CVM prepara mudanças para modernizar regras de tokenização de ativos

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Imagem: IA
  • Tokenização de ativos: CVM planeja revisar normas para adaptar regulação ao mercado digital
  • Consultas públicas vão abordar crowdfunding e criação de norma experimental
  • Setor defende ajustes em limites de emissão, prazos e exigências de captação

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) anunciou que abrirá duas consultas públicas em 2025 para modernizar a regulação relacionada à tokenização de ativos considerados valores mobiliários. De acordo com a autarquia, a iniciativa busca acompanhar a evolução do mercado digital. Além disso, visa trazer mais segurança jurídica para operações realizadas por plataformas tokenizadoras.

A primeira consulta pública tratará da revisão da Resolução CVM 88, que regula o crowdfunding. A proposta é adaptar a norma à realidade da tokenização de dívidas e recebíveis, fenômeno que ganhou força nos últimos anos. Enquanto isso, a segunda consulta vai criar uma norma experimental, baseada nas experiências do sandbox regulatório da CVM, lançado em 2020 e prorrogado até 2026.

O sandbox permitiu que empresas como Estar Finance, BEE4 e Vórtx QR Tokenizadora operassem em ambiente controlado e com regras mais flexíveis. Agora, a CVM pretende criar um arcabouço definitivo para permitir a continuidade dessas atividades e a migração de novos participantes para o mercado regulado.

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Foco na tokenização de ativos

Tatiana Guazzelli, sócia do escritório Pinheiro Neto Advogados, afirma que a revisão da norma de crowdfunding é fundamental para viabilizar o uso eficiente da tecnologia blockchain. Segundo ela, a tokenização redefine o papel de participantes tradicionais do mercado de capitais, como os escrituradores.

João Pirola, coordenador do grupo de trabalho regulatório da ABToken, reforça a necessidade de modernização. De acordo com ele, muitos requisitos da regra atual não se aplicam mais, principalmente porque as ofertas de dívida superaram R$ 1,5 bilhão em 2024 e passaram a dominar o mercado de crowdfunding.

Entre as mudanças defendidas pelo setor estão o aumento do limite de emissão de R$ 15 milhões para R$ 50 milhões e do limite de faturamento das empresas de R$ 40 milhões para R$ 100 milhões. Também se propõe a eliminação do prazo mínimo de quatro meses entre ofertas e a retirada da obrigatoriedade de captação mínima de dois terços, regras que fazem mais sentido para emissões de ações do que para dívida.

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Além disso, há expectativa pela introdução de funcionalidades como o investimento automático para gestão de carteiras e a possibilidade de oferta de cotas tokenizadas de fundos, algo ainda não permitido pelas regras atuais.

Julia Franco, sócia do Cescon Barrieu, destaca que ainda existem zonas cinzentas na regulamentação vigente, o que gera insegurança jurídica. Para ela, a abertura das consultas públicas é um passo importante para construir um novo marco regulatório de forma colaborativa com o mercado.

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Clara Ventura é uma jornalista com quatro anos de experiência em cobertura de Bitcoin, criptomoedas, tecnologia blockchain e Web3. Graduada em Jornalismo e com pós-graduação em Jornalismo Digital, Clara combina sua paixão pelo mundo das criptomoedas com habilidades jornalísticas para produzir reportagens relevantes para um público amplo e diversificado.
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