As autoridades da Rússia anunciaram a intenção de liquidar um grande volume de Bitcoin confiscado durante investigações contra o grupo de hackers conhecido como Infraud. A organização, que operou entre outubro de 2010 e fevereiro de 2018, ficou famosa por realizar golpes com cartões de crédito em escala global.
De acordo com reportagens locais, o governo planeja vender inicialmente cerca de US$ 10 milhões em Bitcoin, com uma meta total de mais de 1.000 BTC, atualmente avaliados em aproximadamente US$ 100 milhões.
Bitcoin e corrupção no caso Infraud na Rússia
As investigações contra o grupo resultaram na apreensão de 5.212 BTC. No entanto, o caso ganhou notoriedade após denúncias de corrupção envolvendo o investigador-chefe, Major Marat Tambiev. Ele teria negociado com um advogado representando membros do Infraud, exigindo metade dos Bitcoins confiscados para poupar os criminosos de penas mais severas e permitir que cumprissem prisão domiciliar.
Relatórios indicam que Tambiev recebeu 1.032 BTC em 7 de abril de 2022, mas foi preso posteriormente, junto com sua assistente, Kristina Lyakhovenko. Tambiev recebeu uma condenação de 16 anos de prisão em regime fechado e teve que pagar uma multa superior a US$ 5 milhões. Enquanto isso, Lyakhovenko recebeu uma pena de nove anos por falsificação de provas.
As investigações revelaram que Tambiev armazenava as chaves privadas de suas carteiras de Bitcoin em uma pasta no computador do trabalho. Esses fundos estão em posse do Tesouro Russo, embora a liquidação total tenha sido dificultada por questões legais.
Tambiev teria dividido seus ganhos ilícitos em várias carteiras menores e transferido parte dos fundos para familiares. Dessa forma, os promotores terão que fazer múltiplas solicitações judiciais para recuperar todos os valores. Além disso, as autoridades russas planejam vender propriedades, imóveis e veículos pertencentes ao ex-investigador.
Mercados de Bitcoins apreendidos
Esse caso na Rússia ocorre em paralelo a um movimento similar nos Estados Unidos, onde o Departamento de Justiça recebeu autorização para liquidar 69.000 BTC, avaliados em US$ 6,5 bilhões, confiscados do extinto marketplace Silk Road.
A notícia surge enquanto líderes russos discutem a criação de uma reserva nacional de Bitcoin, proposta incentivada pelo apoio público do presidente Vladimir Putin à criptomoeda em um fórum de investimentos realizado em Moscou.
Por outro lado, a Rússia também anunciou uma proibição de seis anos para a mineração de criptomoedas em dez regiões do país. A decisão leva em conta o alto consumo de energia dessa atividade.