Boa noite amigos!

No versículo anterior, tradução do website arquivado do projeto “RPOW – Reusable Proofs of Work”. No de hoje começaremos a tradução de “Scarce Objects”, de Satoshi Nakamoto Nick Szabo, publicado em 2004.

Objetos Escassos

Nick Szabo

Originalmente publicado em 2004

Resumo

Uma abordagem mais intuitiva e segura à programação com objetos distribuídos através de limites de confiança é apresentada. A abordagem envolve objetos escassos e software para apoiar mercados em trocas de “direitos” de objetos escassos.

Introdução

Objetos escassos são objetos computacionais que como objetos físicos, são finitos e excluíveis, e forçam o cliente a ou conservar ou consumir seu próprio direito de usar o objeto. Referências à objetos escassos sãos os certificados ao portador com duas características chaves: (1) eles são tokens de uso único ou de uso N-vezes, e (2) como dinheiro digital, eles são transferidos usando a compensação online utilizando “listas de gastos” para conservar o número dessas referências de objeto escassos.

Objetos escassos, também conhecidos como objetos conservados, fornecem uma metáfora amigável ao usuário e ao programador para objetos distribuídos interagindo entre limites de confiança. (Para simplificar a linguagem, usarei o tempo presente para descrever arquiteturas e softwares hipotéticos). Objetos escassos também nos dão a habilidade de traduzir preferências do usuário em contratos sofisticados, através do tradutor de mercado descrito abaixo. Estas inovações nos permitirão quebrar pela primeira vez quebrar as barreiras de custos mentais de transação para micropagamentos e uma economia de micromercado.

Um objeto escasso é um objeto de software (ou um de seus métodos) que usa um recurso finito e excluível – seja espaço em disco, banda de rede, uma fonte de informação custosa como um segredo de transação ou cotações de ações minimamente atrasadas, ou uma ampla variedade de outros recursos finitos usado por aplicações online. Objetos escassos restringem os chamadores remotos a invocar métodos de maneiras que usam apenas determinadas quantidades de recursos e não divulgam os segredos comerciais. Além disso, os invólucros de objetos escassos formam a base para uma economia on-line de objetos escassos que faz uso eficiente dos recursos escassos subjacentes.

Objetos escassos também são um novo modelo de segurança. Nenhum modelo de segurança, até a presente data, tem sido usado para distribuir objetos entre limites de confiança. Isso é devido às suas consequências obscuras, suas origens em computação de  TCB (Base de computação confiável, na sigla em inglês) única, ou ambos. A segurança de objetos escassos é muito mais facilmente compreendida, uma vez que se baseia na duplicação em objetos computacionais das características intuitivas essenciais das posses físicas. Nossos cérebros raciocinam de maneiras muito mais sofisticadas sobre objetos físicos do que sobre objetos computacionais. Objetos escassos são, portanto, facilmente compreendidos por programadores e usuários finais. Objetos escassos reduzem os custos de transação mental, que são a principal barreira ao comércio sofisticado de pequena escala na rede. Finalmente, objetos escassos resolverão pela primeira vez ataques de negação de serviço, em todas as camadas acima da implementação primitiva de objetos escassos.

A metáfora física intuitiva de objetos escassos fornece a objetos escassos as seguintes propriedades básicas:

• Conservação de objetos atômicos
• Composição hierárquica de objetos (análogo à composição espacial)

Intimamente relacionada a isso, há uma propriedade social de objetos críticos para o sucesso das economias:

• Uma definição clara dos direitos e responsabilidades de propriedade. Em outras palavras, externalidades mínimas. Os direitos de propriedade especificam controle residual e responsabilidade sobre estados do mundo para os quais obrigações ou direitos específicos não são completamente especificados em contratos.

Os direitos e contratos de propriedade são metodologias altamente evoluídas para lidar com objetos econômicos e entre si através dos limites da confiança. A arquitetura de objetos escassos pode reutilizar esse paradigma de trabalho, porque reutiliza o modelo mental do mundo físico no qual esse paradigma de segurança foi inventado.

Com objetos escassos, qualquer cálculo através dos limites de confiança terá essas propriedades de atomicidade, conservação, composição e o delineamento claro que acompanha os direitos e responsabilidades. Esse modelo é bastante restritivo comparado ao que estamos acostumados dentro dos limites de confiança. No entanto, impedirá muito mais os programadores de escrever código obscuramente inseguro, o que é fácil de fazer com ACLs (Listas de controle de acessos, na sigla em inglês), recursos ou criptografia. Além disso, conservação (escassez) e falta de externalidades são os dois principais pressupostos da microeconomia, o estudo de transações comerciais através dos limites de confiança. Portanto, o modelo de segurança de objetos escassos nos permite herdar uma rica literatura de raciocínio formal sobre tais sistemas.

Objetos escassos são, em outras palavras, commodities on-line. Essas mercadorias podem representar, tipicamente, direitos (ou expectativas) aos serviços – o direito de usar um serviço de email ou de notícias (ou um componente desse conjunto de direitos, por exemplo, o direito de usar o servidor de email desse serviço), o direito de fazer upload ou cache de conteúdo, o “direito” (aqui mais como uma expectativa) de ler e-mails (postagem digital para evitar spam), etc. Esses direitos de serviço geralmente serão limitados ao cliente por tempo ou uso de recursos ou número de invocações. Quando representados adequadamente, por objetos escassos, esses serviços são conservados. Esses “direitos” ou expectativas codificadas são impostas ao servidor pela reputação, pela “física” de objetos escassos, ou ambos, em substituição ou além dos meios legais tradicionais caros.

Objetos escassos também podem representar relacionamentos únicos ou finitos entre pessoas e bits – nomes que correspondem a endereços, propriedade de marcas registradas, autoria do conteúdo, propriedade de certos direitos ao conteúdo (que provavelmente, por razões de segurança, não inclui o direito de excluir outros de copiar os bits), etc.

Objetos escassos não são um modelo completo de computação além dos limites de confiança. De fato, existem muitos contratos inteligentes que podem ser implementados com protocolos criptográficos e / ou hardware seguro, mas não com objetos escassos. O que os escassos objetos fornecem é uma base direta para a implementação, de maneira intuitiva e segura, das economias anônimas de troca de mercadorias formalizadas em microeconomia de maneira P2P na Internet.

Outra área importante para objetos escassos é o raciocínio sobre cadeias de suprimentos. Em objetos distribuídos, o gráfico de chamadas é a cadeia de suprimentos. Para esticar os gráficos de chamadas através dos limites de confiança, devemos substituir os relacionamentos rígidos cliente-servidor por relacionamentos cliente-fornecedor dinamicamente adaptáveis. O ideal aqui é criar um rico conjunto de ferramentas de tratamento de exceções através dos limites de confiança. Observe que os riscos de crédito são um subconjunto adequado dos riscos da cadeia de suprimentos. Ka-Ping Yee recentemente colocou o problema da cadeia de suprimentos de forma sucinta: “desconfie dos valores de retorno de objetos nos quais não confia”.

Terminada a primeira parte da tradução de “Scarce Objects”. No versículo seguinte a segunda.