Caio Vicentino, Vô Epa, Lauro Gripa, Cássio Gusson, Carioca NFT, e este redator comentam sobre o exército anticripto e a perseguição à indústria cripto nos Estados Unidos.
Durante a semana passada a declaração da senadora norte-americana, Elizabeth Warren, de que quer construir sua campanha eleitoral em torno da criação de um ‘exército contra os criptoativos’ causou indignação por parte da comunidade cripto.
Em um discurso conjunto das três associações sem fins lucrativos, Club for Growth, Americans for Tax Reform e FreedomWorks, os presidentes destas entidades, David McIntosh, Grover Norquist e Adam Brandon, levantaram as preocupações sobre a intensificação dos esforços pela senadora de cercear o desenvolvimento da tecnologia blockchain e dos criptoativos no país.
Associado a isto, o CEO da Binance, Changpeng Zhao (CZ), diante do processo da CFTC, e a exchange Coinbase também falaram sobre as ações legais e inconsistências regulatórias que estão dificultando o desenvolvimento da indústria de criptoativos no país.
Estados Unidos anticripto
“Estamos extremamente desapontados com as tentativas de atacar empresas de ativos digitais e o trabalho de senadoras como Elizabeth Warren, que restringem as liberdades econômicas’, disseram os presidentes das três associações supracitadas em discurso a representantes do Parlamento dos EUA.
Eles disseram que ‘o capitalismo de livre mercado criou mais riqueza e prosperidade do que qualquer outro sistema econômico na história do mundo. Opomo-nos às tentativas de suprimir a inovação, de punir os criadores de novos empregos e objetos de investimentos de nova geração na América’.
Assim como, anteriormente, Katie Haun, membro do conselho da Coinbase também disse ao The Wall Street Journal que a postura visionária de Warren e seus apoiadores, era equivocada, imprudente e potencialmente inconstitucional’.
Haun disse que ‘a América enveredou por um caminho perigoso de fechar o sistema bancário aos menos favorecidos’.
Declarações críticas de representantes da indústria de criptografia dos EUA também são compartilhadas pelo conselho editorial da CoinDesk, e Bloomberg.
Comentando sobre as recentes ações do governo federal, a CoinDesk disse que, como jornalistas, eles tentam se manter neutros, no entanto, a situação mostra que por trás dos ataques à indústria, pode haver uma tentativa coordenada das autoridades de prejudicar a indústria de ativos digitais.
Opinião
O Bitnotícias conversou com personalidades do mercado de criptoativos nacional sobre o assunto, e traz a opinião destes sobre a situação atual que envolve tais acontecimentos.
Caio Vicentino – Yield Hacker e embaixador da MakerDAO Brasil
Com todas as novas regulações que as entidades regulatórias querem fazer, e com o bloqueio de aplicativos, bloqueio de uso de VPN para acessar os aplicativos, os Estados Unidos estão perdendo cada vez mais a liberdade que eles tanto prezavam. Assim, cada vez mais o país se aproxima da China.
É triste ver o que estamos presenciando em tempo real, e temos que ver como será, pois as declarações do governo norte-americano e suas atitudes restritivas e punitivas, que podem inclusive levar à prisão por duas décadas se usarem VPN, é realmente um absurdo.
Assim, espero que o governo consiga realmente legislar de forma que reverta isto em nome e prol da democracia.
Vô Epa – Canal Vô Epa Bitcoin
Os Estados Unidos têm a fama de ‘potência mundial’. Na minha opinião eles não são amigáveis com as criptomoedas pois sabem que elas podem ser uma ameaça a essa potência, com isso vão fazer de tudo para atrapalhar, criando impostos e burocracia para nas negociações.
O mais engraçado disso tudo é que a impressão de dólar é um atestado da fragilidade dessa suposta potência.
Lauro Gripa – Embaixador da Polkadot no Brasil
Minha opinião é de que precisamos fazer uma autocrítica. O mercado como um todo deu muitas brechas pra que os reguladores sentissem necessidade de intervir, são centenas de casos de fraudes, golpes e hacks.
O crash da Luna foi devastador pra muitas pessoas, assim como a insolvência da FTX e outras centenas de casos de golpe e lavagem de dinheiro.
