Ethereum desiste e muda foco para 2026

O fim da festa? Tesourarias de Ethereum derretem e revelam fraqueza inesperada no mercado
  • Ethereum desacelera e prioriza segurança até 2026.
  • zkEVMs avançam, mas riscos criptográficos freiam lançamentos.
  • Instituições crescem enquanto complexidade vira desafio central.

A Ethereum Foundation decidiu rever prioridades e mudar o foco estratégico para 2026. A mudança representa uma inflexão clara no desenvolvimento técnico da rede. Em vez de acelerar lançamentos, a fundação passou a priorizar segurança acima de velocidade, especialmente no avanço das zkEVMs, as máquinas virtuais baseadas em provas de conhecimento zero.

A decisão ocorre após avanços expressivos de desempenho. Equipes reduziram o tempo de prova de 16 minutos para 16 segundos e cortaram custos em até 45 vezes. Atualmente, 99% dos blocos do Ethereum já podem ser provados em menos de 10 segundos em hardware compatível, segundo dados técnicos recentes.

Apesar disso, a fundação afirmou que o maior risco não está mais na performance, mas na segurança criptográfica dos sistemas utilizados. Em publicação de 18 de dezembro, a Ethereum Foundation classificou a segurança como “o elefante na sala” do desenvolvimento das zkEVMs.

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O alerta se concentra no uso de sistemas baseados em STARKs que dependem de conjecturas matemáticas ainda não totalmente comprovadas. Pesquisas recentes começaram a questionar essas suposições, levantando riscos considerados inaceitáveis para aplicações em mainnet.

De acordo com a fundação, um único ataque bem-sucedido poderia permitir falsificação de provas, criação indevida de tokens e reescrita do estado da rede. Diante disso, a entidade estabeleceu um novo roteiro técnico com três marcos obrigatórios até o fim de 2026.

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Pontos da mudança

O primeiro ponto central do novo plano é a exigência de 128 bits de segurança comprovável para zkEVMs em nível de produção. Esse padrão segue recomendações de organismos internacionais de padronização criptográfica e passa a ser condição mínima para a mainnet.

Até fevereiro de 2026, equipes deverão integrar seus sistemas ao soundcalc, ferramenta criada para estimar níveis reais de segurança. Em maio de 2026, o objetivo passa a ser 100 bits de segurança comprovável, com provas finais inferiores a 600 kilobytes. Além disso, os projetos precisarão apresentar descrições compactas e auditáveis de suas arquiteturas de recursão.

O marco final, previsto para o fim de 2026, exige 128 bits de segurança, provas abaixo de 300 kilobytes e argumentos formais de solidez. Para George Kadianakis, o momento é estratégico para travar padrões antes que arquiteturas se tornem instáveis.

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De acordo com ele, a verificação formal só alcança seu potencial máximo quando os sistemas deixam de mudar constantemente. Avanços recentes tornam essas metas viáveis, incluindo esquemas como WHIR, JaggedPCS e topologias de recursão mais estruturadas.

Ethereum muda de foco

A fundação anunciou que divulgará documentos técnicos detalhados em janeiro, explicando como atingir esses requisitos. Enquanto desacelera o ritmo técnico, o Ethereum também amplia sua atuação institucional.

Em outubro, a fundação lançou o portal Ethereum for Institutions, voltado a empresas e instituições financeiras. A plataforma destaca a estabilidade da rede, com mais de 1,1 milhão de validadores e histórico contínuo de funcionamento.

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O foco recai sobre tecnologias de privacidade já operacionais, como provas de conhecimento zero, computação homomórfica e ambientes confiáveis. Projetos como Chainlink, RAILGUN e Aztec Network aparecem como exemplos ativos.

De acordo com a RWA.xyz, o Ethereum concentra mais de 66% dos ativos do mundo real tokenizados atualmente. Grandes nomes como BlackRock, Securitize e Ondo Finance já operam na rede.

Recentemente, o JPMorgan Chase lançou seu primeiro fundo tokenizado no Ethereum. O fundo MONY começou com US$ 100 milhões e atende investidores qualificados via a plataforma Kinexys. Apesar desse avanço, a complexidade do protocolo virou preocupação central. O cofundador Vitalik Buterin alertou que sistemas excessivamente complexos ameaçam a confiança descentralizada.

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Para ele, menos pessoas conseguem entender o Ethereum por completo, o que enfraquece a noção de confiança sem intermediários. Buterin defende aceitar menos funcionalidades se isso ampliar o número de pessoas capazes de auditar o protocolo. A fundação reconheceu o problema e descreveu o Ethereum como complexo demais para a maioria dos usuários.

Como resposta, o plano prevê carteiras inteligentes, simplificação de taxas e melhor gestão de chaves. Paralelamente, a fundação pausou temporariamente novos grants abertos, priorizando financiamento mais direcionado de infraestrutura.

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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