O mercado das finanças descentralizadas (DeFi) e das exchanges descentralizadas (DEX) reagiu com altos volumes de transações aos momentos conturbados que ocorreram neste inverno cripto.
No caso mais recente, a empresa analítica Chainalysis mostrou que mesmo por um período curto de tempo as DEX receberam um grande volume de transações em decorrência da falência dos bancos norte-americanos Silicon Valley e Signature que trouxe problemas momentâneos à stablecoin USDC.
De acordo o agregador Token Terminal, eventos de mercado ‘tumultuados’ têm resultado em dias atípicos de movimentação ou volume financeiro nas DEX, além de alta volatilidade dos criptoativos.
Levantando dados dentro deste período de inverno cripto, casos com o colapso do protocolo Terra/LUNA, a insolvência posterior de empresas associadas como a Celsius, Three Arrows Capital, BlockFi e Voyager, a quebra da FTX, e conforme citado o problema dos bancos e os fundos líquidos retidos da Circle/USDC, levaram a um aumento considerável de volume de transações em DEX.
DEX e os picos de volume de transações
Comumente o volume de transações financeiras diárias dentro das DEX não ultrapassa o montante de US$ 4 bilhões. Para ser mais específico, nos últimos 365 dias apenas em seis ocasiões isto ocorreu.
De acordo com os dados levantados usando a plataforma da Token Terminal, estas ocorrências foram registradas pontualmente nos dias 06 e 11 de abril de 2022, mas o volume financeiro não fugiu tanto dos padrões normais.
Nas outras quatro ocorrências os volumes financeiros de negociações dentro das DEX chamaram mais atenção, e estão diretamente relacionados aos momentos mais conturbados que o mercado cripto viveu durante seu período de baixa.
Conforme o gráfico abaixo, entre os dias 09 a 13 de maio de 2022 os volumes de transação financeira nas DEX apresentaram picos que superaram os US$ 4 bilhões, sendo que nos dias 11 e 12 de maio ultrapassaram a casa dos US$ 10 bilhões.
Este volume de transações elevado neste período está associado à perda do peg da stablecoin UST, da desvalorização absurda do criptoativo LUNA, e da quebra do protocolo Terra da empresa Terraform Labs.
Em meados de junho, entre os dias 13 a 15, grandes empresas de investimentos altamente expostas aos tokens do protocolo Terra ruíram, e com os problemas com a BlockFi , Voyager, Celsius, Three Arrows Capital, entre outras instituições financeiras, os investidores novamente levaram seus fundos para as DEX e trouxeram novos picos de volumes de transações.
Adiante, no mês de novembro do ano passado veio a quebra da exchange FTX, e o mercado reagiu com retiradas maciças de fundos das exchanges centralizadas. As DEX viram o volume de transações aumentar consideravelmente beirando a casa dos US$ 8 bilhões no dia 09 de novembro.
Cabe ressaltar aqui que este volume apenas não foi bem maior porque muitos investidores temeram um colapso mais generalizado do mercado e levaram seus fundos para carteiras de custódia próprias, boa parte para carteiras de hardware.
USDC assusta investidores e volume nas DEX ‘explode’
Agora em 2023, o momento conturbado do mercado teve novos alvos, que foram duas das suas principais stablecoins, a BUSD (Paxos e Bianance) e a USDC (Circle).
De fato, o problema entre a SEC e a Paxos, gestora da BUSD não trouxe um pico de transações dentro das DEX, mas aumentou a média do volume financeiro transacionado dentro da DeFi.
Entretanto, já o caso da USDC apresentou o maior pico diário de volume de transação dentro das DEX ultrapassando os US$ 14 bilhões no dia 11 de março.
A diferença entre estes dois casos de problemas com stablecoins é que a BUSD não perdeu o peg como ocorreu com a USDC, e o token da Paxos/Binance é majoritariamente usado em CeFi, diferentemente do USDC que possui ampla participação na DeFi.
Uniswap continua à frente
Dentre as DEX mais usadas na DeFi no período de um ano destaca-se a Uniswap, com cerca de US$ 537,6 bilhões em volume financeiro transacionado. O protocolo criador dos NFTs de pools de liquidez concentrada é seguido à distância pela DEX PancakeSwap (com US$ 91,1 bilhões), e da OX com US$ 36,3 bilhões.
Recentemente, um estudo da Coingecko mostrou que o financiamento para a indústria de criptoativos aumentou para o mercado da DeFi enquanto diminuiu para o mercado da CeFi.
As empresas DeFi arrecadaram US$ 2,71 bilhões em 2022, mais do que os US$ 0,93 bilhão arrecadados em 2021. Enquanto isso, as empresas de CeFi que haviam arrecadado cerca de US$ 16,29 bilhões em 2021 captaram cerca de US$ 4,39 bilhões em 2022.