Boa tarde povo de Deus!
No de ontem vimos “Altruísmo Familiar Além do Túmulo”, hoje veremos “O Comércio Familiar”
O Comércio Familiar
Um exemplo primitivo e importante de uma rede de comércio de ciclo fechado tornada possível por colecionáveis envolve o investimento muito mais alto que os humanos fazem em criar a prole do que nossos parentes primatas, e a instituição humana relacionada do casamento. Combinar arranjos de longo-prazo para acasalamento e criação de filhos, negociados entre clãs, com transferência de riqueza, o casamento é um universal humano e provavelmente remonta ao primeiro Homo sapiens sapiens.
O investimento parental é um caso de longo-prazo e quase de uma chance só – não há tempo para interações repetidas. O divórcio de um pai negligente ou uma esposa infiel geralmente representava vários anos de tempo desperdiçado, em termos de aptidão genética, pela parte rejeitada. Fidelidade e comprometimento às crianças eram primariamente compelidos pelos parentes¹ – o clã. O casamento era um contrato entre clãs que usualmente incluíam tais promessas de fidelidade e comprometimento assim como transferência de riqueza.
As contribuições que um homem e uma mulher trarão a um casamento são raramente iguais. Isso era ainda mais verdadeiro em uma era quando a escolha do parceiro era largamente determinada por clãs e a população da qual os líderes dos clãs poderiam escolher era bastante pequena. Mais comumente, a mulher era considerada mais valiosa e o clã do noivo pagava um preço pela noiva ao seu clã. Raramente em comparação era o dote, um pagamento feito pelo clã da noiva ao novo casal. Na maior parte, isso era praticado por classes altas de sociedades monogâmicas, mas altamente desiguais, na Europa medieval e na Índia, e foi, em última análise, motivado pelo muito maior potencial reprodutivo dos filhos da classe alta do que pelas filhas da classe alta naquelas sociedades. Como a literatura foi escrita principalmente sobre as classes altas, o dote geralmente desempenha um papel nas histórias tradicionais Europeias. Isso não reflete sua freqüência real entre as culturas humanas – era bastante raro.
Casamentos entre clãs poderiam formar um ciclo fechado de colecionáveis. De fato, dois clãs trocando parceiros poderia ser suficiente para manter um loop fechado, desde que as noivas tendessem a se alternar. Se um clã era mais rico em colecionáveis de algum outro tipo de transferência, poderia casar mais de seus filhos com melhores noivas (em sociedades monogâmicas) ou um número maior de noivas (em sociedades poligâmicas). Num ciclo envolvendo apenas casamentos, o dinheiro primitivo servia simplesmente para substituir a necessidade de memória e confiança entre clãs durante um longo período de atraso entre transferências desequilibradas de recursos reprodutivos.
Como a herança, a ação judicial e o tributo, o casamento requer uma tripla coincidência do evento, neste caso o casamento, com oferta e demanda. Sem uma reserva de valor durável e transferível, a habilidade atual de um clã de um noivo para suprir os desejos atuais do clã da noiva, a um grau suficientemente grande para compensar a discrepância de valores entre noiva e noivo, ao mesmo tempo em que satisfazia as restrições políticas e românticas da combinação, era muito improvável que fosse bem satisfeita. Uma solução é impor um serviço ou obrigação contínua do noivo ou seu clã ao da noiva. Isso ocorria em cerca de 15% das culturas conhecidas[DW88]. Em um número maior, 67%, o noivo ou o clã do noivo paga ao da noiva uma substancial quantia de riqueza. Um pouco desse preço da noiva é pago em consumíveis imediatos, em plantas a serem coletadas/colhidas e animais a serem abatidos para o banquete do casamento. Nas sociedades de pastoreio ou agrícolas, boa parte do preço da noiva é pago em gado, uma forma duradoura de riqueza. O equilíbrio, e geralmente a parte mais valiosa do preço da noiva em culturas sem rebanho, é pago com o que geralmente são as heranças familiares mais valiosas – os pingentes, anéis mais raros, mais caros e mais duráveis, e assim por diante. A prática ocidental do noivo dando à noiva um anel – e um pretendente dando a uma donzela outros tipos de jóias – já foi uma transferência substancial de riqueza e era comum em muitas outras culturas. Em cerca de 23% das culturas, principalmente as modernas, não há troca substancial de riqueza. Em cerca de 6% das culturas há troca mútua de riqueza substancial entre os clãs dos noivos. Em cerca de apenas 2% das culturas o clã da noiva paga ao novo casal um dote[DW88].
Infelizmente, algumas transferências de riqueza estavam muito longe do altruísmo do presente de herança ou da alegria do casamento. Muito pelo contrário, no caso do tributo.
¹ in-laws: parentes por casamento = sogros, cunhados, etc.
No versículo de amanhã: “Despojos de Guerra”
Uma sexta-feira abençoada a todos e até amanhã..