- A Tethe está enfrentando críticas após atrasos nos bloqueios de carteiras permitiram a movimentação de fundos ligados a atividades ilícitas
- Conforme relatório da AMLBot, cerca de US$ 78,1 milhões em USDT escaparam de bloqueios
- Em comunicado, a Tether admitiu que o modelo multisig provoca atrasos, mas alegou que essa estrutura evita decisões unilaterais
A Tether, emissora da maior stablecoin do mercado, está enfrentando críticas após um relatório revelar que atrasos nos bloqueios de carteiras permitiram a movimentação de fundos ligados a atividades ilícitas. Conforme apurado pela AMLBot, cerca de US$ 78,1 milhões em USDT escaparam de bloqueios por causa da estrutura operacional da Tether nas blockchains Ethereum e Tron.
De acordo com a empresa de compliance, a demora entre a autorização e a efetivação dos bloqueios permitiu que agentes maliciosos movimentassem os fundos. Esse problema é atribuído à configuração multisig utilizada pela Tether, que, embora ofereça segurança adicional, introduz vulnerabilidades temporais.
Como o atraso permitiu o desvio de recursos
A Tether utiliza contratos multisig para bloquear carteiras suspeitas. Esse modelo exige duas transações distintas: uma para sinalizar a intenção de bloqueio e outra para executá-lo. Entre essas etapas, há uma janela de tempo que pode durar vários minutos.
Durante essa janela, as carteiras-alvo continuam funcionais. Assim, criminosos conseguem transferir os fundos antes do congelamento. Na Ethereum, houveram desvios de US$ 28,5 milhões nesse intervalo. Já na rede Tron, o montante atingiu US$ 49,6 milhões, totalizando US$ 78,1 milhões movimentados indevidamente.
O relatório destacou um exemplo específico em que houve um intervalo de 44 minutos entre a primeira e a segunda transação de bloqueio. Esse período foi suficiente para os fundos saírem da carteira comprometida, escapando do rastreio.
Resposta da Tether e medidas futuras
Em comunicado, a Tether admitiu que o modelo multisig provoca atrasos, mas alegou que essa estrutura evita decisões unilaterais. Segundo a empresa, o objetivo é preservar a governança e a segurança.
Além disso, a Tether afirmou que já colaborou com mais de 255 agências de segurança em 55 países. Com essa cooperação, a empresa conseguiu congelar mais de US$ 2,7 bilhões em fundos ilícitos.
Contudo, diante da nova falha, a Tether reconheceu que precisa melhorar sua eficiência operacional. A empresa está revisando seus procedimentos para que futuras ações sejam mais rápidas e menos suscetíveis a exploração por criminosos.