O governo dos EUA pretende vender outros 51.000 Bitcoins (BTC) de parte das criptomoedas apreendidas da plataforma de ‘dark web’, Silk Road.
No dia 14 de março deste ano o governo norte-americano vendeu uma parte destas criptomoedas, um total de 9.861 BTC, no valor de mais de US$ 215 milhões, da plataforma que inicialmente funcionou entre os anos de 2011 a 2013.
À época, Ross Ulbricht, fundador da Silk Road, foi preso e condenado à prisão perpétua. Outro personagem desta história, James Zhong, também foi preso posteriormente e se declarou culpado pelo crime de fraude eletrônica onde o Departamento de Polícia apreendeu mais de 69.000 BTC.
Zhong explorou uma vulnerabilidade no sistema de custódia de criptomoedas da plataforma e furtou praticamente todas as criptomoedas ali presentes.
Para isso, Zhong financiou as contas fraudulentas com um depósito inicial entre 200 e 2.000 Bitcoins. Então, usou um atraso no sistema de transações da plataforma que permitia a retirada de depósitos próprios diversas vezes, e assim desencadeou uma rápida série de transações que lhe permitiram transferir as dezenas de BTC para suas próprias contas.
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Bitcoins apreendidos
De acordo com analistas da 21Shares, os EUA possuem uma quantidade significativa de 205.515 BTC, que estão em posse do gabinete do presidente e de agências federais dos EUA após várias grandes apreensões da criptomoeda.
Isso inclui o confisco de 69.369 BTC no caso Silk Road em novembro de 2020, e o confisco de 94.643 BTC de Ilya Lichtenstein e sua esposa Heather Morgan, suspeito de hackear a exchange Bitfinex.
Segundo informações computadas no mês de março deste ano, as autoridades dos EUA possuíam aproximadamente 1,06% da oferta circulante de BTC.
Agora, o Departamento de Justiça dos EUA disse que “o governo pretende vender todos os Bitcoins confiscados em quatro lotes durante este ano civil’, disse o Tribunal dos EUA em comunicado.
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De acordo com a PeckShieldAlert, ‘aproximados 51.351,9 BTC dos produtos do crime da Silk Road foram apreendidos pelo governo dos EUA em novembro de 2021 e março de 2022, e consolidados em 2 endereços: bc1q5s…0ch e bc1q2ra…cx7′.
Destes, 49.000 BTC, em valor estimado de US$ 1 bilhão, de carteiras relacionadas a apreensões do governo dos EUA foram transferidos para a exchange Coinbase.
Segundo especialistas do mercado criptográfico, a expansão da crise bancária mundial nivelou o impacto negativo da venda em massa de Bitcoins, à medida que os investidores globais começaram a manter seus ativos fora do sistema financeiro tradicional.
Ross Ulbricht
Ross Ulbricht é um infrator primário que atualmente cumpre sentença dupla de prisão perpétua, sem liberdade condicional, por ter criado um site de comércio eletrônico anônimo quando tinha 26 anos.
Aos 29 anos, Ulbricht, um rapaz considerado como sendo ‘um escoteiro, cientista e empresário pacífico’, foi preso sem qualquer acusação de crime violento, e nunca foi processado por causar danos ou lesões corporais a nenhuma vítima, tanto que a sua prisão é classificada como injusta.
‘Há um forte consenso bipartidário de que a sentença de Ross é um erro judiciário, disse o pai de Ulbricht, citando mais de 250 organizações, indivíduos eminentes, e líderes expressaram apoio de clemência ao rapaz. Inclusive há um abaixo-assinado no site Change.org com pedido de clemência para a soltura do rapaz.
Recentemente, no dia 27 de março, Ulbricht fez uma publicação em sua conta do Twitter onde disse: ‘Fui preso com 29 anos e hoje completo 39. Perdi meus 30 para a prisão. Durante esse tempo, fiz o possível para aprender com meus erros, melhorar a mim mesmo e ajudar os outros a fazerem o mesmo. Espero que um dia eu possa fazer as pazes como um homem livre também’.
Supostamente injusto
O ponto consternante sobre a condenação de Ulbricht é que o rapaz criou uma plataforma de internet onde pessoas a usaram para fins ‘escusos’, como a venda de drogas, pornografia infantil, além de outros itens ilegais. A plataforma possuía certo controle sobre ‘grupos de vendas’.
O caso se tornou emblemático, pois alguns traficantes de drogas que usavam o site também foram presos. Entretanto, estes pegaram pena máxima de 8 a 10 anos de prisão, enquanto o rapaz recebeu condenação de prisão perpétua.
Atualmente, todos os envolvidos no caso estão em liberdade, menos Ulbricht.
No abaixo-assinado feito pelo pai de Ulbricht no site Change.org, ele diz que o filho ter criado a Silk Road foi ‘um erro terrível do qual ele se arrepende profundamente’, e que este nunca teve a intenção de prejudicar alguém, mas hoje paga um alto preço por infringir a lei.
‘Ross (Ulbricht) não é um perigo para ninguém. Se fosse solto amanhã, nunca mais chegaria perto de infringir a lei. Ross está cumprindo seu 10º ano de prisão. Ele se apega à esperança de uma segunda chance. Ele sonha com um futuro onde possa se reunir com seus entes queridos, começar uma família e fazer contribuições positivas para a sociedade’, diz o pai do rapaz.