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O Evangelho de Satoshi Nakamoto – Cap. 1 vers. 8

Por Leonardo Broering Jahn
Foto: BitNotícias

Bom dia meus queridos..

No versículo de ontem terminamos “Seguro Contra a Fome”. No de hoje apresento “Altruísmo Familiar Além do Túmulo”

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Altruísmo Familiar Além do Túmulo

A coincidência em tempo e local de oferta e demanda para o comércio era rara – tanto, que a maioria dos tipos de comércio e instituições econômicas baseadas em troca que hoje subestimamos não poderiam existir. Mais improvável ainda era a coincidência tripla de oferta, demanda, com um grande evento para um grupo de parentesco – a formação de uma nova família, morte, crime, vitória ou derrota em guerra. Como veremos, clãs, e indivíduos muito se beneficiaram de oportunas transferências de riqueza durante esses eventos. Essa transferência de riqueza, por sua vez, era muito menos dispendiosa quando se tratava da transferência de uma reserva de riqueza mais durável e geral do que os consumíveis ou ferramentas projetadas para outros fins. A demanda por uma reserva de valor durável e geral para o uso nessas instituições era, então, até mais urgente do que a troca em si. Além disso, as instituições do casamento, herança, resolução de disputas, e tributos podem anteceder o comércio intertribal, e envolveu para a maioria das tribos uma maior transferência de riqueza do que o comércio. Essas instituições, portanto, mais do que o comércio serviram como motivadoras e incubadoras das primeiras formas de dinheiro primitivo.

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Na maioria das tribos de caçadores-coletores essa riqueza vinha em uma forma que a nós, modernos ridiculamente ricos, parece trivial – uma coleção de utensílios de madeira, ferramentas e armas de sílex e ossos, conchas em cordas, talvez uma cabana e em climas mais frios algumas peles velhas e sujas. Algumas vezes poderia ser tudo carregado na pessoa. No entanto, essas diversas escolhas eram riqueza para os caçadores-coletores não menos do que imóveis, ações, e títulos são riqueza para nós. Para o caçador-coletor, ferramentas e algumas vezes roupas quentes eram necessários à sobrevivência. Muitos dos itens eram colecionáveis altamente valorizados que asseguravam contra a fome, compravam parceiros, e poderiam substituir o massacre ou a fome em um caso de guerra e derrota. A habilidade de transferir o capital de sobrevivência para seus descendentes era outra vantagem que o Homo sapiens sapiens tinha sobre animais anteriores. Além disso, um habilidoso membro de uma tribo ou clã poderia acumular os excessos de riqueza do, ocasional mas cumulativo ao longo da vida, comércio de consumíveis excedentes por riqueza durável, em especial os colecionáveis. Uma vantagem temporária de aptidão poderia ser traduzida em uma vantagem de aptidão mais durável para o descendente.

Outra forma de riqueza, escondida dos arqueólogos, eram os títulos de ofícios. Tais posições sociais eram mais valiosas do que formas tangíveis de riqueza em muitas culturas de caçadores-coletores. Exemplos de tais posições incluíam líderes de clã, líderes de grupos de guerra, líderes de grupo de caça, associação em parcerias de comércio de longo prazo (com uma pessoa em particular em um clã ou tribo vizinha), parteiras e curandeiros religiosos. Geralmente os colecionáveis não somente personificavam riqueza, mas também serviam como um mnemônico, representando um título a uma posição no clã de responsabilidade e privilégio. Após a morte, para manter a ordem, os herdeiros de tais posições tinham que ser rápida e claramente determinados. Atrasos poderiam gerar conflitos viciosos. Assim, um evento comum era a festa funerária, na qual o falecido era festejado enquanto ambas formas de riqueza, tangíveis e intangíveis, eram distribuídas para os descendentes por costume, tomadores de decisão do clã, ou a vontade do falecido.

Outros tipos de presentes gratuitos eram bastante raros nas culturas pré-modernas, com apontado por Marcel Mauss[M50] e outros antropólogos. Aparentemente presentes gratuitos invocavam uma obrigação no destinatário. Antes da lei contratual, essa obrigação implícita do “presente”, juntamente com a desonra e punição da comunidade, se a obrigação implícita não fosse cumprida, talvez fosse o motivador mais comum de reciprocidade nas trocas atrasadas, e ainda é comum na variedade de favores informais que fazemos uns para os outros. Herança e outras formas de altruísmo familiar eram as únicas formas amplamente praticadas do que nós modernos chamamos propriamente de presente, ou seja, um presente que não impõe nenhuma obrigação ao recebedor.

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Os primeiros comerciantes e missionários ocidentais, que geralmente enxergavam os nativos como primitivos infantis, algumas vezes chamavam seu pagamento de tributos de “presentes” e comércio de “troca de presentes”, como se eles fossem mais parecidos com as trocas de presentes de Natal e aniversário de crianças ocidentais do que com as obrigações contratuais e tributárias dos adultos. Parcialmente isso pode ter sido reflexo do preconceito, e parcialmente pelo fato de que no Ocidente naquele tempo as obrigações eram usualmente formalizadas na escrita, a qual faltava aos nativos. Os ocidentais geralmente traduziam a rica variedade de palavras que os nativos tinham para suas instituições de intercâmbio, direitos e obrigações como “presentes”. Os colonos franceses do século XVII na América estavam dispersos entre populações muito maiores de tribos indígenas, e muitas vezes se viram pagando tributo a essas tribos. Chamar esses pagamentos de “presentes” era uma maneira de eles livrarem a cara de outros europeus que não enfrentaram essa necessidade e a consideraram covarde.

Mauss e os antropólogos modernos infelizmente mantiveram essa terminologia. O humano não civilizado é ainda como uma criança, mas agora inocente como uma criança, uma criatura de superioridade moral que não se rebaixaria ao no nosso tipo de base, transações econômicas de sangue frio. No entanto, no Ocidente, especialmente na terminologia oficial usada para as leis que cobrem transações, um ”presente” se refere a uma transferência que não impõe obrigação. Ao se deparar com discussões antropológicas sobre “troca de presentes”, essas advertências devem ser mantidas em mente – os antropólogos modernos não estão se referindo aos presentes gratuitos ou informais aos quais comumente nos referimos em nosso uso moderno do termo “presente”. Referem-se, antes, a qualquer um de uma grande variedade de sistemas, muitas vezes bastante sofisticados, de direitos e obrigações envolvidos em transferências de riqueza. As únicas grandes transações nas culturas pré-históricas similares ao nosso presente moderno, em que não era em si uma obrigação amplamente reconhecida nem uma imposição no recebedor, eram pais ou parentes cuidando de seus filhos e herança.(Uma exceção era que o título herdado de uma posição impunha as responsabilidades da posição sobre o herdeiro, bem como seus privilégios).

A herança poderia proceder por muitas gerações ininterruptamente, mas não formava por si um ciclo fechado de transferência de colecionáveis. Heranças eram apenas valiosas se eventualmente fossem usadas para outras coisas. Elas eram geralmente usadas em transações de casamento entre clãs que poderiam formar um ciclo fechado de colecionáveis.

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No versículo de amanhã: “O Comércio Familiar”
Até amanhã, e Deus os abençoe!

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@leonardobjahn Natural de Florianópolis, SC 27 anos Evangelista Bitcoin Graduando Administração na UFSC Professor particular e tradutor de Inglês
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