Nos últimos dias, diversos sites governamentais franceses foram alvo de um ataque massivo de negação de serviço (DDoS), em uma ação coordenada por grupos hackers que retaliaram a prisão do fundador do Telegram, Pavel Durov.
O executivo de 39 anos foi detido no último final de semana sob um mandado de prisão que o acusa de envolvimento em atividades como lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e apoio ao terrorismo, embora nenhuma acusação formal tenha sido apresentada até o momento.
Entre os sites afetados pelo ataque estão o portal de serviços públicos do governo francês, o jornal La Voix du Nord, a Agência Nacional de Segurança de Medicamentos e Produtos de Saúde (ANSM) e a Confederação Paysanne, uma união agrícola francesa.
O especialista em cibersegurança Clément Domingo, conhecido como SaxX, compartilhou detalhes sobre a ofensiva, destacando que a operação, apelidada de ‘opDurov’, envolveu apenas interrupções DDoS, sem roubo de dados ou ataques de ransomware.
De acordo com relatos, o coletivo de hackers de língua russa, como o Russian Army Cyber Team, reivindicou parte da responsabilidade pelos ataques. Além disso, o grupo de hackers pró-palestino baseado na Malásia, RipperSec, também teria se juntado à ofensiva, direcionando ataques a várias universidades e instituições educacionais francesas.
Hacker
A prisão de Durov ocorreu em 24 de agosto, quando ele desembarcou em um jato particular no aeroporto de Le Bourget, ao norte de Paris. As autoridades francesas confirmaram que ele foi detido para interrogatório no âmbito de uma investigação judicial em curso, que envolve supostos crimes cometidos por uma “pessoa não identificada” utilizando a plataforma Telegram. Até 27 de agosto, nenhuma acusação formal havia sido apresentada contra Durov.
A detenção de Durov gerou uma onda de críticas, com figuras importantes do setor de tecnologia, como Elon Musk, da Tesla, e Vitalik Buterin, da Ethereum, condenando a ação como um ataque aos direitos humanos fundamentais de liberdade de expressão e associação.
Em resposta às reações negativas, o presidente francês Emmanuel Macron abordou o que considerou “desinformação” sobre supostas violações de liberdade de expressão. Macron esclareceu que a prisão de Durov não foi uma decisão política, mas sim parte de uma investigação judicial independente. “Em um estado de direito, as liberdades são garantidas dentro de um marco legal, tanto nas redes sociais quanto na vida real, para proteger os cidadãos e respeitar seus direitos fundamentais”, afirmou o presidente.
A retaliação dos hackers em resposta à prisão de Durov mostra como questões envolvendo figuras proeminentes da tecnologia podem desencadear consequências cibernéticas significativas, afetando não apenas a reputação de nações, mas também a segurança de seus sistemas digitais. À medida que o caso se desenrola, a tensão entre o governo francês e a comunidade global de tecnologia continua a crescer.