- SEC avança para transformar ações em tokens digitais
- Nasdaq e plataformas cripto apoiam negociação tokenizada
- Wall Street resiste, mas tokenização ganha força global
A Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) está prestes a dar um passo histórico nos mercados financeiros. A ideia em avaliação é permitir que ações sejam negociadas como criptomoedas no blockchain, num modelo que poderia mexer com Wall Street e aproximar ainda mais o sistema tradicional do universo digital. Empresas como Apple, Tesla e Nvidia poderiam ser algumas das primeiras a ter seus papéis tratados como tokens digitais, circulando em tempo real em redes distribuídas.
Embora a ideia já tenha apoio de plataformas de criptomoedas e bolsas fintech, enfrenta forte resistência de grandes instituições financeiras que lucram com o modelo atual de intermediação. Bancos e corretoras argumentam que a mudança ameaça o papel central que desempenham no processo de negociação e liquidação de ativos.
Apoio da Nasdaq e das plataformas cripto
A SEC já abriu consultas públicas sobre possíveis mudanças regulatórias que viabilizariam a tokenização de ações. A Nasdaq chegou a protocolar um pedido de alteração de regra para incluir ativos digitais tokenizados entre os instrumentos negociáveis. O período de comentários termina em 14 de outubro, e a expectativa é alta entre investidores de tecnologia.
Se aprovado, será a primeira vez que os mercados dos EUA reconhecerão oficialmente ações baseadas em blockchain. Esse movimento abriria espaço para que plataformas como Coinbase e Robinhood ampliem suas ofertas, dando acesso mais fácil a investidores que buscam maior flexibilidade.
A commissária da SEC, Hester Peirce, favorável às criptomoedas, declarou que o regulador está pronto para cooperar com empresas que tokenizem ativos. Ainda assim, reforçou que “títulos tokenizados continuam sendo títulos” e precisam cumprir todas as regras de valores mobiliários.
Resistência de Wall Street e impactos globais
A oposição também cresce. Gigantes como Citadel Securities, com mais de US$ 95 bilhões em ativos sob gestão, sustentam que a tokenização fragiliza salvaguardas do sistema financeiro. A Federação Mundial de Bolsas (WFE) chegou a enviar carta à SEC e à ESMA, pedindo maior supervisão sobre esses novos produtos, que, segundo a entidade, poderiam “imitar ações sem garantir direitos de acionistas”.
Apesar das críticas, a pressão por inovação continua forte. Grandes gestoras, como BlackRock, Franklin Templeton e KKR, já testaram tokenização, enquanto JPMorgan Chase admite uso ainda restrito..
O presidente da SEC, Paul Atkins, reforçou que o tema é prioridade. Em discurso recente, classificou a iniciativa como “um ponto de virada para os mercados dos EUA“, destacando que a harmonização regulatória com a CFTC pode acelerar a integração entre Wall Street e o blockchain.
No centro da discussão, permanece a ideia de que a tokenização pode se tornar a ponte definitiva entre finanças tradicionais e cripta economia, mas também pode representar apenas mais um capítulo de resistência entre inovação e conservadorismo.