No último dia 1º, Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, anunciou uma iniciativa para apoiar os médicos do país em meio à pandemia de coronavírus. A iniciativa “Médicos e Médicas da Pátria” distribuirá 1 Petro para cada médico do país.
Os Petros serão entregues aos profissionais por meio do “Cartão da Pátria”, utilizando o “Sistema Pátria”, uma plataforma usada pelo governo para contornar o sistema bancário do país. O sistema é usado para a emissão de bônus e subsídios usando a criptomoeda estatal do país, o Petro.
Vale lembrar que o Petro tem seu valor lastreado ao valor do barril de petróleo do país, principal de renda da Venezuela. Com as recentes flutuações no valor do petróleo, cada barril está atualmente cotado em cerca de US$ 27.
Contudo, o governo venezuelano alega que cada token representa o valor de US$ 60. Porém, o preço do Petro praticado em plataformas de negociação no país, como a localbitcoins, é consideravelmente mais baixo, oscilando entre US$ 20 e US$ 27.
Entretanto, cabe destacar que o país passa por uma das maiores inflações já registradas na história. O salário mínimo na Venezuela equivale cerca de US$ 6,50, já incluso o valor de US$ 2.89 referente a vale-alimentação. Assim, a iniciativa governamental anunciada esta semana, levaria aos médicos meses de salários mínimos, mesmo considerando o valor mais baixo negociado do Petro.
Hospitais venezuelanos perecem em meio a crise
A decisão do governo emitir bônus dedicado aos médicos do país é controversa, dado a atual condição dos hospitais venezuelanos. Recentemente, uma reportagem da Vice apontou o despreparo dos hospitais perante ao avanço da pandemia de COVID-19 no país.
Segundo a matéria, muitos hospitais do país já enfrentam escassez de equipamentos de proteção para os profissionais. Segundo o líder sindical de clínicas e hospitais de Caracas, Mauro Zambrano, a maioria das instalações médicas na capital da Venezuela não tem sabão ou desinfetante – muitos nem sequer têm água corrente.
“Meu medo é que não tenhamos suprimentos na próxima semana, quando os casos deverão aumentar”, disse Maria Eugenia Landaeta, chefe de doenças infecciosas da Universidade de Caracas.