Paraguai começa a usar Inteligencia artificial para combater mineradores de Bitcoin

Por Luciano Rodrigues
Foto: Dall-e 3

O governo paraguaio iniciou uma campanha rigorosa contra a mineração ilegal de Bitcoin, empregando inteligência artificial (IA) para identificar e desmantelar operações clandestinas. Em 21 de maio, a Administração Nacional de Eletricidade (ANDE) executou uma operação conjunta para desarticular uma fazenda de mineração de Bitcoin conectada ilegalmente à rede elétrica.

A ANDE informou que a operação utilizou ferramentas tecnológicas avançadas, incluindo a IA, para detectar “variações elétricas importantes”. Essas variações permitiram aos técnicos identificar e verificar flutuações na rede elétrica, associando-as à atividade de mineração ilegal. “O uso de IA foi crucial para detectar essas anomalias elétricas e nos ajudou a localizar a fazenda de mineração”, afirmou um porta-voz da ANDE.

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A fazenda estava localizada em um galpão na cidade de Saltos de Guairá, no departamento de Canindeyú. A operação contou com a participação de funcionários da ANDE, do Ministério Público e da Polícia Nacional do Paraguai. No local, foram encontrados 176 mineradores ASIC e dois transformadores elétricos de 1.000 kVA cada um. Os equipamentos de mineração foram apreendidos e levados para a sede da Promotoria em Saltos de Guairá, enquanto os transformadores foram lacrados e deixados no local como evidências para a investigação sobre roubo de energia elétrica.

As autoridades paraguaias estimam que a fazenda ilegal gerava um prejuízo patrimonial de aproximadamente US$ 900 mil por ano. Além disso, os custos da intervenção e as multas aplicáveis deverão ser pagos pelo responsável pelo imóvel.

“Estamos combatendo de maneira frontal e a nível nacional as conexões clandestinas e o uso indevido de energia elétrica, pois causam prejuízos econômicos significativos e afetam o funcionamento do sistema elétrico”, destacou a ANDE em comunicado.

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Bitcoin

Desde o início de 2024, a ANDE já realizou mais de 50 operações semelhantes, resultando na apreensão de mais de 6.000 mineradores de Bitcoin. Fernando Arriola, líder da vertical de Blockchain da Câmara Paraguaia de Fintech, explicou em uma entrevista que os equipamentos apreendidos passam por um processo de liquidação, através do qual o estado pretende recuperar parte das perdas causadas pela mineração ilegal.

“Os mineradores apreendidos são geralmente leiloados através de um processo legal, com anúncios em sites estatais e comunicados em jornais e outros meios”, disse Arriola.

No entanto, Arriola expressou dúvidas sobre a viabilidade desses leilões. “Os equipamentos apreendidos geralmente são de baixo desempenho e potência, pois os operadores ilegais compram mineradores baratos e lucram por não pagarem a energia. Sem custos com energia, até um Antiminer S9 se torna rentável”, comentou Arriola.

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Embora a IA tenha se mostrado eficaz na detecção de mineração ilegal, existem desafios contínuos. O engenheiro José Encina, assessor técnico da Entidade Binacional Yacyretá (EBY), destacou que as variações elétricas podem ser causadas por uma infraestrutura elétrica precária, um problema comum no Paraguai, que não consegue utilizar metade da energia que produz.

“A identificação precisa da mineração ilegal requer um equilíbrio entre a tecnologia e o entendimento das condições locais de infraestrutura”, afirmou Encina.

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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