SEC alerta que criptomoedas podem ser usadas para vigiar usuários

China reforça banimento de criptomoedas e alerta para riscos de stablecoins
  • Alerta da SEC destaca risco crescente de vigilância financeira global nas criptomoedas
  • Transparência blockchain pode virar arma poderosa contra a privacidade.
  • Reguladores discutem equilíbrio entre segurança e liberdade dos usuários.

A SEC lançou um novo sinal de alerta ao afirmar que criptomoedas podem ser usadas para vigiar usuários, caso autoridades adotem regras que empurrem a tecnologia para um caminho excessivamente intrusivo. O aviso partiu do presidente da agência, Paul Atkins, durante a sexta mesa-redonda da Crypto Task Force em 2025. Ele afirmou que a transparência das blockchains, embora essencial para auditorias, pode criar uma estrutura poderosa de monitoramento capaz de expor a vida financeira de qualquer pessoa.

Atkins explicou que cada transação registrada em uma blockchain pública permanece visível para sempre, algo que sustenta confiança, mas também abre espaço para rastreamento em massa. Assim, ele destacou que ferramentas avançadas de análise já conseguem ligar operações on-chain a identidades reais com mais facilidade. E, com a combinação certa de dados externos, governos poderiam transformar carteiras digitais em alvos permanentes de investigação.

O dirigente afirmou que o risco não está na tecnologia, mas na forma como autoridades decidem regulá-la. Ele alertou que, se cada endereço for tratado como suspeito, o sistema poderá evoluir para um “panopticon financeiro”, no qual usuários vivem sob vigilância constante. Para Atkins, esse cenário se agravaria caso reguladores passem a exigir a leitura total de históricos de transações, apenas porque essas informações estão disponíveis.

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Criptomoedas usadas para vigiar

No entanto, Atkins reforçou que ainda existe espaço para um caminho equilibrado. Ele disse que a própria blockchain oferece mecanismos que permitem cumprir regras sem violar direitos. Entre eles, citou zero-knowledge proofs, técnicas que permitem provar conformidade sem expor dados sensíveis. Além disso, mencionou sistemas de divulgação seletiva, que limitam quem pode ver determinadas informações, reduzindo riscos para usuários comuns.

A comissária Hester Peirce apoiou a avaliação e alertou contra a criação de intermediários obrigatórios apenas para facilitar a vigilância. Ela afirmou que esse movimento poderia enfraquecer a descentralização, que é justamente uma das bases das blockchains públicas. Peirce argumentou que obrigar empresas a assumir funções de controle excessivo não garante mais segurança e pode gerar pontos únicos de falha.

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Assim, a discussão girou em torno da necessidade de equilibrar dois objetivos legítimos: combater crimes financeiros e proteger a privacidade. Atkins afirmou que reguladores não podem escolher a via da vigilância ampla simplesmente porque a tecnologia permite esse acesso. Em vez disso, ele defendeu modelos que respeitem a privacidade desde o desenho inicial das normas.

Ao final, Atkins declarou que o destino das criptomoedas dependerá das decisões que forem tomadas agora. Para ele, a tecnologia pode fortalecer indivíduos e criar novas formas de inovação. Contudo, se usada como ferramenta de monitoramento, poderá se transformar na maior estrutura de vigilância financeira já criada, um risco que ele considera urgente e real.

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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