- Dólar sinaliza alta e expõe riscos ocultos no mercado
- Concentração recorde em ações aumenta vulnerabilidade da economia americana
- Famílias dependem de ações e ficam mais expostas a crises
O dólar americano voltou ao centro das atenções nesta semana após um alerta de Adam Kobeissi, fundador do The Kobeissi Letter. O analista macroeconômico destacou que o Índice Bloomberg de Surpresa Econômica dos EUA registrou leitura positiva pela primeira vez desde fevereiro, sinalizando que a moeda pode se fortalecer em breve.
Segundo Kobeissi, esse movimento reflete dados recentes que surpreenderam o mercado, como o crescimento do PIB do segundo trimestre, os pedidos de auxílio desemprego e os números de gastos pessoais. Historicamente, quando o índice permanece positivo, o dólar tende a valorizar.
Concentração no mercado de ações aumenta risco
Enquanto o dólar mostra sinais de recuperação, o mercado acionário americano enfrenta um alerta diferente. Kobeissi apontou que a concentração nunca foi tão extrema. Hoje, os 10% maiores papéis representam 78% de todo o valor de mercado dos EUA, superando inclusive o recorde da década de 1930.
Esse nível também ultrapassa a marca atingida no auge da bolha das pontocom, quando a concentração chegou a 74%. No S&P 500, o peso das 10 principais ações atingiu 41%, outro recorde histórico. Para o analista, essa dependência excessiva de poucos ativos lembra condições que precederam crises anteriores.
Em paralelo, as posições especulativas contra o dólar alcançaram o nível mais alto desde 2021. Essa combinação, segundo Kobeissi, pode criar volatilidade intensa nos mercados caso o dólar suba de forma abrupta e obrigue investidores a reverem suas estratégias.
Famílias americanas expostas ao risco
Outro ponto levantado é o perfil de riqueza das famílias dos EUA. As ações representam 32% de todos os ativos familiares, superando imóveis, seguros e previdência. Além disso, essa dependência deixa o patrimônio das famílias vulnerável a qualquer oscilação mais forte na bolsa.
Em outros países, a situação é bem diferente. Na China, por exemplo, os imóveis concentram 55% da riqueza das famílias, enquanto as ações somam apenas 11%. No Reino Unido, Coreia do Sul e Austrália, a exposição ao mercado imobiliário supera 57%, enquanto os investimentos em bolsa ficam abaixo de 10%.
Esse contraste mostra como a economia americana está mais sensível a movimentos do mercado acionário. Porém, para Kobeissi, se o dólar disparar e a bolsa perder força, a pressão pode ser significativa tanto para investidores institucionais quanto para famílias comuns.