- O FMI pede padrões globais para a regulação das stablecoins, destacando os riscos para a estabilidade financeira e o controle monetário.
- O aumento da queima de stablecoins e a pressão dos mercados emergentes estão impulsionando a discussão sobre a necessidade de regulamentação internacional.
- O FMI recomenda reservas robustas, transparência diária e cooperação internacional para garantir a segurança e a estabilidade no mercado de stablecoins.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) lançou um alerta no dia 2 de dezembro de 2025, divulgando seu relatório “Entendendo as Stablecoins”. O documento destaca o crescimento explosivo dessas moedas, com a capitalização de mercado ultrapassando US$ 300 bilhões e uma duplicação da emissão nos últimos dois anos.
Embora o uso crescente de stablecoins tenha gerado entusiasmo no setor financeiro e de criptomoedas, o FMI chama atenção para a necessidade urgente de padrões globais para reservas e supervisão. Essa medida visa mitigar os riscos para a estabilidade financeira global.
O FMI reconhece os benefícios das stablecoins, especialmente no que diz respeito aos pagamentos internacionais. O relatório aponta que essas moedas digitais podem reduzir os custos de transferências de uma média de 6,3% para menos de 1% em alguns casos.
Além disso, as stablecoins oferecem transferências quase instantâneas, o que pode melhorar significativamente a eficiência dos pagamentos. O uso crescente dessas moedas também tem impulsionado a inclusão financeira em regiões onde o acesso a serviços bancários é limitado, particularmente em países que dependem fortemente de remessas de trabalhadores no exterior.
Riscos das stablecoins
Entretanto, o FMI destaca uma série de riscos associados ao uso generalizado de stablecoins. Um dos principais problemas identificados é a substituição de moedas locais, especialmente em mercados emergentes, onde as stablecoins lastreadas em dólares podem enfraquecer o controle monetário local.
O relatório também alerta para o impacto das stablecoins na estabilidade financeira. As corridas bancárias contra emissores de stablecoins podem desencadear vendas forçadas de ativos, afetando os mercados financeiros.
Outro risco importante é a arbitragem regulatória. Empresas migram para jurisdições com regulamentações mais flexíveis, o que pode criar efeitos indiretos em mercados que ainda não possuem uma regulação eficaz.
Além disso, o FMI aponta as lacunas de dados como uma grande preocupação. A supervisão das reservas e dos fluxos financeiros das stablecoins é frequentemente limitada. Isso torna difícil garantir a transparência e a segurança do sistema.
Diante dos riscos, o FMI faz uma série de recomendações políticas para mitigar as ameaças e garantir a estabilidade do mercado de stablecoins. O Fundo defende a criação de reservas robustas, transparência diária e direitos de resgate para os detentores dessas moedas.
Além disso, o FMI sugere uma maior cooperação internacional, especialmente por meio do G20 e do Conselho de Estabilidade Financeira. Isso visa evitar conflitos de políticas que podem surgir com regulamentações fragmentadas.
O relatório também destaca a necessidade urgente de ação para garantir a supervisão adequada do mercado. Essa necessidade é especialmente relevante em países com economias em crescimento e alta adoção de criptomoedas.
G20
O FMI está alinhado com o Roteiro de Criptomoedas do G20 para 2024-2025, um plano que visa estabelecer uma base regulatória para as criptomoedas e stablecoins. No entanto, a implementação de um padrão global ainda está em seus estágios iniciais, sem um cronograma definido. O FMI planeja discutir as conclusões de seu relatório na reunião de Ministros das Finanças do G20, marcada para 2026.
Assim, a pressão de mercados emergentes, como América Latina, África e Ásia, cresce à medida que o uso de stablecoins se expande nessas regiões. A necessidade de ações concretas se torna cada vez mais urgente.
