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Voyager e atualização Shanghai: Há riscos iminentes de grande queda do preço do ETH?

Por Jorge Siufi
Foto: Unsplash (editada)

O mercado cripto vive mais um longo inverno, e apesar da certa calmaria momentânea de bombas no mercado, há duas situações relativamente preocupantes para os investidores de Ether (ETH).

Uma delas envolve a empresa de investimentos Voyager, e a outra envolve o próximo fork ou atualização da rede Ethereum, chamado de Shanghai.

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Ambos estes casos são relativamente preocupantes para o preço da segunda maior criptomoeda do mercado porque há suposições de que possa haver despejo de ETH diante de certas circunstâncias.

Assim fica a pergunta: Poderia a Voyager e o fork Shanghai trazer o risco de liquidações em massa de ETH e proporcionar forte queda no preço da criptomoeda?

Voyager e seu grande saldo de criptoativos

Uma das situações mais marcantes do atual inverno cripto e de toda a história deste mercado aconteceu em maio de 2022 com a perda do peg da stablecoin UST e o colapso do protocolo Terra/LUNA.

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À época diversos investidores e credores perderam muito dinheiro com o ocorrido, e uma das empresas envolvidas no caso foi a de empréstimos de criptoativos, Voyager.

Amplamente associada a investimentos em LUNA e UST, a Voyager também colapsou e entrou com pedido de proteção contra falência do Capítulo 11 nos EUA, em julho do ano passado.

Durante todo este tempo houve a tentativa de aquisição da Voyager por outras empresas cripto, todas analisadas e negadas por entidades regulatórias norte-americanas.

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Como plano de reestruturação e pagamento de investidores e credores, a Voyager foi às vendas e está liquidando parte da fortuna em criptoativos que possui em caixa.

De acordo com dados da empresa de análise de transações em blockchain, Arkham, apenas no mês de fevereiro a Voyager transferiu ao menos US$ 121 milhões em criptoativos para as exchanges Coinbase e Binance.US.

Dentre os criptoativos enviados pela Voyager estão o Ether (ETH), Shiba Inu (SHIB), e LINK, da Chainlink; mas a empresa também possui grandes quantidades dos tokens USDC, StormX (STMX); e AVX launchpad (AVX).

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De acordo com dados da Lookonchain, neste final de semana a Voyager despejou cerca de 1.449 ETHs, em valor estimado de US$ 2,25 milhões.

Entretanto, a empresa ainda possui mais de 145 mil ETHs em suas carteiras, ou seja, algo em torno de US$ 1,2 bilhão no preço atual da criptomoeda.

Assim, isto tem gerado certa especulação por parte dos investidores com a possibilidade de vendas maciças dos criptoativos em posse da empresa.

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Como o ETH é uma referência dentro do mercado, a liquidação em massa da criptomoeda poderia causar pânico no mercado com a subsequente queda geral de preços dos criptoativos.

Hard fork Shanghai

Em setembro de 2022 ocorreu o The Merge, a principal atualização da rede Ethereum que trocou seu algoritmo de prova de trabalho (PoW) para prova de participação (PoS).

Mas bem antes disso, desde de dezembro de 2020, o protocolo já havia iniciado o processo de staking na rede, onde criptomoedas ETH passaram a ser depositadas em garantia nos protocolos de teste do PoS.

Tais criptomoedas agora ‘presas’ em garantia não podiam ser sacadas, o que não gerava a preocupação de vendas deste percentual de ETH.

Entretanto, sempre houve a especulação do que aconteceria depois que as retiradas fossem liberadas, se haveria liquidações em massa que poderiam comprometer o preço da criptomoeda ou não.

Em setembro do ano passado o mercado já enfrentava praticamente 11 meses de queda, que teve início lá em 10 de novembro de 2021.

Assim, já estava conformado (entendendo) que estava em um severo inverno cripto, e já havia superado, de certa forma, o colapso do protocolo Terra/LUNA.

O que muitos não imaginavam é que outra bomba estava prestes a explodir no mercado, e assim veio o colapso da FTX, e mais pânico e depreciação ao mercado dos criptoativos.

Tudo isso agregou calafrios aos investidores, aumentando a expectativa sobre o que aconteceria com a liberação dos ETHs em staking.

Havia a expectativa à época de que logo após o The Merge fossem liberadas as retiradas de ETH do staking, porém, os desenvolvedores postergaram esta ação, e assim cada vez mais ETHs foram depositados em staking.

Mas como tudo na rede Ethereum sempre atrasa, há a promessa dos desenvolvedores para que os ETHs em staking sejam liberados no próximo mês, após o fork Shanghai.

