- Atividade on-chain despenca e reforça clima de Bear Market.
- Solana perde usuários, mas mantém alto volume de valor.
- BNB Chain lidera, porém com tráfego mais seletivo.
A desaceleração no mercado de criptomoedas ganhou mais um sinal claro nesta semana. A atividade on-chain nas principais redes de Layer 1 voltou a cair, reforçando a percepção de que o setor entrou em uma nova fase de Bear Market estrutural. Esta fase é marcada por menos usuários, menos experimentação e mais foco em operações de maior valor. Dados recentes revelam que até redes extremamente populares, como Solana, Ethereum e BNB Chain, estão enfrentando quedas expressivas no número de carteiras ativas.
O movimento ficou evidente em novembro, quando a média de carteiras interagindo diariamente com blockchains L1 continuou a recuar. Isso estende uma tendência que já dura mais de um ano. Solana, que chegou a registrar quase 32 milhões de carteiras ativas por dia em setembro de 2024, agora opera entre 1,7 milhão e 2,3 milhões. Essa queda é tão intensa que virou símbolo do novo ciclo de baixa.
A queda, porém, não significa colapso. Na verdade, especialistas apontam que ela representa uma mudança de comportamento. O mercado está saindo de uma fase inflada por atividades baratas — como mintagens de NFTs, swaps de baixa taxa e negociações de memecoins. Está entrando em um estágio no qual transações de maior relevância econômica assumem o protagonismo. Mesmo com menos carteiras ativas, o valor movimentado continua alto, e isso redefine a leitura do mercado.
Bear market
A BNB Chain continua sendo a rede com maior atividade em números absolutos, graças ao impacto de aplicativos como PancakeSwap e Aster. Isso também se deve ao interesse contínuo em memecoins. A rede mantém cerca de 4,7 milhões de usuários ativos diariamente, ocupando o primeiro lugar entre todas as L1. Já o Ethereum segue com aproximadamente 600 mil endereços ativos por dia, mantendo estabilidade em relação ao ano anterior.
Outras redes apresentam movimentos mistos. A Polygon se mantém perto de 86 mil carteiras ativas, impulsionada pela forte atividade da Polymarket. A Base, rede da Coinbase, registra entre 600 mil e 800 mil usuários. Ela vem subindo no volume negociado, mostrando que ainda permanece entre os pontos mais vibrantes do ecossistema.
A maior queda, porém, vem mesmo da Solana. O recuo no uso de ferramentas baratas — como mintagens rápidas, DEX swaps e negociações de baixa entrada — reduziu drasticamente o fluxo de varejo. Entretanto, a rede mantém liquidez robusta. Ela até registra aumento em atividades de valor, como demonstra o salto no volume de DEX: de US$ 4 bilhões no fim de 2024 para US$ 14 bilhões em novembro de 2025. A participação de baleias, investidores institucionais e até ETFs passou a sustentar a movimentação.
Ainda há esperança?
Esse quadro também revela que boa parte da atividade intensa registrada no passado não era totalmente orgânica. Com o fim de programas de incentivos, como farming de pontos e airdrops baseados em atividade, muitos usuários deixaram de executar transações de pouco valor. Hoje, o tráfego on-chain reflete quase exclusivamente o uso de aplicativos que realmente possuem liquidez, eliminando boa parte do ruído que inflava as métricas.
Assim, apesar da queda no número de carteiras, as principais redes preservam o que realmente importa: transferências de valor. O Ethereum, por exemplo, movimenta diariamente mais de US$ 6 bilhões. Isso está acima dos US$ 3,8 bilhões registrados no fim de 2024. Solana também sustenta números impressionantes, mesmo diante da redução brusca em stablecoins desde dezembro passado. Naquela época, um fluxo atípico elevou os volumes para mais de US$ 200 bilhões.
