- Inflação e juros altos pressionam queda do Bitcoin
- Mercado cripto sofre liquidações em cascata e incerteza
- Investidores aguardam sinais do Fed para possível recuperação
O Bitcoin caiu abaixo de US$ 113.000 na terça-feira (19), registrando sua menor cotação desde o início de agosto. A pressão veio da inflação persistente, tarifas em alta e tensões geopolíticas que afastaram os investidores de criptomoedas e de outros ativos de risco. A maior criptomoeda do mundo acumula queda de quase 9% desde o pico de US$ 124.128 alcançado na semana passada.
O movimento atingiu também outros ativos digitais relevantes. O Ethereum recuou para US$ 4.100, queda de 4,6% em relação a segunda-feira. Já o XRP e a Solana caíram 6,7% e 3,5%, respectivamente, ampliando o tom de cautela que domina o mercado.
Especialistas avaliam que a correção não ocorre por acaso. Segundo Joe DiPasquale, CEO da BitBull Capital,
“A alta dos rendimentos dos títulos do Tesouro e dados econômicos mais fortes nos EUA reduziram o fôlego dos ativos de risco em geral”.
Pressão do Fed e nervosismo dos investidores
A volatilidade do Bitcoin aumentou no mesmo dia em que os mercados de ações também registraram perdas. Além disso, o S&P 500 caiu 0,6% e o Nasdaq, 1,4%, refletindo a expectativa em torno de novos relatórios de emprego e indústria nos EUA.
O cenário ganha ainda mais peso com a próxima divulgação da ata do Federal Reserve (Fed). O documento revelará as discordâncias internas sobre manter os juros entre 5,25% e 5,50%. A divergência foi a primeira desde 1993, aumentando a incerteza entre investidores que aguardam sinais de cortes futuros.
Enquanto isso, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de julho subiu 2,7%, acima do esperado pelos analistas. O núcleo da inflação, que exclui energia e alimentos, avançou para 3,1%. Além disso, esses números reforçam a leitura de que o Fed pode manter a postura rígida por mais tempo.
Liquidações em cascata e risco de novas quedas
A forte queda também provocou liquidações em cascata no mercado de derivativos. Porém, os investidores fecharam mais de US$ 559 milhões em posições, sendo US$ 487 milhões em apostas de alta.
Juan Leon, estrategista da Bitwise Investments, destacou que a realização de lucros após o recorde histórico da semana passada foi um dos principais gatilhos.
”O Bitcoin está testando níveis de suporte de curto prazo, e o próximo movimento definirá se haverá recuperação ou quebra de momentum”.
Porém, com inflação em alta, as tarifas pressionando preços e riscos geopolíticos em evidência, o mercado segue em alerta. Para analistas, o Bitcoin só encontrará estabilidade se o Fed sinalizar cortes nos juros ou se houver alívio nas tensões internacionais. Até lá, a cautela permanece como regra entre os investidores.