Por que o Bitcoin não para de cair?

Sinal que previu os bear markets de 2018 e 2022 volta a aparecer — analistas soam o alarme
  • Queda do Bitcoin19 reflete pressão do Fed e fundos institucionais.
  • Riscos regulatórios ampliam volatilidade e assustam investidores de Bitcoin.
  • Mercado espera definição do MSCI para possível alívio no preço.

O Bitcoin voltou a cair com força e rompeu o patamar de US$ 85 mil pela primeira vez desde abril. Isso reacendeu temores no mercado e levantou debates sobre as causas por trás da queda. Embora muitos apontem fatores isolados, analistas afirmam que o movimento atual resulta de três forças principais, que vêm atuando em conjunto desde o início de novembro.

A leitura mais completa vem do analista Mike Ermolaev, fundador da Outset PR. Ele destacou como variáveis macroeconômicas, institucionais e regulatórias pressionam a maior criptomoeda do mundo.

O recuo ficou ainda mais evidente nesta sexta-feira, quando o Bitcoin acumulou queda superior a 20% no mês. Depois de hesitar na região de US$ 90 mil, o ativo deslizou novamente e atingiu US$ 85 mil. Isso reflete uma onda persistente de aversão ao risco. A queda ganhou intensidade após a divulgação dos dados de emprego dos Estados Unidos, que chegaram atrasados. No entanto, reforçaram a percepção de que o Federal Reserve poderia adiar o esperado corte de juros em dezembro.

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Essa incerteza ampliou as saídas de capital dos ETFs de Bitcoin à vista. Somente na quinta-feira, os fundos registraram US$ 903 milhões em retiradas, com destaque para o IBIT da BlackRock, que perdeu US$ 355 milhões.

O mercado interpretou que o Fed poderia adotar uma postura mais rígida, reduzindo o apetite por ativos de risco no curto prazo. No entanto, após falas de membros da instituição indicando possível flexibilização, as expectativas de um corte voltaram a 70%, trazendo um breve alívio.

Bitcoin não para de cair

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Além do Fed, outra força derrubou o mercado: a liquidação de Bitcoin por grandes fundos de ativos digitais (DATs). Muitos desses fundos viram suas ações desabarem para níveis abaixo do valor patrimonial líquido, o que os obrigou a vender Bitcoin para ajustar suas operações. A pressão aumentou quando investidores que estavam vendidos nesses fundos começaram a fechar posições para garantir lucros elevados acumulados no ano. Entre eles, segundo analistas da K33, estaria o conhecido gestor Jim Chanos, cuja atuação intensificou o movimento de baixa.

Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com a possível exclusão da Strategy (antiga MicroStrategy) dos índices MSCI. Isso se deve às novas regras propostas para remover empresas com mais de 50% dos ativos expostos a criptomoedas. Como a Strategy ultrapassa amplamente esse limite, o mercado teme uma saída de até US$ 8,8 bilhões caso a remoção seja confirmada. Esse risco regulatório adiciona pressão especialmente porque a Strategy é vista como um dos pilares institucionais do Bitcoin.

O CEO da empresa, Michael Saylor, reagiu com firmeza. Em publicação recente, ele afirmou que a Strategy não deveria ser comparada a trusts ou fundos, uma vez que opera como uma empresa de software com receita anual de US$ 500 milhões. Segundo Saylor, o Bitcoin funciona como capital produtivo dentro de uma estratégia corporativa ativa, e não como um ativo passivo que justificaria sua exclusão de índices tradicionais.

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Mesmo assim, o mercado observa um dado crucial: o Bitcoin está negociado cerca de US$ 10 mil abaixo do preço médio de compra da Strategy, estimado em US$ 74 mil. Para o analista André Dragosch, da Bitwise Europe, o preço pode encontrar suporte justamente entre esse valor e o custo médio estimado do IBIT. Esse custo gira em torno de US$ 84 mil.

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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