Desenvolvedor que trabalhou com Satoshi Nakamoto quer censurar o Bitcoin

Como um tweet de CZ pode mudar o preço do Bitcoin
  • Adam Back critica uso do Bitcoin para armazenar arquivos JPEG.
  • Desenvolvedor defende foco monetário e sugere limitar “spam” na blockchain.
  • Comunidade se divide entre liberdade total e medidas de restrição.

O criptógrafo britânico Adam Back, conhecido por sua ligação histórica com Satoshi Nakamoto e pela criação do Hashcash, voltou a gerar polêmica na comunidade do Bitcoin. Em recentes declarações nas redes sociais, ele defendeu medidas para restringir o que chama de “spam na blockchain”. Isso levantou debates sobre possíveis formas de censura na rede.

De acordo com Back, a presença crescente de arquivos JPEG inseridos nas transações de Bitcoin ameaça a verdadeira função da criptomoeda. Ele destacou que, em apenas quatro meses, houve um aumento de 20% nesse tipo de inscrição, muitas delas viabilizadas pelo uso do Taproot. Para o desenvolvedor, essa prática ocupa espaço valioso nos blocos. Isso pode deslocar transações monetárias, que representam a proposta de valor central do Bitcoin.

Back declarou que pretende rodar a versão 30 do Bitcoin Core, prevista para outubro, que deve ampliar o limite do campo OP_RETURN para 100 mil bytes. Esse recurso permite inscrever dados arbitrários nos blocos. No entanto, ele deixou claro que não considera o Bitcoin um espaço para armazenar imagens ou arquivos. Ele afirmou que tais conteúdos poderiam ser hospedados em serviços como Imgur ou IPFS, desenhados para isso.

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Em suas palavras, “Bitcoin se trata de dinheiro, e o spam não tem lugar na cadeia de tempo”. A frase foi interpretada por muitos como um apelo para que desenvolvedores e mineradores limitem de alguma forma esse tipo de uso. Isso soou como defesa de uma política de censura.

A força do mercado sobre os desenvolvedores do Bitcoin

Imagem: Divulgação

Apesar de suas críticas, Back reconheceu que são os usuários e o mercado que definem o rumo do Bitcoin. Ele lembrou a guerra do tamanho dos blocos, em que, segundo ele, não foram os desenvolvedores nem os mineradores que decidiram. Foi a pressão econômica dos usuários. Para o criptógrafo, o Bitcoin continua sendo “propriedade da humanidade”. Qualquer mudança estrutural precisa do consenso do mercado.

Ainda assim, o desenvolvedor sugeriu alternativas para reduzir o espaço ocupado por arquivos não monetários. Ele mencionou a criação de carteiras que poderiam direcionar taxas para mineradores dispostos a rejeitar transações com JPEGs, além de formas de incentivo econômico para desestimular esse comportamento.

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As falas de Back dividiram opiniões. Defensores do Bitcoin Knots, cliente alternativo ao Core, celebraram a postura mais rígida contra o spam na criptomoeda. O empresário Samson Mow chegou a brincar nas redes, dizendo que Back finalmente teria “demitido o estagiário” que controlava sua conta. Outros usuários resumiram o clima com a frase “Adam Back is back”, sugerindo que o desenvolvedor voltou a mostrar seu verdadeiro ethos.

Além disso, Dennis Porter, conhecido defensor legal do Bitcoin nos Estados Unidos, comemorou afirmando: “Dinheiro para o povo, pelo povo”. Para ele, a posição de Back reforça o caráter monetário do Bitcoin e combate usos considerados abusivos.

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Jornalista, assessor de comunicação e escritor. Escreve também sobre cinema, séries, quadrinhos, já publicou dois livros independentes e tem buscado aprender mais sobre criptomoedas, o suficiente para poder compartilhar o conhecimento.
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