Considerada por muitos desenvolvedores como a tecnologia que pode destruir o Bitcoin, a computação quântica será tema de um evento de um dos maiores bancos do Brasil.
O Itaú Unibanco acaba de anunciar seu primeiro hackathon de computação quântica do Brasil. As inscrições para participar do desafio, que será aberto ao público, iniciarão no fim de novembro. A edição é uma adaptação da Batalha de Dados, tradicional hackathon promovido pelo banco, e será gratuita, 100% remota e aberta para qualquer pessoa do Brasil
Segundo o banco, a ideia do evento é atrair estudantes de final de graduação ou que já estejam cursando a pós-graduação em cursos de disciplinas como Ciência e Engenharia da Computação, Física e áreas relacionadas. Ao final, a equipe vencedora receberá uma premiação que contempla um kit com aparelhos eletrônicos e sessões de mentoria personalizadas com especialistas no tema do Itaú.
Além de ser a primeira edição da Batalha de Dados do Itaú direcionada para a temática de computação quântica, trata-se de uma iniciativa pioneira no território nacional.
“Estamos vivendo a revolução da inteligência artificial. A computação quântica, somada à IA, tem potencial para trazer um impacto inestimável. Quanto antes conseguirmos usufruir em larga escala desse novo marco tecnológico, alcançaremos novos patamares no que diz respeito à eficiência e novas experiências customizadas para os clientes”, afirma Moisés Nascimento, Chief Technology Officer no Itaú Unibanco.
O Itaú destaca que antes do hackathon, será realizada uma etapa prévia ao longo de novembro, com a realização de quatro workshops com a temática de computação quântica, em que serão equalizados os conhecimentos de otimização, introdução à computação quântica e algoritmos quânticos variacionais que serão explorados, além de execução em hardware quântico real.
Para fomentar o conhecimento em computação quântica no mercado brasileiro, as oficinas conceituais também serão gravadas e ficarão disponíveis gratuitamente no canal do Itaú dentro da plataforma Meetup.
Computação quântica e Bitcoin
Ao final destes workshops, que não possuem uma quantidade limite de pessoas, será aplicada uma prova de conhecimentos para selecionar os 50 participantes da primeira Batalha de Quantum do Itaú.
O desafio será organizado de maneira open source, ou seja, serão disponibilizados códigos relacionados a dados públicos para a comunidade brasileira que utiliza computação quântica poder desenvolver.
“O Itaú já é pioneiro na temática de computação quântica no mercado financeiro do Brasil. Estamos estudando e trabalhando em casos de uso para essa tecnologia desde 2019. Ao enxergarmos o potencial que ela possui, queremos agora fomentar o seu uso de forma mais abrangente. ”, completa Moisés.
A ascensão da computação quântica tem gerado debates sobre seu possível impacto em sistemas criptográficos, incluindo o Bitcoin. Enquanto a tecnologia quântica promete avanços significativos na velocidade de processamento, sua ameaça direta ao Bitcoin ainda é uma incógnita.
O Bitcoin, como muitas outras criptomoedas, utiliza algoritmos de criptografia de chave pública, como o ECDSA (Elliptic Curve Digital Signature Algorithm). Atualmente, esses algoritmos são considerados seguros, pois a fatoração de números inteiros grandes, a base do desafio computacional para quebrá-los, é uma tarefa extremamente demorada mesmo para os computadores mais avançados.
No entanto, os computadores quânticos têm o potencial de quebrar a fatoração de números inteiros grandes de maneira significativamente mais eficiente através do uso de um algoritmo chamado Shor. Esse avanço teórico levanta a questão de como o Bitcoin, e a criptografia em geral, podem se adaptar a uma era de computação quântica.
É importante notar que, até o momento, a construção de computadores quânticos capazes de ameaçar a criptografia atual ainda está em seus estágios iniciais. Os especialistas concordam que a transição para algoritmos resistentes à computação quântica é uma necessidade futura. Entretanto, a comunidade Bitcoin está atenta a esses desenvolvimentos e trabalhando para implementar atualizações que possam garantir a segurança da rede diante de possíveis avanços na computação quântica.
Em resumo, embora a computação quântica represente um desafio teórico para a criptografia do Bitcoin, a comunidade está ciente da situação e pronta para tomar medidas proativas para garantir a segurança e a continuidade da rede. O futuro do Bitcoin, como qualquer tecnologia em constante evolução, dependerá da capacidade de adaptação e inovação diante dos desafios emergentes.