- Traders de criptomoedas perdem US$ 20 bilhões em um único dia.
- Alta alavancagem e guerra tarifária derrubam o mercado cripto.
- Queda brutal redefine níveis de suporte e acende alerta global.
O mercado de criptomoedas enfrentou uma de suas maiores quedas do ano no dia 10 de outubro. Em apenas 24 horas, traders perderam mais de US$ 20 bilhões, segundo dados da CoinGlass. A combinação de liquidações em massa, alta alavancagem e tensões comerciais globais criou um cenário de pânico que arrastou todo o setor para baixo.
As corretoras Binance, OKX e Bybit lideraram os volumes de liquidação, respondendo por mais de US$ 7 bilhões das perdas registradas. A Binance sozinha viu quase US$ 100 milhões em posições encerradas, divididas entre US$ 58,42 milhões em posições compradas e US$ 41,34 milhões em vendidas. A Bybit liquidou mais de US$ 50 milhões, enquanto a OKX e a Gate.io completaram a lista com volumes expressivos de US$ 38 milhões e US$ 35 milhões, respectivamente.
A tempestade perfeita começou quando Donald Trump reacendeu o medo de uma guerra tarifária com a China ao anunciar novas tarifas de 100% sobre produtos chineses. O comentário, feito no mesmo dia 10, desencadeou uma fuga global de “ativos de risco”, incluindo as criptomoedas. Em questão de horas, o Bitcoin caiu abaixo de US$ 110 mil, enquanto o Ether desabou mais de 8%.
O movimento não ficou restrito às criptos. Bolsas internacionais recuaram, e o sentimento de risco contaminou todos os mercados. No caso das criptomoedas, a alta alavancagem nos contratos futuros amplificou o impacto. Milhares de traders apostavam em uma retomada rápida dos preços, mas quando o movimento se inverteu, as plataformas acionaram liquidações automáticas, provocando uma cascata de fechamentos forçados.
A mecânica das liquidações nas criptomoedas
As liquidações acontecem quando o preço de um ativo se move contra o trader alavancado e sua margem de segurança se torna insuficiente. Para evitar saldos negativos, as bolsas encerram automaticamente as posições, mas quando isso ocorre em larga escala, a pressão de venda aumenta, intensificando as quedas.
No dia 10, 1,6 milhão de traders foram liquidados, a maioria em posições compradas. Em alguns momentos, as liquidações ultrapassaram US$ 7 bilhões por hora, um recorde histórico. O resultado foi um tombo de US$ 125 bilhões na capitalização total do mercado, levando o valor global das criptomoedas a um dos patamares mais baixos desde julho.
Embora a queda tenha sido brutal, analistas apontam que o episódio pode representar uma correção técnica necessária após meses de alta intensa. O excesso de posições alavancadas cria distorções no mercado, e liquidações em massa, embora dolorosas, redefinem níveis de suporte e removem o “excesso de otimismo”.
Ainda assim, a volatilidade deve permanecer. A incerteza sobre a política comercial dos Estados Unidos e o comportamento dos investidores institucionais podem determinar se o Bitcoin retomará o patamar dos US$ 120 mil ou se a tendência de queda continuará nas próximas semanas.