Binance está ameaçada? Hyperliquid ganha terreno contra CEXs

Binance vai distribuir criptomoedas que disparou 275% em 24h
  • Hyperliquid desafia domínio da Binance com volumes recordes.
  • CEXs perdem espaço, mas ainda lideram em liquidez e compliance.
  • Analistas veem modelos híbridos como futuro inevitável do setor.

A ascensão das exchanges descentralizadas (DEXs) reacendeu uma das maiores discussões do mercado cripto: será que a Binance perderá seu domínio para plataformas como a Hyperliquid? A questão surge em um cenário de mudanças rápidas, no qual os volumes negociados em DEXs atingiram patamares antes reservados às gigantes centralizadas (CEXs).

Nos últimos meses, as DEXs perpétuas (perp DEXs), especializadas em contratos futuros sem vencimento, mostraram força inédita. Dados da DeFiLlama indicam que a Aster superou US$ 100 bilhões em volume semanal, enquanto a Hyperliquid movimentou mais de US$ 64 bilhões, consolidando-se entre as líderes do setor. Apenas um ano atrás, esses números pareciam impensáveis para plataformas descentralizadas.

O mercado percebe que as CEXs já não dominam a liquidez como antes. Embora mantenham vantagens em rampas fiat, compliance regulatório e suporte ao investidor institucional, a competição aumentou. Hyperliquid conquistou destaque ao adotar um modelo híbrido, que mistura a escala das exchanges centralizadas com a autonomia das descentralizadas. Esse formato mostrou que a indústria pode caminhar para soluções que equilibram eficiência e descentralização.

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Enquanto isso, a Aster, apoiada de forma indireta por Changpeng Zhao (CZ), surge como um possível braço estratégico da Binance para não perder clientes para rivais emergentes. Analistas interpretam esse apoio como tentativa de manter presença em um setor que cresce de forma acelerada.

Binance pode perder liderança?

Imagem: Hyperliquid

Apesar da expansão das perp DEXs, especialistas não acreditam em um cenário de substituição imediata. Para Frank Combay, COO da Next Generation NGPES, a valorização recente dos tokens de exchanges centralizadas mostrou que o mercado ainda confia na estrutura das CEXs. Ele destacou que liquidez, spreads mais apertados e integração com o sistema financeiro tradicional continuam a ser vantagens fundamentais das plataformas centralizadas.

Farzam Ehsani, CEO da VALR, defende uma visão mais ampla: “CEXs e DEXs competem em alguns pontos, mas se complementam em muitos outros. As centralizadas oferecem segurança e usabilidade para iniciantes, enquanto as descentralizadas entregam privacidade e acesso antecipado a tokens menores.”

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Essa leitura reforça a ideia de que o mercado de cripto não caminha para um vencedor único, mas sim para uma coexistência de modelos.

O advogado Lionel Iruk, especialista em regulação de cripto, afirmou que é preciso cautela ao analisar os números recentes. Para ele, o crescimento dos tokens de CEXs como OKX, KuCoin e Cronos reflete interesse dos investidores em ecossistemas com governança e utilidade real, mas não necessariamente uma vitória definitiva.

Iruk lembrou que tanto CEXs quanto DEXs enfrentam riscos importantes, como falhas de segurança, regulação incerta e vulnerabilidades em contratos inteligentes. No entanto, ele acredita que modelos híbridos representam a evolução natural. “Ao misturar a liquidez das CEXs com a autonomia das DEXs, o mercado consegue cobrir as fraquezas de cada lado”, afirmou.

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Hegemonia da Binance sob pressão

A questão central permanece: a Binance está ameaçada? Apesar da força da marca e da enorme base global de clientes, os dados sugerem que sua hegemonia enfrenta o maior desafio em anos. O avanço das perp DEXs reduziu a fatia de mercado das exchanges centralizadas, e o próprio envolvimento indireto da Binance com projetos como a Aster indica reconhecimento dessa nova realidade.

O índice que mede a relação entre volumes de DEXs e CEXs mostra essa transformação. Em 2023, as descentralizadas respondiam por menos de 10% das negociações. Em 2025, o índice chegou a superar 60% em alguns momentos, antes de estabilizar em torno de 30% a 35%. Mesmo com a correção recente, o nível permanece várias vezes acima dos padrões históricos, o que confirma uma mudança estrutural no comportamento dos investidores.

A perspectiva mais aceita entre analistas é que o setor seguirá em direção a modelos híbridos, nos quais plataformas unem liquidez, compliance e acessibilidade das CEXs com a transparência e privacidade das DEXs. Esse arranjo permitiria atender investidores institucionais, que exigem segurança e regulação, ao mesmo tempo em que preserva o espírito descentralizado buscado por usuários mais experientes.

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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