- Hard fork da Gnosis Chain reverteu ataque ocorrido em novembro.
- Aproximadamente US$ 9 milhões foram recuperados na rede.
- Decisão reacendeu debate sobre imutabilidade e governança em blockchains.
A Gnosis Chain realizou um hard fork para recuperar cerca de US$ 9 milhões perdidos em um hack ligado ao protocolo DeFi Balancer, ocorrido em novembro.
Com isso, a rede conseguiu restaurar os fundos afetados, embora a decisão tenha provocado críticas relevantes dentro da comunidade cripto.
Hard fork reverte ataque e devolve fundos
Antes do prazo final, na segunda-feira, a maioria dos validadores da Gnosis atualizou seus softwares. Dessa forma, a blockchain conseguiu reverter as transações maliciosas e neutralizar os efeitos do ataque.
O episódio fez parte de um incidente mais amplo no Balancer. Ao todo, as perdas chegaram a aproximadamente US$ 150 milhões em diversas blockchains. Desse montante, cerca de US$ 9 milhões estavam alocados na Gnosis Chain.
Além disso, a decisão ocorreu em um ritmo acelerado. O objetivo, portanto, era recuperar os fundos antes do Natal. Por esse motivo, outras atualizações técnicas da rede acabaram sendo adiadas.
A Gnosis Chain foi lançada em 2015. Desde então, tornou-se uma das blockchains mais antigas ainda em operação. Atualmente, seu ecossistema DeFi ocupa a 39ª posição global, com mais de US$ 138 milhões em valor bloqueado, segundo dados da DefiLlama.
Controvérsia sobre imutabilidade e governança
Entretanto, o hard fork reacendeu um debate sensível no setor cripto. Para muitos, esse tipo de intervenção representa uma ruptura do princípio da imutabilidade das blockchains.
Philippe Schommers, executivo da Gnosis Ltd., reconheceu o dilema. Em publicação no fórum de governança, afirmou:
“Acreditamos que, no futuro, validadores não deveriam ter poder para censurar transações”.
Ainda assim, ele acrescentou que, no curto prazo, a comunidade precisa decidir quando e como utilizar esse poder coletivo. Ou seja, o tema segue em aberto dentro da governança da rede.
Além disso, usuários levantaram outras preocupações, alguns, por exemplo, citaram tratamento desigual, já que ataques anteriores não resultaram em hard forks. Outros, por sua vez, alertaram para o risco de aproximação com práticas típicas do sistema financeiro tradicional.
Nesse sentido, o episódio remete ao caso do Ethereum em 2016. Na época, um hard fork reverteu o hack da The DAO. Como consequência, a rede se dividiu, dando origem ao Ethereum e ao Ethereum Classic.
Próximos passos e possíveis impactos
Diante das críticas, líderes da Gnosis defendem a criação de regras mais claras. Por isso, Sebastian Bürgel, vice-presidente de tecnologia, anunciou que pretende propor um framework de resposta a hacks em janeiro.
A proposta deve orientar decisões futuras da GnosisDAO. O objetivo, portanto, é garantir previsibilidade, transparência e maior agilidade em situações semelhantes.
Enquanto isso, a atualização da Gnosis para manter compatibilidade com o Ethereum foi adiada para 2026. Segundo Schommers, a prioridade imediata foi a proteção dos usuários afetados.
Assim, o caso reforça um dilema central do setor cripto, de um lado, segurança, de outro, descentralização. Portanto, as decisões tomadas agora podem influenciar de forma duradoura o futuro da governança on-chain.
