Irmãos do MIT “hackearam” a Ethereum — mas será que cometeram um crime?

Irmãos do MIT “hackearam” a Ethereum — mas será que cometeram um crime?
  • Caso envolve um ataque de US$ 25 milhões na blockchain Ethereum em apenas 12 segundos.
  • Júri em Nova York não chegou a um consenso sobre acusação de fraude e lavagem de dinheiro.
  • Decisão reacende debate sobre se atividades de MEV podem ser tratadas como crime.

Dois irmãos formados no MIT escaparam de um veredicto após um ataque de US$ 25 milhões na Ethereum.

O caso expôs o limite entre código e crime no mundo cripto e reacendeu um debate que vai muito além da tecnologia.

Julgamento de três semanas termina sem consenso

Após três semanas de julgamento, um júri federal em Nova York não conseguiu chegar a um consenso sobre o destino de Anton e James Peraire-Bueno, ex-alunos do MIT acusados de fraude e lavagem de dinheiro. O caso envolve um exploit milionário na rede Ethereum ocorrido em 2023.

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Diante do impasse, a juíza Jessica Clarke decidiu anular o julgamento (mistrial). Enquanto os promotores afirmaram que os irmãos planejaram uma fraude sofisticada, a defesa insistiu que eles apenas realizaram uma arbitragem digital legítima.

Com isso, o caso levantou uma questão essencial: até onde a manipulação de código pode ser considerada crime?

O que são bots MEV e como funcionou o ataque

Os irmãos exploraram vulnerabilidades do Maximal Extractable Value (MEV) — mecanismo que permite a validadores e traders reordenar transações em blocos da blockchain para obter vantagem.

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Segundo a acusação, eles criaram bots automatizados para enganar usuários e aplicar um esquema de “bait and switch” (isca e troca), fingindo atuar como validadores legítimos do sistema MEV-Boost. Em apenas 12 segundos, o ataque teria gerado US$ 25 milhões em lucro.

Durante o julgamento, os promotores reforçaram o tom de reprovação:

“Isca e troca não é uma estratégia de trading. É fraude. É trapaça. É manipular o sistema”, disseram ao Inner City Press.

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Por outro lado, a defesa respondeu com uma analogia esportiva:

“Isso é como roubar uma base no beisebol. Se não há fraude, não há conspiração nem lavagem de dinheiro.”

Assim, o júri ficou dividido entre duas interpretações: engenhosidade técnica ou trapaça deliberada.

Debate jurídico ganha força no setor cripto

Com o júri dividido, o impasse jurídico provocou novas discussões sobre o que realmente configura crime em transações blockchain. Para muitos analistas, o caso se tornou um teste decisivo para os limites da lei diante das novas dinâmicas da criptoeconomia.

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Além disso, a Coin Center, organização que defende a inovação cripto, apresentou um amicus brief em apoio aos irmãos. Enquanto isso, o advogado Carl Volz, da Gunnercooke, afirmou que a acusação não caracteriza fraude eletrônica:

“Não acho que o que está na acusação constitua fraude. O júri poderia pensar o contrário, mas só se eles realmente falaram demais”, escreveu na DLNews.

Limite entre código e crime

Em síntese, o julgamento inconclusivo dos irmãos do MIT evidencia a zona cinzenta entre inovação e crime digital. Sem consenso jurídico, o setor cripto agora aguarda novos precedentes capazes de definir até onde o código pode ir antes de se tornar fraude.

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Adepto do DeFi e convertido à descentralização, deixei o sistema financeiro tradicional para viver a revolução cripto de dentro. Respirando blockchain, escrevendo sobre o que move o futuro — longe dos bancos, perto da liberdade.
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