- Ouro rompe US$ 3.800 e marca recorde histórico mundial
- Investidores buscam refúgio diante de impasse político nos EUA
- Fed e tensões globais reforçam alta dos metais preciosos
O ouro ultrapassou US$ 3.800 pela primeira vez na história nesta segunda-feira, em um movimento que reforça a busca dos investidores por segurança. Durante o pregão, os preços chegaram a US$ 3.833 antes de recuar levemente. No fechamento, o ouro à vista ficou em US$ 3.829, uma alta de 1,9%. Já os contratos futuros dos EUA para dezembro encerraram a sessão em US$ 3.855,20, avanço de 1,2%, de acordo com a CNBC.
A disparada do preço ocorreu em meio à pressão sobre o dólar americano, que caiu 0,2%, deixando o metal mais barato para compradores estrangeiros. Esse movimento aumentou ainda mais o apetite pelo ouro, considerado um ativo de proteção em tempos de instabilidade global.
Impasse político nos EUA e guerra no exterior
O ambiente internacional pesou diretamente na valorização do metal. O impasse orçamentário em Washington intensificou o clima de incerteza. Sem acordo, os EUA poderiam enfrentar uma paralisação federal já nesta semana. O ex-presidente Donald Trump se reuniu com líderes do Congresso para tentar avançar com uma extensão do financiamento, mas o impasse segue sem solução.
Segundo David Meger, diretor de metais da High Ridge Futures, a procura por ativos de refúgio aumentou justamente pela ameaça de um bloqueio governamental. Ele destacou ainda que o dólar mais fraco ajudou a sustentar todo o complexo de metais preciosos.
Além disso, os conflitos na Ucrânia ampliaram a sensação de risco. O Ministério da Defesa da Rússia anunciou o avanço de tropas em Donetsk, elevando a tensão geopolítica. Esse cenário reforçou a procura pelo ouro, que já acumula mais de 43% de valorização em 2025.
Mercado corporativo e recuperação das bolsas
Enquanto o ouro dominava as manchetes, empresas do setor também ganharam destaque. A Newmont, maior mineradora do mundo, anunciou a aposentadoria de seu CEO, Tom Palmer. No mesmo dia, a rival Barrick confirmou a saída de Mark Bristow da presidência.
Outros metais também reagiram. A prata avançou 1,9%, alcançando US$ 46,85, o maior valor em 14 anos. A platina subiu 1,5%, para US$ 1.637,55, nível não visto há mais de uma década. O paládio, no entanto, recuou 1,1%, para US$ 1.255,61.
Em paralelo, os índices de Wall Street mostraram sinais de recuperação após uma semana difícil. O S&P 500 subiu 0,26%, o Nasdaq avançou 0,48% e o Dow Jones ganhou 0,15%. O movimento foi puxado principalmente pelas ações de tecnologia ligadas à inteligência artificial, com destaque para Nvidia, AMD e Micron.
Fora do setor, a Electronic Arts saltou 4,5% após anunciar planos de fechar o capital em um acordo de US$ 55 bilhões. Esse anúncio contribuiu para o aumento das fusões e aquisições, que já somam mais de US$ 1 trilhão em 2025.
Apesar da recuperação dos mercados acionários, o verdadeiro foco dos investidores permaneceu no ouro em alta histórica e nas criptomoedas com potencial, consideradas hoje a principal proteção diante do impasse político, das expectativas de cortes de juros pelo Fed e das tensões internacionais.