- China autoriza juros no yuan digital e transforma CBDC em depósito bancário
- Nova regra acelera adoção e coloca o país à frente de EUA e Brasil
- e-CNY passa a ter proteção legal e seguro de depósitos a partir de 2026
A China avança de forma decisiva no dinheiro digital com os juros digitais e passa a liderar o desenvolvimento das moedas digitais de bancos centrais. A nova estratégia coloca o país à frente de Estados Unidos e Brasil. A partir de 1º de janeiro de 2026, bancos comerciais chineses poderão pagar juros sobre saldos do yuan digital, conhecido como e-CNY. A mudança altera profundamente o papel da moeda.
Até agora, o e-CNY funcionava como dinheiro digital para pagamentos. O usuário gastava, mas não tinha incentivo para manter saldo parado. Isso começa a mudar. A iniciativa integra um novo plano de ação liderado pelo People’s Bank of China. O objetivo central é resolver o maior desafio do projeto: a adoção.
Com o novo modelo, o yuan digital deixa de ser apenas um meio de pagamento. Ele passa a se comportar como um depósito bancário digital. Os bancos que operam carteiras de e-CNY pagarão juros seguindo as regras tradicionais de depósitos. As taxas respeitarão limites regulatórios e acordos do setor.
China avança no dinheiro digital
Na prática, o saldo em yuan digital passa a render, reduzindo o custo de oportunidade para o usuário. Isso muda completamente a lógica de uso da moeda. Além disso, o governo chinês concede ao e-CNY o mesmo status legal dos depósitos bancários tradicionais. A proteção inclui cobertura pelo sistema nacional de seguro de depósitos.
Assim, essa decisão eleva o yuan digital a parte central do sistema financeiro, deixando para trás o rótulo de experimento tecnológico. Dessa forma, a mudança também explica por que a adoção avançava lentamente. O problema nunca foi técnico.
Na China, plataformas privadas dominam os pagamentos digitais. WeChat Pay e Alipay oferecem integração total, benefícios e ampla aceitação no varejo. Dessa forma, um dinheiro digital sem juros não competia. Assim, o usuário não ganhava nada ao manter saldo no e-CNY.
Ao permitir o pagamento de juros, o governo corrige essa distorção. O yuan digital passa a competir diretamente com depósitos bancários. O impacto não se limita aos consumidores. Os bancos também mudam sua gestão financeira com a nova regra.
As instituições poderão integrar saldos de e-CNY às operações de ativos e passivos. Isso amplia a liquidez e facilita o uso institucional da moeda. Ao mesmo tempo, o regulador impõe regras mais duras às instituições não bancárias. Essas empresas deverão manter 100% de reservas sobre o yuan digital administrado.
Assim, a exigência reforça o caráter do e-CNY como instrumento ancorado no banco central, e não como produto de intermediação privada. Mesmo antes da mudança, os números já chamavam atenção. Até novembro de 2025, a China processou 3,48 bilhões de transações em yuan digital.
Uso em crescimento
O volume financeiro acumulado chegou a 16,7 trilhões de yuans, o equivalente a cerca de US$ 2,37 trilhões. O uso cresce de forma constante. Agora, com juros e proteção legal, a tendência é de aceleração. O incentivo econômico passa a existir de forma clara.
A estratégia chinesa também olha para fora. Assim, o banco central planeja criar um centro internacional de operações do yuan digital em Xangai. Desse modo, o objetivo é expandir o uso transfronteiriço da moeda e melhorar a infraestrutura global de liquidação.
