O mercado cripto está passando por um forte anseio estatal por regulamentação.
O principal temor das autoridades é que este mercado escancare a lavagem de dinheiro, e para tanto, regras de KYC e AML estão sendo cobradas das empresas que negociam criptoativos.
Neste contexto, os tokens não fungíveis (NFTs) soam estranho devido aos seus preços exorbitantes.
E os NFTs estão sendo abrangidos por diversos segmentos da sociedade, sendo que podem estar chamando a atenção de criminosos e manipuladores do mercado.
Nansen apresenta a problemática
De acordo com um estudo da plataforma de análise de blockchain Nansen, certos padrões de transação com NFTs estão sugerindo uma manipulação de mercado.
Aparentemente, as novas empresas e criadores de NFTs estão recomprando seus próprios tokens para darem a impressão de alta demanda do mercado.
Esta prática é conhecida, e inclusive tem nome: “wash trading”.
Algumas empresas de análises criptográficas concordam que as vendas e a super valorização dos NFTs soem de forma estranha, apesar de serem uma grande novidade no mundo digital.
Entretanto, acreditam que estudos muito mais aprofundados devam ser realizados.
Outra problemática seria a lavagem de dinheiro, onde os preços altíssimos que vêm sendo praticados no mercado de NFTs podem estar escondendo tal atividade criminosa.
Práticas no mínimo estranhas
A Nancem levantou que aparentemente as empresas de NFT não estão “vendendo os NFTs para si mesmo”.
Entretanto, disse que as carteiras para as quais os NFTs estão sendo vendidos “podem estar relacionadas”.
De fato, causa estranheza por exemplo, um NFT de uma imagem de uma rocha ter sido vendido por 45 ETHs, o que na época desta venda custou o equivalente a US$ 130 mil dólares.
Se cabe como reflexão, uma coisa é ver a rede VISA comprar um NFT do CryptoPunks por quase US$ 150 mil dólares.
Outra, é um perfil anônimo comprar um NFT de uma rocha por US$ 130 mil dólares.
De fato, o mercado dos NFTs está “meio maluco”, mesmo, apesar de que as rochas são pertencentes ao protocolo Ether rocks, um dos mais antigos de NFT que existe.
A pedra que ilustra capa desta reportagem, por exemplo, foi arrematada por US$ 1,3 milhão de dólares no início desta semana.
Pode parecer estranho por ser uma simples rocha, mas o que dizer dos CryptoPunks que são punks desenhados em baixa resolução?
Também dá para citar o recente protocolo dos pinguins fofuchos, os Pudgy Pinguins.
Mas a Nansen acredita que exista um crescimento orgânico do mercado, e que assim como em toda atividade financeira há as práticas escusas.
Assim, a Nansen disse que o ecossistema cripto “continua marcado por certas práticas de busca de lucro”.
E citou padrões de comportamento de compra e venda de NFTs que possam estar sendo feitos para mostrar liquidez e valorização no ativo.
Se uma empresa compra e vende o próprio token, vai gastar apenas com taxas, de fato.
Mas no momento que o token estiver supervalorizado a sua venda para terceiros cobrirá estas perdas.
E por fim e mais difícil de ser identificado são as práticas de lavagem de dinheiro.
Esta atividade criminosa pode estar sendo ocultada nos grandes valores de negociação dos tokens NFTs.
E também sendo “protegidas” pela falta de controles de NYC e AML das empresas de criptoativos.
Um caso já conhecido na história
Apenas para lembrar, em março deste ano a venda mais cara de um NFT na história chamou a atenção do mercado cripto.
Na ocasião, a obra de um dos artistas mais renomados no ecossistema de NFTs, o Beeple, foi vendida por US$ 60 milhões de dólares.
Isso fora a taxa de US$ 9 milhões de dólares da transação.
A obra é o NFT “Everydays: The First 5000 Days”, que conglomera 5.000 NFTs do artista.
A empresa Metakovan que tinha parceria com Beeple foi quem arrematou a obra em leilão.
Cabe ressaltar que a Metakovan já era conhecida por comprar e vender repetidamente seus próprios NFTs.