- Traders de Bitcoin buscam proteção e indicam medo de nova queda.
- Mineração e tensão política reforçam o pessimismo no mercado.
- Bitwise vê oportunidade de compra em meio à correção.
O mercado de opções de Bitcoin mostra sinais claros de cautela. Nas últimas horas, traders profissionais têm pago um prêmio elevado por opções de venda, conhecidas como puts. Isso sugere um aumento no sentimento de baixa. Mesmo com o preço do BTC se mantendo próximo de US$ 108 mil, o cenário técnico e macroeconômico reforça que uma correção mais forte pode estar se formando.
O indicador delta skew de 30 dias na Deribit, principal corretora de derivativos de criptoativos, subiu acima de 10%. Esse nível reflete forte busca por proteção contra quedas. Em condições neutras, esse índice costuma variar entre -6% e +6%. O aumento repentino indica que traders institucionais estão cada vez mais céticos em relação à continuação do movimento de alta do Bitcoin.
Além dos sinais técnicos, fatores políticos e macroeconômicos também contribuem para o pessimismo. O presidente Donald Trump confirmou que a guerra comercial com a China continua e ameaçou novas restrições após Pequim suspender compras de soja americana. Essa tensão reacendeu o medo de um impacto direto sobre o comércio global e, por consequência, sobre o mercado financeiro.
Ao mesmo tempo, o governo dos Estados Unidos permanece parcialmente paralisado, gerando incerteza nos dados econômicos e dificultando a análise de políticas fiscais. Esse ambiente de insegurança faz com que investidores migrem para ativos de menor risco, como ouro e títulos do Tesouro.
Bitcoin pode cair ainda mais
De fato, o rendimento dos Treasuries de 2 anos caiu para o menor nível em três anos. Isso mostra que muitos preferem ganhos menores em troca de segurança. O ouro, por sua vez, disparou 23% desde setembro, atingindo US$ 4.300 por onça. Isso superou o valor das reservas em títulos do Tesouro dos EUA mantidas por diversos bancos centrais.
Outro ponto de atenção vem dos próprios mineradores de Bitcoin. Dados da CryptoQuant mostram que, apenas na última semana, endereços ligados a mineradores transferiram 51 mil BTC para corretoras — o equivalente a mais de US$ 5,5 bilhões. Esse volume representa a maior movimentação desde julho. Historicamente, tal volume costuma antecipar períodos de pressão vendedora.
No mercado de opções, o volume de puts negociadas na Deribit superou o de calls (opções de compra) em 50%. Esse aumento alcançou o nível mais alto dos últimos 30 dias. Esse comportamento reforça o aumento da aversão ao risco entre investidores, que buscam se proteger de possíveis quedas bruscas.
Para o analista André Dragosch, chefe de pesquisa da Bitwise, a situação atual reflete “um momento de medo generalizado, mas também uma possível oportunidade de compra contrária”. Segundo ele, quedas abruptas de sentimento como essa “costumam marcar pontos favoráveis de entrada no mercado”. A equipe da Bitwise acredita que o recuo recente foi causado principalmente por fatores externos, e não por fragilidades estruturais do Bitcoin.
Euforia de curto prazo
O comportamento dos investidores mostra que a euforia de curto prazo perdeu força. Enquanto o Bitcoin ainda se sustenta acima de US$ 108 mil. A projeção de novas quedas até a faixa de US$ 100 mil começa a ganhar tração entre traders institucionais. Essa zona psicológica de preço, segundo analistas, pode se tornar o novo suporte caso a pressão de venda se mantenha.
Apesar disso, a liquidação em massa da última sexta-feira no mercado de criptomoedas e o aumento das posições vendidas podem estar criando um “ponto de inflexão”. Quando muitos se protegem demais contra quedas, o mercado tende a se estabilizar e até reagir, um fenômeno comum em períodos de correção intensa.
