Calote do governo dos EUA impulsiona Bitcoin, até onde o BTC vai subir?

Paralisação do Governo dos EUA O que isso pode causar no preço do Bitcoin
  • Shutdown dos EUA reforça Bitcoin como refúgio em tempos de crise.
  • ETFs de BTC registram fortes aportes e sustentam valorização.
  • Analista prevê Bitcoin testando US$ 120 mil em breve.

O shutdown do governo dos Estados Unidos abriu espaço para um movimento inusitado no mercado financeiro global: o avanço do Bitcoin (BTC) como ativo de proteção. O preço da criptomoeda atingiu US$ 117.524, máxima de duas semanas, em meio à paralisação das atividades federais e ao aumento da aversão ao risco.

De acordo com o analista Marcel Pechman, o momento mostra que investidores procuram alternativas diante da instabilidade em Washington. “O calote técnico dos EUA funciona como um gatilho de incerteza, e isso fortalece o papel do Bitcoin como reserva independente”, afirmou.

Os rendimentos dos Treasuries de 10 anos caíram nesta quarta-feira, sinalizando que investidores aceitaram retornos menores em troca da segurança da dívida americana. O ouro disparou para US$ 3.895 por onça, um recorde, confirmando o movimento para ativos tradicionais de proteção.

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Para Pechman, o diferencial está na resposta do Bitcoin. “Diferente de 2018, quando o shutdown coincidiu com queda de 9% no BTC, agora vemos o ativo se descolar da bolsa e ganhar fluxo positivo”, explicou. Os ETFs de Bitcoin à vista receberam US$ 430 milhões em aportes no mesmo período, enquanto os índices acionários permaneceram praticamente estáveis.

O histórico recente serve como alerta. No fechamento de 2018, o governo enfrentou 35 dias de paralisação. Naquele período, o S&P 500 caiu 12% antes de se recuperar, mas o Bitcoin recuou de US$ 3.900 para US$ 3.550, ainda pressionado por regulações mais rígidas e liquidez reduzida.

Bitcoin em alta

O mercado precisa lembrar que um shutdown prolongado reduz gastos do governo, atrasa dados oficiais e amplia a incerteza econômica”, destacou Pechman. Ele lembrou que, em 2018, as regras da FATF sobre lavagem de dinheiro impactaram diretamente o setor cripto, intensificando a queda.

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Imagem: coinmarketcap

Diferente daquele momento, agora os ETFs de Bitcoin somam quase US$ 147 bilhões em ativos sob gestão, consolidando um mercado institucional que não existia com tanta força anos atrás. Para efeito de comparação, o ouro, avaliado em US$ 26 trilhões, movimenta US$ 461 bilhões em ETFs.

“O ingresso de grandes fundos ao Bitcoin mostra que o ativo já se firmou como instrumento de diversificação. Os US$ 430 milhões de ontem não são apenas fluxo tático, mas parte de uma tendência estrutural”, afirmou o analista.

A principal dúvida do mercado é o limite desse movimento. Com os rendimentos dos Treasuries em queda, o ouro em alta e o dólar pressionado, o Bitcoin encontra condições ideais para valorização. No entanto, tudo depende da duração do shutdown e da resposta das autoridades.

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Se a paralisação se estender por semanas, a criptomoeda pode testar rapidamente a faixa de US$ 120 mil e até buscar novos recordes históricos, já que a demanda institucional continua firme”, projetou Pechman. Ele ponderou, contudo, que volatilidade elevada deve permanecer no curto prazo, pois parte dos investidores ainda prefere realizar lucros diante da incerteza.

No balanço, o analista concluiu que o calote do governo americano acelerou uma dinâmica em curso: a busca por alternativas de reserva de valor fora do sistema financeiro tradicional. “O Bitcoin não depende de governos ou de bancos centrais, e isso se torna mais evidente quando o maior emissor de títulos do planeta paralisa suas atividades”, disse.

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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