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O Evangelho de Satoshi Nakamoto – Cap. 1 vers. 5

Por Leonardo Broering Jahn
Foto: BitNotícias

Boa tarde povo..

No versículo 4 postei a segunda parte de “Evolução, Cooperação, e Colecionáveis”, neste: “Ganhos de Transferência de Riqueza”.

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Ganhos de Transferência de Riqueza

Pessoas, clãs ou tribos fazem trocas voluntariamente porque os dois lados acreditam estar ganhando algo. Suas crenças a respeito do valor podem mudar depois da troca, por exemplo quando adquirem experiência com o bem ou serviço. Suas crenças na hora da troca, embora imprecisas até certa medida quanto ao valor, ainda são geralmente corretas quanto à existência de ganho. Especialmente no início do comércio inter tribal, restrito a itens de alto valor, havia um forte incentivo para cada parte acertar suas crenças. Dessa forma o comércio quase sempre beneficiou ambas as partes. O comércio criava tanto valor como o ato físico de fazer algo.

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Porque indivíduos, clãs, e tribos variam em suas preferências, variam em sua habilidade de satisfazer essas preferências, e variam nas crenças que têm a respeito dessas habilidades e preferências e os objetos que são consequentes delas, há sempre ganhos a serem obtidos através do comércio. Se os custos de fazer essas trocas – custos de transação – são baixos o suficiente para fazer com que os negócios valham a pena é outra questão. Em nossa civilização, temos muito mais possibilidades de troca do que durante a maior parte da história humana. No entanto, como veremos alguns tipo de trocas valiam mais do que os custos de transação, para algumas culturas, provavelmente voltando na origem do homo sapiens sapiens.

Trocas voluntárias não são os únicos tipos de transação que se beneficiam de baixos custos de transação. Essa é a chave para entender a origem e evolução do dinheiro. Heranças de família poderiam ser usadas como garantia para remover o risco do crédito de trocas atrasadas. A habilidade de uma tribo vitoriosa de extrair tributos de uma derrotada era de grande benefício ao vencedor. A habilidade do vencedor de coletar tributos beneficiou-se dos mesmos tipos de técnicas de custo de transação que o comércio. Da mesma forma que o requerente em uma avaliação dos danos por ofensas contra os costumes ou a lei, e grupos de parentesco que organizam um casamento. Os familiares também se beneficiaram de presentes de riqueza oportunos e pacíficos através de herança. Os principais acontecimentos da vida humana que as culturas modernas segregam do mundo do comércio beneficiaram-se não menos que o comércio, e algumas vezes até mais, de técnicas que baixaram os custos de transação. Nenhuma dessas técnicas foi mais efetiva, importante, ou anterior que o dinheiro primitivo – colecionáveis.

Quando o H. sapiens sapiens deslocou o H. sapiens neanderthalis, explosões populacionais seguiram-se. Evidências da ocupação¹ na Europa, c. 40.000 a 35.000 A.P, indicam que o H. sapiens sapiens aumentou a capacidade de carga de seu ambiente por um fator de 10 sobre o H. sapiens neanderthalis – isto é, a densidade populacional cresceu dez vezes[C94]. Não somente isso, os recém-chegados tiveram tempo livre para criar a primeira arte do mundo – como as maravilhosas pinturas das cavernas, uma ampla variedade de figuras bem trabalhadas – e, claro, os maravilhosos pingentes e colares de conchas marinhas, dentes, e casca de ovos.

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Esses objetos não eram decorações inúteis. Transferências de riqueza recentemente efetivas, possibilitadas por colecionáveis assim como outros avanços prováveis da época, linguagem, criaram novas instituições culturais que, muito provavelmente, desempenharam um papel principal no aumento da capacidade de carga

Os recém-chegados, H. sapiens sapiens, tinham o cérebro do mesmo tamanho, ossos mais fracos, e músculos menores do que os Neandertais. Suas ferramentas de caça eram mais sofisticadas, mas em 35.000 A.P elas eram basicamente as mesmas ferramentas – não eram nem duas vezes melhores provavelmente, muito menos dez vezes mais eficazes. A maior diferença pode ter sido as transferências de riqueza tornadas mais efetivas ou até possíveis pelos colecionáveis. O H. sapiens sapiens tinha prazer em colecionar conchas, fazer jóias com elas, exibi-las, e trocá-las. O H. sapiens neanderthalis não. A mesma dinâmica teria estado em funcionamento, dezenas de milhares de anos anteriormente, no Serengeti, quando o H. sapiens sapiens apareceu pela primeira vez naquele turbilhão dinâmico de evolução humana, a África.

