- Banco suíço rejeita Bitcoin por falta de estabilidade
- Setor cripto pressiona por mudanças na política monetária
- Vale das Criptomoedas impulsiona adoção do Bitcoin na Suíça
O Banco Nacional Suíço (BNS) decidiu manter distância do Bitcoin, mesmo com a pressão crescente da indústria local. A instituição reafirmou sua postura durante a reunião anual de acionistas realizada em Berna nesta quinta-feira.
Martin Schlegel, presidente do BNS, explicou que as criptomoedas “não atendem aos requisitos” para compor as reservas cambiais do país. Ele citou riscos de estabilidade, liquidez e segurança como os principais motivos.
Indústria cripto intensifica lobby, mas sem sucesso
A decisão contraria a movimentação de agentes do setor cripto, como Luzius Meisser, membro do conselho da Bitcoin Suisse. Ainda mais, ele defendeu que “manter bitcoins faz mais sentido” em um cenário de desvalorização do dólar e do euro.
Meisser acredita que o Bitcoin ofereceria proteção contra políticas monetárias inflacionárias. “Os políticos eventualmente cedem à tentação de imprimir dinheiro. O Bitcoin não permite isso”, afirmou.
O think tank 2B4CH tenta emplacar uma proposta de emenda constitucional. A ideia exige que o BNS mantenha Bitcoin em seu balanço oficial. Para ir a referendo, o grupo precisa reunir 100.000 assinaturas.
Adoção de criptomoedas avança fora do banco central
Apesar da resistência oficial, o ecossistema cripto na Suíça continua forte. A cidade de Zug, conhecida como Vale das Criptomoedas, viu sua avaliação passar de US$ 593 bilhões em 2024, consolidando sua posição como epicentro europeu da blockchain.
Empresas como a rede de supermercados Spar adotaram pagamentos em Bitcoin em cidades suíças. Além disso, a presença de gigantes do setor, como a Tether, reforça o avanço da criptoeconomia no país.
O fundador do 2B4CH, Yves Bennaïm, reforçou à Reuters que o Bitcoin já se provou como moeda resistente à inflação e alternativa ao sistema financeiro tradicional. Mesmo assim, o BNS permanece firme em sua postura conservadora.
A proposta de incluir o termo “e em Bitcoin” na Constituição reflete a busca por autonomia monetária. O movimento, no entanto, enfrenta o conservadorismo do banco central, que teme perder controle sobre suas diretrizes cambiais.