- Vitalik Buterin pede ação rápida para evitar que criptografia fique obsoleta.
- Computação quântica ameaça a segurança de todas as blockchains atuais.
- Especialistas alertam que Bitcoin pode precisar de fork antes de 2030.
O criador do Ethereum, Vitalik Buterin, fez um alerta contundente que movimentou todo o setor cripto ao afirmar que os computadores quânticos poderão quebrar a segurança das criptomoedas até 2030.
Durante um encontro com desenvolvedores em Buenos Aires, ele afirmou que o avanço acelerado da tecnologia ameaça diretamente a base matemática que sustenta carteiras, assinaturas e transações em redes como Bitcoin e Ethereum. Segundo ele, “as curvas elípticas vão morrer”, indicando que a criptografia atual pode se tornar inútil diante da capacidade dos novos processadores quânticos.
A preocupação se intensificou após anúncios recentes de gigantes da tecnologia. No mês passado, o Google revelou um avanço significativo em computação quântica, logo após a Microsoft anunciar, em fevereiro, um chip capaz de habilitar operações quânticas em maior escala.
Esses movimentos colocaram o risco no centro do debate entre pesquisadores e desenvolvedores. Vitalik disse que, se o ritmo continuar, milhões de carteiras antigas e assinaturas não atualizadas poderão ser vulneráveis em poucos anos.
O matemático e pesquisador de computação quântica Scott Aaronson reforçou o alerta em uma publicação recente. Ele afirmou que existe uma “possibilidade real” de que um computador quântico tolerante a falhas, capaz de rodar o algoritmo de Shor, possa surgir antes das eleições americanas de 2028.
Esse algoritmo pode quebrar a criptografia que protege tanto o Bitcoin quanto o Ethereum. Aaronson explicou que, assim que os equipamentos atingirem escala, chaves privadas antigas poderão ser reveladas rapidamente. Esse cenário coloca em risco qualquer carteira que nunca tenha sido movimentada.
Vitalik Buterin faz alerta sobre computação quântica
A reação no setor foi imediata. O investidor Nic Carter afirmou que a magnitude da ameaça provocou um sentimento urgente de ação. Ele escreveu que precisa trabalhar com “a máxima intensidade possível” para pressionar por soluções.
Já Alex Pruden, especialista em risco e CEO do Project 11, pediu seriedade, mas não pânico. Ele afirmou que o problema não é teórico, mas físico: quando as máquinas atingirem um certo limite, a matemática simplesmente deixa de proteger as redes.
No ecossistema do Bitcoin, o clima também mudou. O CEO da Alice & Bob, Théau Peronnin, afirmou que os desenvolvedores têm “alguns bons anos pela frente”, mas alertou que não manteria Bitcoin por longo prazo sem mudanças estruturais.
De acordo com ele, a rede “precisa fazer um fork até 2030” para adotar uma criptografia resistente a ataques quânticos. Ele disse ainda que os computadores quânticos devem se tornar ameaças reais logo depois dessa data, o que deixaria pouco espaço para improvisos.
Vitalik explicou que o Ethereum já discute caminhos para lidar com o risco. Ele disse que a rede pode “ossificar” camadas diferentes em velocidades distintas. A camada de consenso pode congelar antes, enquanto a EVM pode permanecer flexível para ajustes futuros. Ele defendeu que grande parte da inovação deve migrar para Layer 2, carteiras e ferramentas de privacidade, porque isso preserva o nível de segurança do protocolo base enquanto permite evolução.
O fundador do Ethereum lamentou, porém, que o ecossistema tenha perdido parte do “espírito de exploração” dos primeiros anos. Ele criticou equipes que preferem copiar modelos existentes em vez de imaginar novas soluções. Mas reforçou que a necessidade de adaptação diante da ameaça quântica pode reacender esse impulso criativo.
Para Vitalik, o setor precisa agir de forma rápida e coordenada, porque a era da computação quântica chegou mais cedo do que muitos imaginavam.
