- Preço do Bitcoin caiu e enfrenta pressão institucional e quebra técnica acentuada
- Dólar forte pesa e amplia incerteza no mercado cripto
- Baleias acumulam enquanto varejo entra em pânico
O preço do Bitcoin voltou a cair nesta quarta-feira, reacendendo dúvidas entre investidores sobre a sustentabilidade da alta acumulada desde o início do ano. A maior criptomoeda do mundo recuou para US$ 112.936, registrando queda de 2,94% em 24 horas e acumulando perdas semanais de mais de 5%. Apesar disso, o ativo ainda sustenta ganhos de aproximadamente 86% no ano, o que mostra que, mesmo com a correção, o movimento de longo prazo continua positivo.
Um dos principais fatores por trás da queda foi a saída de recursos de fundos institucionais. ETFs de Bitcoin nos Estados Unidos registraram US$ 523 milhões em resgates no dia 19 de agosto, segundo dados do The Block. O movimento foi o maior desde julho e sinaliza que grandes investidores decidiram realizar lucros após meses de valorização. A Fidelity liderou o fluxo negativo com quase US$ 247 milhões em saídas, seguida pela Grayscale, que perdeu mais de US$ 115 milhões.
Ao mesmo tempo, o ambiente macroeconômico adicionou pressão ao mercado de criptomoedas. O governo norte-americano anunciou novas tarifas sobre importações, medida que fortaleceu o dólar nos últimos dias. O índice DXY, que mede a força da moeda americana frente a outras divisas, subiu 3% em apenas seis dias.
Como consequência, ativos de risco, incluindo o Bitcoin, sofreram com a migração de investidores para posições mais defensivas. Essa correlação negativa, que atingiu -0,76, reforça o impacto da moeda forte no desempenho do BTC.
Preço do Bitcoin caiu: atenção aos suportes
Outro ponto crítico foi a quebra de suportes técnicos relevantes. O Bitcoin perdeu a linha dos US$ 115 mil, o que desencadeou liquidações automáticas superiores a US$ 100 milhões em posições longas. Indicadores como o MACD viraram para território negativo, enquanto o RSI em 40 ainda sugere espaço para novas quedas antes de entrar em condição de sobrevenda.
Analistas, como Mike Ermolaev, fundador da Outset PR, apontam que os níveis de US$ 112 mil e US$ 110 mil representam suportes psicológicos importantes. Caso esses patamares sejam rompidos, a pressão vendedora pode se intensificar.
Apesar do cenário desfavorável, há sinais de que grandes investidores, conhecidos como “baleias”, aproveitaram a queda para acumular posições. Estima-se que, apenas no último mês, eles tenham adquirido 20 mil BTC, compensando parte da redução no ritmo de entrada de capital no mercado. Isso pode indicar que, enquanto investidores de varejo demonstram pânico, o dinheiro institucional de longo prazo enxerga a correção como oportunidade.
Para a IA do Coinmarketcap, o movimento atual se parece mais com uma correção natural após meses de alta do que com o início de um ciclo de queda prolongado. Ainda assim, a atenção do mercado permanece voltada para dois eventos-chave: a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA em 16 de agosto e o aguardado discurso de Jerome Powell em Jackson Hole no dia 22. Qualquer sinal mais duro do Federal Reserve pode ampliar a aversão ao risco e pressionar ainda mais o preço.