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Bitcoin: Há 14 anos foram mineradas as 50 primeiras criptomoedas

Por Jorge Siufi
Fonte: Yayimages

No dia 03 de janeiro de 2009 teve início a execução (Satoshi Nakamoto não usava o termo ‘minerar’) do primeiro bloco do protocolo Bitcoin, o Bloco Gênesis ou Bloco#0.

Passados cinco dias, portanto em 08 de janeiro de 2009, Satoshi enviou um email anunciando o lançamento da versão v0.1 do software do protocolo Bitcoin, o ‘novo sistema de dinheiro eletrônico que usa a rede peer-to-peer para prevenir o gasto duplo’.

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Também postou no SourceForce o programa do protocolo Bitcoin em fase beta, compartilhado com Gavin Andressen, Jeff Garzik e Pieter Wuille.

Satoshi instruiu que o aplicativo Bitcoin.exe deveria ser ‘desempacotado’ e instalado em computador, e assim cada nó de rede se conectaria automaticamente.

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Satoshi ainda ressaltou que o Bitcoin tratava-se de um sistema de pagamento descentralizado e livre de servidor ou autoridade central.

09 de janeiro de 2009

Esta foi a data a qual o primeiro bloco do protocolo Bitcoin terminou de ser executado, e os 50 primeiros Bitcoins foram produzidos.

A partir de então, seguindo regras matemáticas, Satoshi pôde dimensionar o comportamento da rede e calcular sua base inflacionária.

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Assim escreveu Satoshi:

‘A circulação total será de 21.000.000 de moedas. Elas serão distribuídas para os nós de rede quando eles fizerem blocos, com o montante sendo cortado pela metade a cada quatro anos.

Primeiros quatro anos: 10.500.000 de moedas

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Próximos quatro anos: 5.250.000 de moedas

Próximos quatro anos: 2.625.000 de moedas

Próximos quatro anos: 1.312.500 de moedas, etc…

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Quando isso terminar, o sistema pode ser suportado por taxas de transação se necessário’.

Calculando este prazo de tempo para produzir os 21 milhões de Bitcoins, estima-se que em 2140 este processo chegará ao fim.

Até o momento desta redação, um total de 19.257.025 Bitcoins já haviam sido minerados, cerca de 91,7% de todo suprimento de criptomoedas que serão produzidas.

Desde então…

A rede Bitcoin em todo seu desenvolvimento se manteve constante e praticamente esteve online desde o seu lançamento, conforme mostram os dados do Buybitcoinworldwide.

Dados sobre a rede Bitcoin

Até a data de hoje a rede Bitcoin esteve online por 99,98% do tempo.

A rede opera há 5.052 dias sem travar, fato que só aconteceu duas vezes em sua história.

A primeira vez ocorreu em 15 de agosto de 2010 em um evento que ficou chamado de ‘The Value Overflow Incident (CVE-2010-5139)’.

Naquele dia o bloco 74.638 foi minerado e continha uma transação que criou 184.467.440.737,09551616 Bitcoins para três endereços diferentes.

Um dos desenvolvedores do Bitcoin, Jeff Garzik, percebeu o erro e o anunciou no fórum bitcointalk.

Este número de Bitcoins é acima de seu limite máximo estipulado, e Garzik classificou o ocorrido como sendo ‘um bug, óbvio’.

À época não havia verificações para garantir que valores tão grandes não pudessem ser enviados.

Assim, Satoshi postou uma atualização de código para esse bug cerca de 5 horas após a sua descoberta.

Estes Bitcoins provenientes do bug da rede não existem mais.

A segunda vez ocorreu em 03 de dezembro de 2013 (CVE-2013-3220).

À época a rede Bitcoin sofreu um fork por divergências entre as versões 0.7 e 0.8 do software, assim uma rede paralela seguiu em concomitância à rede principal.

Com este problema o preço do Bitcoin, que já possuía um valor transacional, chegou a cair mais de 20%.

Halving

A rede Bitcoin opera sem travamentos há anos, e assim estima-se que cada bloco será impreterivelmente minerado a cada 10 minutos.

Entretanto, este é um tempo estimado.

A cada 210.000 blocos minerados deverá ocorrer um ‘halving’, processo ao qual reduz pela metade a inflação da criptomoeda Bitcoin.

Isso ocorre porque após cada halving a recompensa por bloco minerado cai pela metade.

No início, cada bloco pagava 50 Bitcoins como recompensa, sendo que o primeiro halving do Bitcoin ocorreu em 28 de novembro de 2012.

Depois disto a rede passou a pagar 25 Bitcoins por bloco minerado, e levou ao segundo halving que ocorreu no dia 09 de julho de 2016.

A seguir cada bloco minerado passou a pagar 12,5 Bitcoins, e levou ao terceiro halving que ocorreu em 11 de maio de 2020.

Assim, agora cada bloco minerado paga 6,25 Bitcoins.

O próximo halving da rede Bitcoin está estimado para ocorrer no dia 21 de março de 2024, o qual deverá reduzir para 3,125 o número de Bitcoins como recompensa.

No momento desta redação, segundo o site CoinMarketCap, faltavam 68.869 blocos a serem minerados para chegar o quarto halving.

A rede estava minerando o bloco de número 771.131 dos 840.000 programados para o próximo halving.

 

No total deverão ocorrer 32 halvings para atingir o suprimento máximo de Bitcoins minerados, portanto, conforme comentado, o ano estimado será 2140.

