No contexto das Moedas Digitais de Bancos Centrais (CBDCs, na sigla em inglês), o Banco Central do Brasil (Bacen) prepara o Drex. Ainda em fase de desenvolvimento no Brasil, o real em formato digital abre as portas para uma série de novos modelos de negócios e oportunidades, avalia a PwC
Com a emissão no atacado, em plataforma operada pelo Bacen, a expectativa é que um primeiro lançamento ocorra no fim de 2024 ou início de 2025. “Não há urgência de um lançamento”, comenta o sócio da PwC Brasil Eliseu Tudisco. “CBDCs variam de perfil em cada país. No Brasil, o Banco Central resolveu a perspectiva transacional com o Pix, por isso o Drex pode ser trabalhado com um outro objetivo”, avalia.
Apesar de alguns países já terem lançado CBDCs próprias (Nigéria, Jamaica e Bahamas), Tudisco acredita que o Brasil está adiantado na pauta. E, quando o Drex for implementado no país, a tendência é que o ecossistema de serviços financeiros nacional ganhe uma ampla gama de novos casos de uso.
Entre os principais, destaca-se a tokenização, que permite a reprodução digital de produtos e a atribuição de direitos de propriedade. Essa possibilidade impulsionará novos serviços na economia, com transações ágeis, seguras e programáveis.
“Em um cenário mais avançado, é possível imaginar contratos digitais que otimizem a figura do cartório, como na venda de ativos de propriedade de veículos e de imóveis”, exemplifica Eliseu Tudisco.
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Drex
Além disso, os contratos inteligentes permitirão que os envolvidos realizem transações seguras, com transações de pagamentos integradas a transferência de bens numa única operação. A capacidade de programar transações sob determinadas condições não só minimiza o risco de fraudes, como também pavimenta o caminho para a criação de novos serviços financeiros e jornadas integradas.
A inovação tem potencial para transformar profundamente o sistema financeiro brasileiro, proporcionando mais eficiência, segurança e inovação.
As empresas têm a chance de se destacar no processo de adoção do Drex integrando inovações aos seus serviços para trazer benefícios concretos aos clientes e se estabelecer na vanguarda do mercado financeiro digital. À medida que as organizações exploram o potencial da moeda digital do Banco Central, é essencial que elas se posicionem de maneira estratégica para aproveitar oportunidades em três áreas-chave: intermediação, emissão e infraestrutura.
Do ponto de vista do Banco Central, o desenvolvimento do Drex passa pela resolução de um “trilema”: como alcançar um equilíbrio ideal entre privacidade, descentralização e programabilidade. Esse equilíbrio busca fortalecer a segurança e a autonomia do sistema sem comprometer sua eficiência.
Privacidade: Saldos e transações devem estar acessíveis apenas às partes envolvidas e autoridades competentes. Ao mesmo tempo, é preciso permitir mecanismos públicos de verificação para assegurar transparência e confiança no sistema.
Descentralização: Permite a participação de diversos agentes no sistema, promovendo interações e consultas de forma que não seja necessário expor informações a todos os participantes. Também deve haver uma governança centralizada do Bacen.
Programabilidade: O foco é a incorporação de contratos inteligentes no sistema. Eles devem estar visíveis para que possam ser executados, mas sem prejudicar a privacidade e a segurança. Esses elementos são cruciais não apenas para assegurar a funcionalidade do Drex como uma moeda digital do Bacen, mas também para construir uma base sólida de confiança entre os usuários, marcando um avanço significativo na forma como interagimos no mundo financeiro.
Na avaliação de Tudisco, o objetivo do Bacen – quando lança um novo serviço ou produto – é criar maior inclusão e acesso a serviços financeiros. No caso do Drex, tendo em vista que existe uma barreira cultural relativa ao temor da população de se sentir monitorada, transações de pequeno porte da moeda digital tendem a ser mantidas sob anonimato. “Pode ser uma forma de ganhar a confiança do usuário”, analisa o sócio da PwC Brasil.