No momento desta redação havia cerca de 17,26 milhões de ETHs em staking na rede, o que corresponde a cerca de 14,1% de seu suprimento máximo.

Respondendo a pergunta deste Artigo

E aqui está o ponto da pergunta deste Artigo: Com a liberação desta quantia de ETH para saques, os investidores poderiam ‘dumpar’ a criptomoeda?

Há praticamente quatro fatores importantes que sustentam a ideia de que não haverá despejo de ETHs no mercado após a liberação dos fundos em staking na rede PoS do Ethereum.

Limite de saques

O mais importante deles é protocolar, pois pensando na segurança da rede os desenvolvedores estabeleceram um critério para as retiradas dos fundos, que é um limite diário de saques de ETH em staking.

Primeiro que para retirar os ETHs do staking os investidores terão que entrar numa espécie de fila de saques, o que poderá levar dias ou até mês para serem liberadas as criptomoedas.

Esta fila poderá se tornar cada vez maior, pois de acordo com o que foi estabelecido para o protocolo apenas poderão ser sacados 57.600 ETHs por dia.

Assim, usando os dados de hoje de ETH em staking, o protocolo permitirá a retirada de 0,33% dos ETHs que estão alocados no protocolo em staking por dia.

Em números totais, esta quantia de 57.600 representa 0,04% de todos os ETHs em circulação.

Segurança da rede

Adiante, como segundo fator, há a inquietude fundamentalista do porquê investidores retirariam grandes quantidades de ETH do staking, caso isso fosse permitido à revelia, o que comprometeria seriamente a segurança da principal rede PoS do mercado.

Isto poderia prejudicar os próprios investidores, assim como o mercado como um todo com o colapso do protocolo Ethereum.

Money Legos

Outro fator que coíbe a venda maciça de ETH envolve o staking líquido da rede.

Como apenas deixar o ETH em garantia na rede não é vantajoso para a criptomoeda, pois diminui a liquidez do ETH, diversas empresas de investimento criaram a possibilidade do recebimento de tokens de liquidez, pareados 1:1 com o ETH, possibilitando o conhecido ‘money lego’ do DeFi.

Assim, uma parte dos investidores que possuem ETH em staking estão supostamente recebendo mais fundos utilizando criptoativos de liquidez de suporte ao ETH em plataformas de DeFi e CeFi.

Então retirar esses ETHs das pools de liquidez oferecidas por empresas como a Lido Finance, a maior detentora de ETH em staking, poderia não ser vantajoso para os investidores que compartilham os lotes de 32 ETHs mínimos para staking.

Mãos de alface

Por fim, há o fator preço do ETH como limitador das vendas da criptomoeda.

Desde o início do processo de staking na rede ETH, lá no final de 2020, a criptomoeda ETH deu um salto de valorização.

Entretanto, de acordo com dados da Dune Analytics apenas 16% dos apostadores (ou stakers) de ETH estariam no lucro hoje, caso vendessem suas criptomoedas.

O fato é que houve grande valorização do ETH depois do início do staking, mas a maior parte do ETH colocado em staking está abaixo do preço praticado atualmente.

À época, quando teve início os depósitos da criptomoeda em staking, o ETH estava cotado em cerca de US$ 610.

Hoje (06), o ETH está sendo negociado 157% acima daquele preço, em US$ 1.568.

Assim, como seria possível o ETH passar por forte valorização e os aportadores do ETH em staking ainda estarem no prejuízo?

No início, os depósitos de ETH foram consideravelmente pequenos, pois o mercado vislumbrava uma corrida dos touros, e os investidores temiam estar com suas criptomoedas alocadas em garantia e não poder vendê-las.

E se olharmos para como o mercado se desenvolveu neste período, de fato foi o que aconteceu.

A corrida dos touros (ou bull run) passou, o inverno cripto veio, e até hoje não são possíveis saques de ETH do staking.

O ponto é que durante toda esta alta de preço do ETH, que chegou a valer mais de US$ 4.800, muitos investidores adquiriram porções da criptomoeda, a alocaram em staking, e assim amargam algum prejuízo.

Até porque, no momento desta redação o ETH está cerca de 68% abaixo do seu topo histórico.

Assim, invertendo a métrica, 84% dos ETHs em staking estão no prejuízo, ou seja, cerca de 14,5 milhões dos 17,2 milhões de ETHs em staking estão no prejuízo, o que pode ser mais um limitante para liquidações em massa dessa fatia do bolo Ethereum.

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Redator da Revista Bitnotícias
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