- YPF estuda aceitar criptomoedas em postos, após liberar pagamentos em dólar há dois meses.
- Adoção avança: Argentina ocupa o 20º lugar no Índice Global de Adoção de Cripto em 2025.
- País enfrenta turbulência: escândalo com o token Libra e cancelamento de um resgate financeiro de US$ 20 bilhões.
A YPF, maior empresa de energia da Argentina, avalia liberar pagamentos com criptomoedas em seus postos.
A iniciativa surge em meio ao avanço das transações digitais no país e após a companhia começar a aceitar pagamentos em dólares.
Criptomoedas ganham espaço nos postos de combustível
A proposta deve usar processadores externos, como Lemon, Ripio ou Binance. Esses serviços fariam a conversão automática, por isso os pagamentos funcionariam como ocorre hoje com dólares.
O motorista escanearia um QR code e enviaria o valor para a conta da YPF no Banco Santander. O sistema mostraria o valor em pesos e aplicaria a taxa de referência do Banco Nación.
A mudança acompanha a estratégia do governo de ampliar o uso de moedas fortes. Em setembro, o ministro da Economia, Luis Caputo, afirmou que
“a previsibilidade das transações depende de instrumentos que protejam o cidadão da inflação crônica”.
Além disso, a medida busca reduzir atritos nas vendas e atrair consumidores que já operam em cripto.
Adoção cresce mesmo após escândalos
A Argentina ocupa o 20º lugar no Índice Global de Adoção de Criptomoedas de 2025. A posição reflete o uso crescente por varejistas e instituições. Entretanto, o país também enfrenta desafios.
Em fevereiro, o presidente Javier Milei compartilhou um post sobre o memecoin Libra. O ativo disparou para US$ 4 bilhões e caiu 94% horas depois. O episódio gerou perdas de centenas de milhões e pressão política. Mesmo assim, Milei disse que apenas “divulgou a existência do token”.
Crise econômica pressiona mudanças e decisões
No cenário financeiro, o golpe mais recente foi o cancelamento de um pacote de resgate de US$ 20 bilhões discutido com o Tesouro dos Estados Unidos, JPMorgan, Bank of America e Citigroup.
Em vez disso, as instituições estudam um empréstimo de US$ 5 bilhões no modelo repo. O governo pretende usar ativos como garantia para cobrir um pagamento de US$ 4 bilhões em janeiro.
Além disso, analistas afirmam que a ampliação do uso de cripto pode aliviar pressões internas, mesmo que não resolva a raiz da crise. Por isso, a iniciativa da YPF pode influenciar outros setores e acelerar a digitalização dos meios de pagamento no país.
Caminho para um novo sistema de pagamentos
A possível adoção de criptomoedas pela YPF mostra como a Argentina tenta equilibrar inovação e necessidade econômica.
Embora o país enfrente incertezas, a combinação de políticas voltadas ao uso de moedas fortes e o aumento da adoção de cripto pode abrir espaço para transformações mais amplas no sistema de pagamentos.
