O FBI lançou uma investigação sem precedentes a fim de desmascarar fraudes no mercado de criptomoedas. O Departamento Federal de Investigação dos EUA criou até um token digital para expor atividades criminosas no setor.
Com isso, o FBI conseguiu acusar três empresas de criptomoedas e 15 indivíduos de fraude massiva e manipulação de mercado. A ação resultou em quatro prisões, cinco acordos de confissão de culpa e a apreensão de mais de US$ 25 milhões em ativos digitais.
O procurador interino dos Estados Unidos, Joshua Levy, destacou que os acusados participaram de negociações fraudulentas para inflar artificialmente o volume de negociação de diversos tokens. Isso prejudicou investidores inocentes que, no final, ficaram com “a conta na mão”.
Levy classificou o caso como uma mistura de fraude financeira tradicional com o uso de tecnologia moderna. Ele mencionou o esquema de “pump and dump”, prática recorrente nos mercados financeiros.
Empresas envolvidas
As acusações recaem sobre as empresas Gotbit, ZM Quant e CLS Global, além de seus líderes e funcionários. Essas companhias teriam cometido práticas fraudulentas que incluíam manipulações de mercado e “wash trading”. Trata-se de um esquema que realiza operações fictícias a fim de criar a ilusão de demanda e volume no mercado. O FBI, em parceria com promotores federais de Boston, conduziu a investigação que resultou nas acusações.
Entre as ações mais surpreendentes da investigação, o FBI criou sua própria empresa de criptomoedas. A NexFundAI lançou um token na blockchain Ethereum como parte da estratégia. Três empresas, incluindo ZM Quant e CLS Global, concordaram em manipular esse token. Contudo, o FBI monitorou de perto as atividades para garantir que isso não afetaria investidores de varejo.
Fraude de bilhões de dólares
Um dos casos mais notórios envolve a empresa Saitama. O valor de mercado da empresa atingiu US$ 7,5 bilhões graças à manipulação de tokens promovida por sua liderança. O CEO da empresa, Manpreet Singh Kohli, foi preso no Reino Unido por seu envolvimento no esquema.
Já o CEO da Gotbit, Aleksei Andriunin, foi detido em Portugal, enquanto dois de seus funcionários na Rússia também enfrentam acusações. A Gotbit esteve envolvida em práticas manipulativas desde 2018, prestando serviços fraudulentos a diversos clientes de criptomoedas para aumentar os volumes de negociação de tokens.
Outras figuras envolvidas no esquema, como Liu Zhou e Riqui Liu, atuavam em operações de “market making” (criação de mercado). O FBI também acusou essas pessoas.