Estimado, porque conforme mostrado, caso siga a lógica e os fatos sobre as datas de ocorrência de cada halving, cada ciclo está durando menos do que quatro anos, e pode ser que o suprimento máximo seja atingido antes de 2140.

Quase 21 milhões

Há uma informação unânime entre os integrantes do ecossistema dos ativos criptografados de que serão minerados 21 milhões de Bitcoins.

Entretanto, este número é aproximado e arredondado por motivos lógicos.

Com o decaimento pela metade da recompensa por bloco minerado de Bitcoin, em algum momento, mais especificamente no halving de número 32 (a partir do bloco 6.720.000), a recompensa por bloco minerado será de apenas um Satoshi.

Como a unidade fracionária, Satoshi, não se divide, não haverá um halving de número 33, pois o processo será finalizado por não poder atribuir como recompensa exatos 0,5 Satoshi.

O ponto aqui é que nenhum número divido por 2, mesmo que seja feito de forma infinita, chegará ao zero absoluto.

E este número terá infinitamente casas após a vírgula.

Assim, após o último bloco minerado na rede Bitcoin terão sido minerados um total de 20.999.999,9769 criptomoedas.

Assim, faltarão 2,31 milhões de Satoshis para o valor redondo de 21 milhões de Bitcoins.

Vale lembrar que cada Bitcoin é composto por 100 milhões de Satoshis.

Mas por que ’21 milhões’?

No White Paper do Bitcoin, Satoshi Nakamoto não deixou especificado o número de Bitcoins que seriam minerados ao todo.

Mas esta questão foi levantada à época por Mike Hearn, um desenvolvedor de softwares, ex-funcionário do Google.

Em abril de 2009, Hearn que se comunicava com Satoshi questionou alguns pontos sobre a rede Bitcoin em um email enviado ao criador do Bitcoin.

Trecho editado da conversa por email entre Hearn e Satoshi

Assim disse Hearn: ‘Olá Satoshi, Li seu artigo sobre BitCoin com grande interesse. Porém, achei um pouco confuso – acredito que pode ser mais fácil de seguir se você fornecer alguns exemplos’. (sic)

Dentre as dúvidas de Hearn estavam (de forma bem resumida): do que eram compostos os blocos; questionou a escalabilidade diante do hash da cadeia; abordou a quantidade de energia para a mineração; perguntou sobre o uso de hardware personalizado para quebrar a rede; e falou sobre taxas de transação.

E a seguir veio a dúvida do porquê de haver um total de 24 milhões de Bitcoins.

Sim, a pergunta de Hearn remetia a esta quantidade equivocada de 24 milhões de unidades.

Satoshi agradeceu pelas perguntas feitas e disse que o número de 21 milhões de Bitcoins ‘foi um palpite’ e que foi ‘uma escolha difícil’.

‘Eu queria escolher algo que tornasse os preços semelhantes às moedas existentes, mas sem saber o futuro, isso é muito difícil. Acabei escolhendo algo no meio. Se o Bitcoin continuar sendo um nicho pequeno, valerá menos por unidade do que as moedas existentes. Se você imaginar que está sendo usado para alguma fração do comércio mundial, então haverá apenas 21 milhões de moedas para todo o mundo, então valeria muito mais por unidade’, disse Satoshi.

Com este número ’21’ e o comentário de Satoshi que diz: ‘valerá menos por unidade do que as moedas existentes’; é bastante certo que Satoshi estava se referindo ao suprimento de todo dinheiro FIAT (M1) existente no mundo à época, de aproximadamente US$ 21 trilhões.

Provavelmente esta semelhança numérica para um suposto fracionamento monetário levou Satoshi a este número.

Seguindo a ideologia de Satoshi na substituição do dinheiro FIAT por Bitcoin, e diante dos números apresentados, nesta circunstância cada Bitcoin valeria US$ 1 milhão.

Na visão de fracionamento, se um Bitcoin valesse US$ 1 milhão, cada Satoshi valeria US$ 0,01; menor fração da moeda praticada na grande maior parte do comércio (há exceções).

Vale lembrar que Satoshi gostava de associar fatos históricos ao protocolo Bitcoin.

Assim o fez no lançamento do Bloco Gênesis, com a citação do Portal The Times, e assim fez com o lançamento do White Paper do Bitcoin, no dia 31 de outubro, em referência a Martin Luther.

Pois bem, voltando ao email, Satoshi tentou contextualizar mais a sua explicação e disse que ‘os valores são inteiros de 64 bits com 8 casas decimais, portanto, 1 moeda é representada internamente como 100.000.000. Há muita granularidade se os preços típicos se tornarem pequenos. Por exemplo, se 0,001 vale 1 euro, pode ser mais fácil alterar onde o ponto decimal é exibido, portanto, se você tivesse 1 Bitcoin, agora é exibido como 1000 e 0,001 é exibido como 1’. (sic)

Mas existe uma outra visão que remete ao número de blocos minerados por halving, 210.000, onde o número 21 aparece novamente.

Ao estabelecer a recompensa por bloco minerado inicial em 50 Bitcoins, e tendo em vista que a cada halving este número cai pela metade, a somatória de todos os valores de recompensas em cada ciclo nunca chegará a 100, mas chegará ‘muito’ próximo.

Arredondando, 210.000 blocos multiplicado por 100 é igual a 21.000.000.

E assim, aparentemente o fator econômico do volume de dinheiro FIAT (M1) levou Satoshi a escolher o suprimento máximo do Bitcoin, e a lógica matemática conduziu a confecção de outros parâmetros na rede.

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Redator da Revista Bitnotícias
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