Por que o preço do Bitcoin caiu e não consegue subir?

  • Preço do Bitcoin preso entre suportes e resistências sem força para reagir.
  • Incerteza sobre juros e geopolítica mantém pressão no mercado.
  • Altistas apostam em corte do Fed para retomada do BTC.

O Bitcoin voltou a perder força nesta sexta-feira, 22 de agosto de 2025, quando foi cotado em R$ 618.693,66 no mercado brasileiro. O ativo, que vinha ensaiando uma recuperação, não conseguiu sustentar a alta e retornou à faixa de US$ 113.100, refletindo uma combinação de fatores macroeconômicos e geopolíticos que ampliaram a cautela entre investidores.

Nos mercados asiáticos, o tom já começou com sinais de prudência. André Franco, CEO da Boost Research, destacou que as bolsas da região apresentaram desempenho misto, enquanto os investidores aguardavam o aguardado discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole. A expectativa em torno da fala do dirigente reforçou a volatilidade, deixando os mercados sem direção clara.

O dólar permaneceu firme, com o índice DXY próximo de 98,60. Esse movimento reflete a redução das apostas em cortes de juros nos Estados Unidos, que caíram de quase certeza para 75% de probabilidade em setembro. Nesse cenário, ativos de risco como o BTC perdem apelo, já que a manutenção de juros elevados fortalece o dólar e reduz a liquidez global.

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Segundo Pedro Xavier, CEO da Mannah, o mercado tem reagido com tensão à incerteza sobre a política monetária americana. Ele explicou que, se Powell sinalizar manutenção ou elevação dos juros, o efeito tende a ser negativo para as criptomoedas, principalmente para o Bitcoin. Já um discurso mais suave, que aponte para redução da taxa, pode gerar alívio e atrair novos fluxos.

Preço do Bitcoin preso na geopolítica

Xavier ressaltou, porém, que ainda existe muita incerteza geopolítica envolvendo guerras e taxações, o que reforça a volatilidade do mercado. Por isso, o Bitcoin caiu nas últimas semanas, acompanhando o aumento das dúvidas sobre o ritmo da economia global.

Imagem: TradingView

Outro fator que influencia o preço do BTC é a guerra no Leste Europeu. Nesta semana, a Reuters informou que o presidente Vladimir Putin apresentou três condições para um cessar-fogo, incluindo a renúncia da Ucrânia a Donbas e a promessa de não entrar na OTAN. Kiev rejeitou os termos, o que aumentou a percepção de risco.

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Analistas da Bitunix observaram que a maior concentração de liquidações se encontra entre US$ 114,7 mil e US$ 115 mil, com resistência adicional em US$ 116,8 mil. Atualmente, o Bitcoin encontra suporte em US$ 111,2 mil, mas pode testar camadas mais profundas entre US$ 109,4 mil e US$ 107,6 mil caso a pressão vendedora continue.

Apesar do clima negativo, há analistas otimistas sobre as criptomoedas. Caio Leta, da Bipa, disse que existe uma espécie de consenso de que o Fed começará a cortar os juros em setembro. Se isso acontecer, o Bitcoin pode ganhar fôlego para retomar a tendência de alta e até buscar novos recordes.

Mike Ermolaev, da OutsetPR, reforçou que os padrões atuais ainda seguem os ciclos passados do BTC. Ele acredita que os sinais técnicos de longo prazo mostram que o ativo pode ter atingido o fundo da correção.

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Ainda assim, como destacou Guilherme Prado, da Bitget, o mercado segue lateralizado, com baixa volatilidade e forte expectativa pelo evento em Jackson Hole. Sem novos catalisadores, o Bitcoin deve continuar preso entre suportes e resistências até que Powell dê pistas mais claras sobre o futuro da política monetária.

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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