O regulador, assim como o usuário normal, tem dificuldade de diferenciar o que é bom ou não. Precisamos dialogar com os reguladores de forma a educar e deixar muito claro o que faz sentido e o que não faz.
Cássio Gusson – Editor do portal Cointelegraph Brasil
É interessante olhar este movimento de uma perspectiva ampla. O Bitcoin não foi criado para ser refém dos governos e dos bancos, pelo contrário, sua proposta era de liberdade financeira.
Porém, ao longo dos anos a proposta do ‘to the moon’ saiu vitoriosa e a integração entre as criptomoedas e as finanças tradicionais foi amplamente aplaudida por toda a indústria de criptomoedas.
O mundo cripto soltou fogos com o lançamento do Bitcoin Futuro, depois comemorou como nunca os ETFs futuros de Bitcoin e, contrariando totalmente os ideais que motivaram a criação do Bitcoin, conclamou por mais regulamentação acreditando que a regulamentação, ou seja, colocar regras para o mercado de criptomoedas, pavimentaria o crescimento da indústria.
Bom, seu pedido foi uma ordem, as regras estão chegando no melhor estilo dos Governos: sem rumo, sem padrões e desproporcionais. Os reguladores americanos estão errados? Talvez.
A indústria cripto está certa? talvez não. Foi ela que pediu para ser regulada pelo Estado e antes de promover uma autoregulamentação. Foi ela que defendeu o Bitcoin contra a hegemonia do dólar mas criou stablecoins pareadas com o dólar para gerar liquidez para o mercado. Foi ela que defendeu o BTC como ‘porto seguro’ contra a inflação mas criou mais e mais e mais e mais moedas sem qualquer lastro apenas para dizer que se é cripto é legal.
Foi a indústria cripto que defendeu a descentralização contra o estado mas criou DAOs que investem em títulos do governo… Então se estamos sentados ao lado do diabo não podemos reclamar que agora o inferno é quente.
CariocaNFT – Hub CriptoSelect e especialista em NFT
Sobre esse assunto, acredito que é de se esperar que o Estado vá querer destruir algo que ele não pode taxar ou controlar.
Para uma entidade que tem por objetivo controlar a vida das pessoas, seja no modo de viver, seja no que elas possuem e no que elas podem fazer com os seus bens, querer parar ou censurar algo que dá liberdade a elas é o caminho natural.
Primeiro tentaram ignorar. Depois tentaram ridicularizar e manchar a imagem. Tentaram proibir, censurar. Como nada disso funciona, agora querem tentar destruir.
Mas a minha sincera opinião é que esse esforço do Estado em querer destruir algo que foi criado para dar liberdade, vai acabar resultando em uma população que vai acordar para o quanto eles são controlados. Bitcoin é o futuro da economia popular e nada vai conseguir parar isso.
Jorge Siufi – Redator e felídeo doméstico com olhos de laser
O cerne do que o Estado fez em relação aos criptoativos é digno do que ele representa. A princípio, o ignorou. Adiante, se preocupou em legislar visando a taxação de impostos, pois o Estado é a formiga que paira ao lado do forno observando os bolos a assar. Dos que crescerem, ele roubará a sua parte.
O Estado achou que as criptomoedas morreriam da forma que surgiram: do nada! Foi leviano ao ignorar o movimento criptoanarquista diante de sua soberba.
E assim o Bitcoin cresceu junto à onda de difamações criminosas sobre um sistema de pagamento que elimina a participação de terceiros, e com ele desenvolveu-se a indústria dos criptoativos.
As entidades regulatórias norte-americanas agora perseguem esta indústria de forma atabalhoada, e cerceia o desenvolvimento desta tecnologia; um erro inexorável que poderá desbancá-lo como liderança mundial.
Expressa na declaração feita pelo presidente da SEC dos Estados Unidos, Gary Gensler, todo o mercado pode ser regulado (e perseguido), menos o Bitcoin.
Um dia, eles derrotaram o ouro para imporem o sistema FIAT. E agora, o lastro no nada (fidúcia) se depara com o ‘inimigo’ lastreado na descentralização, na força computacional, e na Matemática anti-inflacionária.
Boa sorte, Estado (há ironia).