’: governo pode lucrar bilhões com criptos de origem duvidosa

EUA de olho em Bitcoin ‘sujo’: governo pode lucrar bilhões com criptos de origem duvidosa
  • Chainalysis aponta US$ 75 bi em cripto ligados a crimes e passíveis de apreensão.
  • Bitcoin concentra 75% do valor; stablecoins ganham terreno.
  • Atividade ilegal soma só 0,14% das transações globais.

Enquanto os Estados Unidos avaliam a criação de uma reserva nacional de Bitcoin, um novo relatório da Chainalysis revela que mais de US$ 75 bilhões em criptomoedas ligadas a atividades ilícitas podem ser apreendidos por governos.

O estudo aponta que a maior parte desses valores está em Bitcoin e sugere que autoridades públicas podem transformar fundos de origem duvidosa em reservas estratégicas digitais, reacendendo o debate sobre o papel do Estado no ecossistema cripto.

Governos podem ter bilhões em cripto ao alcance

A criação de uma reserva estratégica de Bitcoin pelos Estados Unidos segue travada. Entretanto, novos dados indicam que governos já têm bilhões em ativos digitais ao alcance.

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Um relatório da Chainalysis, divulgado nesta quinta-feira (9), aponta que mais de US$ 75 bilhões em criptomoedas estão ligados a atividades ilícitas e podem ser confiscados. Desse total, US$ 15 bilhões pertencem diretamente a entidades criminosas, enquanto US$ 60 bilhões estão em carteiras com algum tipo de vínculo indireto.

Cripto roubada domina ativos ilícitos – Fonte: Chainalysis

De acordo com a empresa, mercados da dark web e seus operadores controlam cerca de US$ 40 bilhões em criptoativos. Além disso, o Bitcoin responde por 75% desse montante, embora as stablecoins ganhem espaço nas operações ilegais.

“As criptomoedas oferecem às autoridades uma oportunidade inédita: bilhões de dólares em ganhos ilícitos visíveis e teoricamente apreensíveis”, destaca o relatório.

Estratégia dos EUA e apreensões recentes

O levantamento se conecta à proposta do governo Trump de criar a “Strategic Bitcoin Reserve”, um estoque federal de ativos digitais. A iniciativa busca aumentar as reservas nacionais por meios “neutros ao orçamento”, como o confisco de fundos ilícitos.

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O cofundador da Chainalysis, Jonathan Levin, afirmou à Bloomberg que esses números “mudam o patamar do potencial de confisco” e podem influenciar a forma como países encaram suas futuras reservas digitais.

Enquanto isso, autoridades canadenses apreenderam US$ 40 milhões em criptoativos da exchange TradeOgre, acusada de operar sem registro e facilitar lavagem de dinheiro. A ação, porém, gerou forte reação da comunidade cripto, que considerou a medida um excesso regulatório.

Transparência da blockchain e percepção do crime

Embora o número de crimes ligados a cripto tenha crescido, o impacto real ainda é pequeno. Segundo o Relatório de Crimes Cripto 2025 da Chainalysis, apenas 0,14% das transações em blockchain em 2024 tiveram origem ilícita.

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Em contrapartida, a ONU estima que de 2% a 5% do PIB global é lavado anualmente por meio de bancos e dinheiro físico.

Menos de 1% das transações em cripto é ilícita – Fonte: Chainalysis

Analistas destacam que a transparência das blockchains torna o rastreamento de fundos criminosos mais simples. Por isso, os casos são mais visíveis e frequentemente noticiados. Além disso, a fiscalização intensa de reguladores reforça a percepção de que o setor seria mais propenso a atividades ilegais — o que, na prática, não condiz com os números.

Governos e o futuro das reservas cripto

A descoberta de US$ 75 bilhões em criptomoedas apreensíveis pode mudar a relação entre governos e o ecossistema digital. Além de abrir caminho para reservas soberanas de cripto, o estudo reforça que o blockchain é também um instrumento de transparência e responsabilidade financeira, e não apenas um refúgio para o crime.

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Adepto do DeFi e convertido à descentralização, deixei o sistema financeiro tradicional para viver a revolução cripto de dentro. Respirando blockchain, escrevendo sobre o que move o futuro — longe dos bancos, perto da liberdade.
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