O ano de 2022 está apresentando um aumento no número de criptoativos enviados aos serviços de mixers, sendo que tem se destacado o envio por endereços associados a atividades ilícitas.
Embaralhando endereços e criptoativos
De acordo com dados da empresa analítica, Chainalysis, o ano de 2022 está apresentando uma alta considerável do uso de serviços de mixer de criptoativos.
A maior parte dos criptoativos enviados foram provenientes de exchanges centralizadas, por protocolos de finanças descentralizadas (DeFi), e por endereços associados a atividades ilícitas, muitos deles presentes nas listas de sanções governamentais.
De acordo com o relatório, 23% das criptomoedas recebidas por serviços de mixagem foram obtidas ilegalmente.
No ano passado a porcentagem de criptoativos associados a estes endereços foi de aproximados 14%.
Isto representa uma alta de cerca de 64% em relação ao ano de 2021.
A Chainalysis disse que há diversas razões para se usar os mixers, que não apenas para lavar dinheiro proveniente principalmente de ataques hackers.
Devido a questões regulatórias, muitos usuários têm negociado ativos digitais via mixers para fugirem do controle das entidades governamentais.
A forte regulamentação na China, os protestos no início do ano no Canadá, e a guerra entre a Rússia e a Ucrânia são eventos que estão associados ao aumento do uso dos mixers neste ano.
Os analistas da empresa justificaram que muitos usuários usam os serviços de mixer em transações legítimas, mas buscando confidencialidade e anonimato.
Mas que a ferramenta também é conveniente para os cibercriminosos, que lavam os fundos furtados principalmente em ataques aos protocolos de DeFi.
Atualmente as plataformas de mixagem mais utilizadas têm sido a Absolutio, Blender, AudiA6, e Mix-btc.
Todas estas suportam transações com Bitcoin, Ethereum, Ethereum Classic, Bitcoin Cash, Dash, Litecoin, Monero e USDT, entre outras.
Legislação
Diante da regulamentação cripto ainda em desenvolvimento pelo mundo, os países ainda não possuem uma legislação própria e medidas para controlarem ou combaterem o uso de ferramentas misturadoras de criptoativos.
Um dos países mais adiantados neste conceito é os Estados Unidos.
Lá os misturadores são classificados como sendo serviços de transferência de dinheiro que operam sob a Lei de Sigilo Bancário.
Esses serviços devem se registrar no FinCEN, e implementar um programa de combate à lavagem de dinheiro (AML).
Entretanto, segundo a Chainalysis não existe ainda nenhum serviço de mixer que estão em conformidade com os regulamentos de KYC e AML.
No relatório os analistas disseram acreditar que futuramente os serviços de mixer tenderão a se tornarem menos usados, pois os métodos de rastreamento de transações dentro das blockchain estão melhorando constantemente.
Em maio deste ano a Chainalysis lançou uma ferramenta para rastrear transações em protocolos de DeFi e várias blockchains.