Descreveremos como os colecionáveis diminuíram os custos de transação em cada tipo de transferência de riqueza – no presente gratuito da herança, no comércio mútuo voluntário ou casamento, e nas transferências involuntárias de ajustes legais e tributos.

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Todos esses tipos de transferência de valor ocorreram em muitas culturas da pré história humana, provavelmente desde a origem do Homo sapiens sapiens. Os ganhos a serem obtidos, por um ou ambos os lados, a partir dessas transferências de riqueza de grandes eventos da vida, eram tão grandes que elas ocorriam apesar dos altos custos de transação. Comparado ao dinheiro moderno, o dinheiro primitivo tinha uma velocidade muito pequena – poderia ser transferido apenas um punhado de vezes na vida média de um indivíduo. No entanto, um colecionável durável, o que hoje chamaríamos de herança, poderia persistir por muitas gerações e agregar valor substancial em cada transferência – muitas vezes possibilitando até a transação em absoluto. As tribos, portanto, gastavam bastante tempo em tarefas aparentemente frívolas de fabricar e explorar por matéria-prima de jóias e outros colecionáveis.

O Circuito Kula

A rede de trocas de Kula da Melanésia pré-colonial. Os objetos de valor de kula dobraram como dinheiro de “alta potência” e mnemônicos para estórias e fofoca. Muitos dos bens trocados, a maioria produtos agrícolas, estavam disponíveis em diferentes épocas, e então não poderiam ser trocados em espécie. Os colecionáveis de Kula resolviam esse problema da dupla coincidência como um dinheiro custosamente inforjavel, vestível (para a segurança), e circulado (literalmente). Colares circulavam no sentido horário, braceletes no sentido anti-horário, em um padrão bastante regular. Ao resolver o problema da dupla coincidência um bracelete ou colar se provaria mais valioso que seu custo depois de apenas algumas trocas, mas poderia circular por décadas. As fofocas e estórias sobre os donos anteriores dos colecionáveis ainda fornecia informações sobre crédito e liquidez upstream². Em outras culturas Neolíticas, os colecionáveis, usualmente conchas, circularam em um padrão menos regular mas tinham propósitos e atributos similares.[L94]
Bracelete de Kula (mwali).
Colares de Kula (bagi).

Para qualquer instituição na qual a transferência de riqueza é um componente importante, nós perguntaremos as seguintes questões:

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  1. Qual coincidência de tempo entre o evento, a oferta do bem transferido, e a demanda pelo bem transferido foi necessária? Quão improvável ou quão alta é a barreira à transferência de riqueza que a improbabilidade da coincidência representa?
  2. As transferências de riqueza formariam um loop fechado de colecionáveis baseados apenas naquela instituição, ou seriam necessárias outras instituições de transferência de riqueza para completar os ciclos de circulação? Levar a sério o gráfico de fluxo real da circulação monetária é crítico para entender o aparecimento do dinheiro. A circulação geral entre uma ampla variedade de trocas não existiu e nem existiria na maior parte da pré história humana. Sem loops completos e repetidos os colecionáveis não circulariam e perderiam seu valor. Um colecionável, para valer a pena fazer, teria que adquirir valor em transações suficientes para amortizar seu custo.

Devemos primeiro examinar o tipo de transferência mais familiar e economicamente importante para nós hoje – o comércio.

 

¹ takeover: ocupação, conquista, controle, aquisição. O contexto sugere o primeiro.
² upstream: ascendente; a montante. Aqui não tenho certeza se ‘upstream’ se refere ao crédito, à liquidez, ou à ambos. Acredito que a última opção. Fora isso, penso que cabe usar o termo original.

 

Esse foi o versículo de hoje, amanhã trarei a primeira parte de “Seguro contra a Fome”, que dividirei em dois versículos visto que é um capítulo grande. (versículo 6)

Fui, até amanhã, e bom início de semana pra vocês!

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@leonardobjahn Natural de Florianópolis, SC 27 anos Evangelista Bitcoin Graduando Administração na UFSC Professor particular e tradutor de Inglês
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