- Conselho de Estado pode aprovar plano de internacionalização stablecoin do yuan ainda em agosto.
- Stablecoin do yuan busca enfrentar domínio global do dólar.
- Hong Kong e Xangai serão os primeiros a implementar o projeto.
A China se prepara para dar uma guinada histórica em sua política sobre ativos digitais. Após anos de restrições severas, Pequim avalia autorizar o uso de stablecoins lastreadas no yuan. A medida, em análise pelo Conselho de Estado ainda em agosto, busca impulsionar a internacionalização da moeda chinesa e enfrentar o domínio quase absoluto do dólar nas transações digitais globais.
Plano estratégico e pontos de avanço
Segundo fontes ouvidas pela Reuters, o roadmap prevê metas para a utilização do yuan em transações internacionais, além de diretrizes regulatórias e mecanismos de controle de riscos. Hong Kong e Xangai serão os primeiros centros a acelerar a aplicação da medida.
Atualmente, stablecoins somam cerca de US$ 247 bilhões no mercado, mas mais de 99% são lastreadas no dólar, segundo o Banco de Compensações Internacionais (BIS). Já a participação do yuan nos pagamentos globais caiu para 2,88% em junho, o menor nível em dois anos, de acordo com a SWIFT.
Impacto geopolítico e resposta dos EUA
O movimento ocorre em meio ao avanço dos EUA na regulação de stablecoins, liderado pelo presidente Donald Trump com o GENIUS Act.
“Um stablecoin offshore atrelado ao yuan em Hong Kong é uma possibilidade concreta”, disse recentemente Huang Yiping, conselheiro do Banco Popular da China.
Além disso, países asiáticos como Japão e Coreia do Sul já estudam lançar suas próprias stablecoins nacionais, reforçando a corrida pela soberania digital.
Perspectivas futuras
Se aprovada, a iniciativa marcará a maior mudança desde o banimento das criptomoedas na China em 2021. Apesar dos controles de capital ainda representarem um obstáculo, analistas acreditam que uma stablecoin do yuan pode ampliar a influência da moeda chinesa, sobretudo na Ásia.
A proposta será discutida também na Cúpula da Organização de Cooperação de Xangai, em Tianjin, entre 31 de agosto e 1º de setembro, onde Pequim deve defender o uso ampliado de sua moeda no comércio internacional.