Publicidade

O Evangelho de Satoshi Nakamoto – Cap. 1 vers. 7

Por Leonardo Broering Jahn
Foto: BitNotícias

Voltei meus irmãos, boa tarde.

No versículo anterior, postei a primeira parte de “Seguro Contra a Fome”, neste a segunda..

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

 

Então havia pelo menos quatro ganhos, ou fontes de excedente, de um ciclo de comércio tão simples quanto duas espécies de presas e duas trocas não simultâneas, mas compensadoras. Esses ganhos são distintos mas não necessariamente independentes:

  1. Uma fonte de carne disponível em uma época do ano em que, de outra forma, passaria-se fome.
  2. Um aumento na oferta total de carne – eles negociavam o excedente além do que poderiam comer ou guardar; o que não trocassem iria fora.
  3. Um aumento na variedade nutricional da carne, ao comer diferentes tipos de carne.
  4. Produtividade aumentada pela especialização em uma única espécie de presa.

Fazer ou guardar colecionáveis para trocar por alimento não era a única maneira de se assegurar contra tempos ruins. Talvez até mais comum, especialmente onde não existiam grandes presas, era a territorialidade combinada com o comércio de direitos de forrageamento. Isso pode ser observado até em algumas culturas restantes de caçadores/coletores que existem hoje.

🎟️ BitSampa 2024: 50% dos ingressos do primeiro lote já vendidos!
Compre seu Ingresso Agora

Os !Kung San do Sul da África, como todos outros remanescentes modernos das culturas de caçadores-coletores, vivem em terras marginais. Eles não têm oportunidade de ser especialistas mas devem pegar os parcos restos disponíveis. Assim, eles podem estar bem descaracterizados das muitas culturas ancestrais de caçadores-coletores, e descaracterizados do Homo sapiens sapiens original, que primeiramente tomou as terras mais exuberantes e melhores rotas de caça do Homo sapiens neanderthalis e somente muito depois expulsou os Neandertais das terras marginais. No entanto, apesar de sua severa deficiência ecológica, os !Kung usam colecionáveis como itens de troca.

Como a maioria dos caçadores-coletores, os !Kung passam a maior parte do ano em bandos pequenos e dispersos e algumas semanas do ano em agregação com vários outros bandos. A agregação é como uma feira com algumas características a mais – o comércio é realizado, as alianças são cimentadas, as parcerias fortalecidas e os casamentos transacionados. A preparação para a agregação é cheia de manufatura de itens comercializáveis, parcialmente utilitários mas majoritariamente de natureza colecionável. O sistema de troca, chamado pelo !Kung de hxaro, envolve um troca substancial em jóias de contas, incluindo pingentes de casca de ovo de avestruz bastante semelhantes aos encontrados na África há 40.000 anos.

Padrão de trocas hxaro e relações familiares entre tribos vizinhas dos caçadores-coletores !Kung San. (em azul escuro: somente troca | em vermelho: somente parentesco | em azul-turquesa: ambos)
Colares usados nas trocas hxaro.

Uma das coisas mais importantes que os !Kung compram e vendem com seus colecionáveis são os direitos abstratos de entrar no território de outro bando e caçar ou coletar alimentos lá. O comércio desses direitos é especialmente vivo durante a escassez local, que pode ser aliviada pela busca de alimentos no território de um vizinho.[W77][W82] Os bandos de !Kung marcam seus territórios com flechas; invadir sem ter comprado o direito de entrar e forragear equivale a uma declaração de guerra. Como o comércio de alimentos discutido acima, o uso de colecionáveis para adquirir direitos de forrageamento constitui uma “política de seguro contra a fome”, para usar a frase de Stanley Ambrose[A98].

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Ainda que humanos anatomicamente modernos certamente tinham pensamento, linguagem, e alguma habilidade de planejamento, teria sido pouco necessário pensamento consciente ou linguagem, e muito pouco planejamento, para gerar comércio. Não era necessário os membros das tribos raciocinarem sobre os benefícios de nada além de uma única troca. Para criar essa instituição teria sido suficiente as pessoas seguirem seus instintos de fazer ou obter colecionáveis com as características destacadas abaixo (como indicado por observações representativas que fazem estimativas aproximadas para estas características). Isso é, em vários níveis, verdadeiro nas outras instituições que estudaremos – elas evoluíram, ao invés de serem conscientemente projetadas. Ninguém participando dos rituais da instituição teria explicado sua função em termos de última função evolutiva; em vez disso, eles explicavam em termos de uma ampla variedade de mitologias que serviam mais como motivadores imediatos de comportamento do que como teorias de finalidade ou origem.

A evidência direta de trocas em alimentos há muito decaiu. Poderemos, no futuro, encontrar mais evidências diretas do que há disponível hoje para este artigo, através da comparação de restos de caça em uma tribo com os padrões de consumo em outra tribo – a parte mais difícil dessa tarefa é provavelmente identificar as fronteiras de diferentes tribos ou grupos familiares. De acordo com nossa teoria, tal comércio de carne de uma tribo com outra era comum em muitas partes do mundo durante o Paleolítico onde ocorria a caça em grande escala e especializada em grandes presas.

Atualmente, temos extensivas evidências indiretas de trocas, através do movimento dos colecionáveis em si. Felizmente existe uma boa correlação entre a durabilidade desejável para os colecionáveis e as condições sob as quais um artefato sobreviveu para ser encontrado pelos arqueólogos de hoje. No início do Paleolítico, quando toda a movimentação humana era a pé, nós temos casos de conchas marinhas perfuradas encontradas até 500 quilômetros de distância da fonte mais próxima[C94]. Houve um movimento de longa distância similar de sílex.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Infelizmente, o comércio era severamente restringido por custos altos de transação na maioria das vezes e lugares. A barreira primária era o antagonismo entre as tribos. A relação predominante entre as tribos era de desconfiança nos dias bons e violência absoluta em dias ruins. Somente os laços de casamento ou de parentesco poderiam levar as tribos a um relacionamento de confiança, embora apenas ocasionalmente e de alcance limitado. A baixa capacidade de proteger a propriedade, até mesmo os colecionáveis usados na pessoa ou enterrados em cachês bem escondidos, significava que os colecionáveis precisavam amortizar seus custos em poucas transações.

O comércio, então, não era o único tipo de transferência de riqueza, e provavelmente não era o tipo mais importante durante a longa pré-história humana quando os altos custos de transação evitavam o desenvolvimento dos tipos de mercados, firmas, e outras instituições econômicas que hoje subestimamos[L94]. Sob nossas grandes instituições econômicas estão instituições muito mais antigas envolvidas com transferência de riqueza – em tempos pré-históricos, as principais formas de transferência de riqueza. Todas essas instituições distinguiram o Homo sapiens sapiens de animais anteriores. Nós agora nos voltamos para um dos tipos mais básicos de transferência de riqueza que nós humanos subestimamos mas nenhum outro animal tem – passar riqueza para a próxima geração.

 

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Terminamos “Seguro Contra a Fome”, no próximo versículo apresento “Altruísmo Familiar Além do Túmulo”
Vou-me, até amanhã e fiquem com Deus!

Compartilhe este artigo
@leonardobjahn Natural de Florianópolis, SC 27 anos Evangelista Bitcoin Graduando Administração na UFSC Professor particular e tradutor de Inglês
Leave a comment

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Sair da versão mobile