- Paralisação histórica bloqueia avanço da Lei CLARITY sobre criptomoedas
- Senado trava decisão crucial enquanto pressão econômica aumenta
- Mercado cripto sente impacto da incerteza política nos Estados Unidos
A paralisação do governo dos Estados Unidos alcançou o 38º dia, tornando-se a mais longa da história e deixando em suspenso projetos chave no Senado, incluindo a aguardada Lei CLARITY, que busca definir as regras para o mercado de criptomoedas.
Enquanto Washington tenta encontrar uma saída, republicanos e democratas permanecem divididos sobre o novo pacote de financiamento. O Senado deve votar ainda nesta semana uma proposta que promete reabrir parte do governo, mas a incerteza domina o Capitólio.
O impasse político trava o avanço da Lei CLARITY.
O bloqueio começou em 1º de outubro, após falhas nas negociações sobre o orçamento federal. O centro da disputa envolve subsídios de saúde ligados ao Affordable Care Act. Os democratas insistem na prorrogação de créditos fiscais que beneficiam 24 milhões de americanos, enquanto os republicanos preferem tratar o tema após o fim da paralisação.
Com 1,4 milhão de funcionários afetados, sendo 700 mil sem salário desde o início de outubro, o impacto econômico se espalha. Agências como a Administração Federal de Aviação (FAA) e o Departamento de Agricultura (USDA) reduzem serviços, enquanto famílias e pequenas empresas sofrem com o atraso de pagamentos e contratos.
O problema se agravou na última semana, quando um tribunal ordenou a retomada do financiamento integral do programa SNAP, que atende 42 milhões de americanos. O governo recorreu, alegando que apenas o Congresso pode autorizar os recursos.
Economistas alertam que o impasse já derruba o PIB e pode custar até US$ 30 bilhões por semana. O Escritório de Orçamento do Congresso estima queda de até dois pontos percentuais no crescimento do quarto trimestre.
Reguladores paralisados e mercado de cripto em alerta
O congelamento do governo afeta diretamente as agências que supervisionam o setor financeiro. A SEC e a CFTC, responsáveis pela regulação de criptomoedas, operam com equipes reduzidas e suspenderam análises de ETFs e novos projetos cripto.
A Lei CLARITY, proposta bipartidária que busca estabelecer diretrizes para criptoativos e stablecoins, teve avanço interrompido. Os senadores John Boozman e Cory Booker afirmaram que trabalhavam “diariamente” para finalizar o texto e votar antes do dia de ação de graças, mas o cronograma foi comprometido.
O CEO da Coinbase, Brian Armstrong, disse que 90% do projeto já estava resolvido, mas reconheceu que o atraso ameaça a segurança regulatória e o posicionamento dos EUA frente a outros mercados.
A incerteza também contaminou o mercado. O Bitcoin recuou de suas máximas recentes, testando suportes técnicos enquanto investidores reagem à menor liquidez causada pela retenção de fundos do Tesouro.
Nos mercados de previsão, cresce o ceticismo. Dados da Polymarket apontam 59% de probabilidade de que o governo continue paralisado após 16 de novembro, com apenas 13% de chance de reabertura antes dessa data.
A prolongada disputa mostra que as criptomoedas estão na berlinda, presas a um impasse político que coloca em xeque o futuro regulatório do setor nos Estados Unidos.
