- Família Bitcoin espalha chave em 4 continentes por segurança
- Cresce uso de seed phrase criptografada contra sequestros
- Ataques a investidores cripto impulsionam nova era de proteção
Didi Taihuttu não brinca com segurança. Após receber ameaças diretas e observar uma onda crescente de sequestros no universo cripto, o patriarca da chamada “Família Bitcoin” revolucionou completamente sua estratégia de proteção patrimonial. Agora, ele espalhou a seed phrase da família — a chave que dá acesso aos seus bitcoins — por quatro continentes diferentes, dificultando qualquer tentativa de roubo ou extorsão.
A decisão não foi por paranoia, mas por necessidade. Em entrevista concedida diretamente da Tailândia, onde vive com a esposa e três filhas, Taihuttu revelou que parou de usar carteiras físicas e adotou um modelo híbrido, parte digital e parte analógico. A seed phrase, que contém 24 palavras, foi dividida em quatro grupos de seis palavras e armazenada em locais secretos pelo mundo. Algumas estão escondidas em placas de aço resistentes ao fogo, outras em plataformas criptografadas.
“Mesmo se alguém me ameaçar com uma arma, não conseguirá acessar tudo”, afirmou. Com isso, o holandês tenta reduzir os riscos de exposição e tornar o acesso ao dinheiro quase impossível em caso de sequestro.
A decisão surgiu após casos violentos envolvendo investidores cripto. Criminosos torturaram um turista italiano por 17 dias em Nova York para forçá-lo a entregar sua senha de Bitcoin. Em outro caso, sequestradores invadiram a casa de um cofundador da Ledger na França e levaram ele e sua esposa como reféns.
Além disso, houve o caso chocante de um pai de investidor que teve um dedo amputado na tentativa de extorquir criptoativos. Todos os crimes tinham algo em comum: o objetivo de obter as palavras que dão acesso às carteiras digitais.
Família Bitcoin
Com isso, a Família Bitcoin decidiu abandonar completamente a França. Segundo Didi, suas filhas começaram a se preocupar com as notícias e fizeram perguntas difíceis sobre o que fariam em caso de sequestro. A família, que desde 2017 vive sem conta bancária e de forma nômade, passou a evitar países onde a violência contra investidores tem crescido.
Além da seed fragmentada, Didi implementou criptografia pessoal. Algumas palavras da frase foram substituídas por códigos criados por ele mesmo, dificultando ainda mais qualquer tentativa de acesso. Ele também interrompeu a produção de vídeos mostrando a localização da família, depois que mensagens anônimas revelaram o endereço da casa em que viviam em Phuket.
Hoje, 65% dos ativos da família estão em “cold storage” espalhado globalmente. Dessa forma, o restante está em carteiras multisig, que exigem mais de uma assinatura para liberar transações. Didi também usa exchanges descentralizadas e bots de negociação para administrar parte do capital, sempre mantendo a lógica de máxima descentralização e controle pessoal.
Assim, o caso da Família Bitcoin simboliza uma nova era de segurança extrema no mercado. Com os riscos físicos aumentando, mais investidores estão buscando métodos alternativos, como computação multipartidária (MPC), para blindar seus patrimônios. Essa tecnologia divide as chaves privadas em partes criptografadas e distribuídas entre diferentes entidades, impedindo que uma única pessoa tenha acesso total.
Desse modo, Didi, porém, prefere tudo sob sua responsabilidade. Assim, ele acredita que confiar em empresas ou cofres centralizados — como os utilizados pela Xapo, no bunker dos Alpes Suíços — contraria os princípios do Bitcoin. Segundo ele, a liberdade digital precisa vir acompanhada de responsabilidade total.
“Se o Bitcoin chegar a um milhão de dólares, essa estrutura será nossa aposentadoria”, disse. A meta dele é atingir um patrimônio de US$ 100 milhões até 2033, mantendo 60% disso em BTC.