Como um criminoso chinês lavou bilhões em Bitcoin dentro de uma mansão em Londres

Novo golpe “Eleven Drainer” aterroriza o mercado cripto e já rouba milhões de carteiras digitais
  • Golpista chinesa lavou bilhões em Bitcoin em mansão londrina.
  • Esquema Ponzi enganou milhares de investidores na China.
  • Justiça britânica e chinesa disputam fortuna em criptomoedas apreendidas.

A trajetória de Qian Zhimin parece saída de um roteiro de cinema. Discreta, elegante e sempre cercada de luxo, ela viveu por anos em uma mansão em Hampstead, uma das áreas mais caras de Londres. Porém, por trás das cortinas de seda e dos jantares com motorista, escondia-se uma rede de lavagem de dinheiro bilionária baseada em Bitcoin, ligada a um gigantesco golpe na China.

Tudo começou na década anterior, quando Qian lançou a Lantian Gerui, uma empresa que prometia unir tecnologia médica avançada e mineração de criptomoedas. Ela apresentava o projeto como um símbolo do avanço tecnológico chinês, atraindo milhares de pequenos investidores. Professores, aposentados e operários investiram suas economias acreditando que financiavam a inovação nacional. No início, viram pequenos lucros diários caírem em suas contas, acreditando em uma revolução financeira.

A verdade era bem diferente. Segundo promotores chineses, os pagamentos vinham de um esquema Ponzi sofisticado, sustentado por novos aportes e não por lucros reais. Quando as autoridades começaram a investigar, Qian desapareceu, levando consigo uma fortuna em criptomoedas. Em 2017, cruzou a fronteira usando uma identidade falsa e reapareceu em Londres, onde começou a transformar seus bitcoins em imóveis e luxo.

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Golpe com Bitcoin começa a cair

No Reino Unido, Qian reinventou sua história. Apresentou-se como herdeira do setor de diamantes, alugou uma mansão de 17 mil libras por mês e cultivou uma imagem discreta. Seus vizinhos se lembram de uma mulher reservada, mas sempre chegando em carros de luxo após longos jantares. Ao lado da assistente Wen Jian, começou a converter suas criptomoedas em propriedades, joias e investimentos, movimentando bilhões em ativos digitais.

O esquema ruiu quando Qian tentou comprar uma propriedade multimilionária em Totteridge Common. Assim, funcionários bancários desconfiaram da origem dos fundos e acionaram a polícia. A investigação revelou dezenas de milhares de Bitcoins, avaliados em bilhões de libras, todos ligados ao golpe na China.

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Assim, o detetive Joe Ryan, da Polícia Metropolitana de Londres, classificou o caso como “uma fusão entre tecnologia e manipulação psicológica, conduzida por alguém que dominava ambos os campos”. A assistente Wen foi condenada, e Qian passou a responder por lavagem de dinheiro internacional.

As vítimas e o impacto na China

Enquanto Qian desfrutava da vida londrina, o caos se espalhava pela China. Milhares de famílias perderam tudo. Desse modo, um dos investidores, o engenheiro aposentado Sr. Yu, disse ter investido suas economias acreditando no avanço tecnológico do país. “Pensávamos que estávamos ajudando a inovação da China”, afirmou. “Na verdade, alimentávamos o sonho dela.”

Assim, hoje, Qian aguarda sentença no Reino Unido. Autoridades britânicas e chinesas ainda negociam o destino dos Bitcoins apreendidos, estimados em mais de 4 bilhões de libras. Dessa forma, o caso tornou-se um marco sobre como a tecnologia blockchain pode ser distorcida para enganar milhares.

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Para os investigadores, o império de Qian é mais do que um crime financeiro. Representa a perda de algo maior: a fé das pessoas no progresso e na confiança digital. Como resumiu um dos promotores:
“Ela não roubou apenas o dinheiro deles — roubou a crença deles no futuro.”

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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